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Renegade Sport 1.8 Flex é um sucesso em vendas e reparadores projetam como será a manutenção


Primeiro produto desenvolvido sob a gestão da FCA – Fiat Chrysler Automobiles, o SUV fabricado no Brasil utiliza o conhecido motor EtorQ EVO 1.8 Flex fabricado pela FPT

Por: Jorge Matsushima - 24 de junho de 2016

Em 2016, a marca Jeep comemorou 75 anos de existência, trilhando uma longa saga pela história automotiva. A sua origem começa em 1940, quando o Exército Americano convocou 135 fabricantes de automóveis para um desafio, deveriam apresentar em tempo recorde um novo veículo leve para uso militar, destinado a fazer reconhecimento em qualquer tipo de terreno. Entre as diversas especificações, estavam a tração 4x4 com opção para redução, que seria uma das características marcantes deste veículo. Somente 3 empresas aceitaram o desafio, e foram a Willys-Overland; a American Bantam Car e a Ford Motor Company, que entregaram seus protótipos em apenas 49 dias. Após algumas etapas de testes, em 1941 o exército expediu o primeiro pedido oficial, de 1.500 unidades para cada fabricante, sendo o Quad da Willys Overland, o GP (de General Purpose ou uso geral) da Ford, e o 40 BRC  da Bantam. Mais tarde a Willys-Overland viria a ser escolhida como a montadora principal do exército, e a Ford produziria também sob licença. Mas o nome que se popularizou para batizar este novo tipo de veículos 4x4 foi o Jeep, segundo alguns historiadores uma variação da pronúncia GP de General Purpose.

A marca Jeep viveu momentos de glória, sendo inclusive considerada um dos importantes aliados do exército para vencer a guerra. E logo após a guerra, a Willys-Overland registrou a marca para garantir o seu reconhecimento como criadora do utilitário off-road mais popular de todos os tempos.

A marca Jeep passou então por bons e maus momentos no mercado, e muitas variantes foram produzidas por algumas montadoras diferentes ao longo destes 75 anos (foto 1).

Quando a Fiat e a Chyrsler se uniram em 2014 formando a FCA (Fiat Chrysler Automobiles), as marcas Dodge, Jeep e Ram também entraram no pacote, mas cada uma deverá manter a sua identidade no mercado com seus respectivos produtos. No Brasil, a FCA conta com a planta industrial em Betim-MG dedicada à fabricação dos modelos Fiat, e em abril de 2014 inaugurou na cidade de Goiana – PE, uma nova fábrica, destinada inicialmente à produção exclusiva do modelo Jeep Renegade. Passados pouco mais de 12 meses no mercado, o compacto SUV da FCA é um sucesso de vendas, e já foram emplacadas perto de 60.000 unidades, perdendo em seu segmento apenas para outro fenômeno de mercado, o Honda HR-V.

E para avaliar este Jeep contemporâneo, nada melhor do que consultar o Guia de Oficinas Brasil e escolher 3 profissionais experientes, que projetam como o reparador deve se preparar para atender em breve este modelo, e são eles:

Luiz Antônio Gomes de Oliveira (foto 2), 51 anos, empresário, proprietário da Carbu-Line, localizada no bairro do Brooklin, em São Paulo-SP. Começou a mexer com carros desde os 14 anos, inicialmente com funilaria e pintura, depois migrou para a mecânica, se especializou em carburadores e regulagem de motores, até finalmente montar a sua própria oficina há 29 anos.

José Tenório da Silva Júnior (foto 3), 43 anos, administrador de empresas e técnico em mecânica, cresceu dentro de uma oficina, onde brincava, ajudava e aprendia o ofício. Profissionalmente abraçou a carreira a partir dos 18 anos, e montou há 21 anos a JR Mecânica Automotiva, localizada no bairro do Capão Redondo em São Paulo-SP. Tenório, como é conhecido, é ainda palestrante, instrutor e colaborador técnico do Jornal Oficina Brasil.

Fábio Alves Pereira (foto 4), 37 anos, empresário, 23 anos de profis­são, sempre como proprietário da Bi­nho Car Service, instalada em São Bernardo do Campo-SP há 12 anos. Fábio foi também instrutor téc­nico automotivo do Senai por 14 anos.

 

Primeiras impressões

   

Os entrevistados são unânimes em apontar a personalidade como ponto forte do design externo do Renegade (foto 5), que é exclusivo e diferente de qualquer outro veículo do mercado. É uma feliz combinação entre os traços modernos e saudosistas, com os inconfundíveis faróis redondos (foto 6) e os sete recortes verticais que remetem aos primeiros Jeeps produzidos para fins militares.

Luiz Antonio elogia a boa posição para dirigir, o volante com revestimento em couro e múltiplas funções (foto 7), a excelente visibilidade e os amplos retrovisores, que podem ser escamoteados por um comando no descansa braço, mas lamenta a opção pelo câmbio mecânico, e justifica: “esta versão 4x2 é de entrada, voltada para uso urbano, e portanto para um SUV desta categoria, o ideal seria uma transmissão automática.”

Fábio considera que, apesar de ser uma versão de entrada, pelo valor do carro (a partir de R$ 76.280,00), e comparando com os concorrentes diretos (Ecosport, Duster e HR-V), o interior dele é muito bem acabado, com uso de materiais de boa qualidade, painel em material suave ao toque (não é plástico rígido), e um eficiente isolamento acústico, sem contar recursos modernos como freio de estacionamento com acionamento elétrico e controle de estabilidade.

Tenório valoriza os espaços disponíveis e as múltiplas regulagens do banco do motorista (incluindo altura) e do volante (altura e profundidade), que combinados ajudam a acomodar com muito conforto qualquer perfil de condutor. Outro item que Tenório destaca é o painel de instrumentos (foto 8), e ele descreve: “além dos mostradores analógicos tradicionais, com velocímetro e contagiros, no centro do painel temos um computador de bordo bem completo, que disponibiliza diversas informações, e algumas relevantes como temperatura do sistema de arrefecimento, temperatura do óleo do motor, tensão da bateria e pressão dos pneus, entre outros. Muitos vão gostar também da opção pelo velocímetro digital, que facilita a leitura da velocidade.”

O Renegade conta ainda com diversas ‘assinaturas’ de personalização espalhadas pelo carro, como pequenos pictogramas aventureiros gravados nas bordas dos vidros (foto 9), simulação de mapas em relevo, inscrição “Since 1941” que remete à origem da marca; a marca do “X” (foto 10) que era o reforço estrutural dos galões de combustível extra carregado no Jeep militar; e o pictograma que lembra os inconfundíveis faróis redondos e sete recortes da frente do Jeep. E além da tradição, o Renegade atende expectativas normalmente reivindicadas por mulheres modernas, como espelho com iluminação do quebra-sol, inúmeros porta-trecos espalhados pelo carro, e um alerta no painel que informa se todos os ocupantes a bordo estão usando o cinto de segurança.

     Dirigindo o Renegade

 

Já nos primeiros metros rodando com o carro, o Renegade Sport 1.8 Flex decepciona os entrevistados, e todos fazem o mesmo comentário: “ele é bem fraco na saída, falta torque em baixa rotação!”  Uma leitura da ficha técnica ratifica esta impressão:

Cilindrada

1.747 cm³

Diâmetro x Curso

80,5 x 85,8 mm

Nº cilindros

4 em linha

Posição de montagem

transversal anterior

Válvulas por cilindro

4

Taxa de Compressão

12,5:1

Potência

Etanol

132 cv a 5.250 rpm

Gasolina

130 cv a 5.250 rpm

Torque

Etanol

19,1 kgf.m a 3.750 rpm

Gasolina

18,6 kgf.m a 3.750 rpm

Peso em ordem de marcha

1.393 kg

 

Luiz Antônio comenta: “é 16 válvulas né? Fraco na saída, mas à medida que o motor vai enchendo, melhora um pouco. Começa a ficar razoável acima dos 2.500 giros. Com o tempo a pessoa acaba se adaptando. Hoje em dia os motores estão ficando menores e mais compactos, mas este aqui merecia um turbo.”

Fábio também critica o fraco desempenho do motor:  “ele é bem fraquinho na saída. Nas ladeiras a gente sente ainda mais a falta de torque e potência. Mesmo com o ar-condicionado desligado, não há muita diferença, porque o sistema de gerenciamento dele é inteligente. É muita carroceria para pouco motor, mas provavelmente era o único propulsor pronto disponível. A solução é andar sempre com a rotação mais elevada, mas isso aumenta o consumo. Nas subidas, se não vier com o motor cheio e perder o embalo, vai ter que reduzir de marcha o tempo todo. Na estrada é preciso subir o giro, acima de 3.000 rpm para aproveitar melhor o torque. As retomadas em quinta marcha são inviáveis, e é mais seguro puxar a quarta ou até terceira dependendo das condições. Em uma subida de serra, com a família e bagagem a bordo, o condutor vai ter que trabalhar o tempo todo com o câmbio, e nas ultrapassagens, é bom calcular uma distância extra para as manobras. Eu não esperava este desempenho aqui, principalmente na retomada. Isso dificulta manobras de emergência, principalmente na estrada. Outro problema relacionado a este motor é a ressonância sonora que já acontece nos modelos Fiat, mas que piora nas altas rotações que o Renegade exige.”

Tenório tem a mesma percepção e alerta: ”este motor EtorQ EVO 1.8 é fraco nas saídas e retomadas. Além do peso do carro, a relação de marchas não ajudou muito. É preciso subir bem a rotação, acima de 3.000 giros, para se ter um torque aceitável. Nas ladeiras mais íngremes, e principalmente em saídas de garagens de prédios, é preciso subir bem a rotação e compensar na embreagem, senão ele não sobe. Nas ruas e avenidas, as opções são andar ligeiro sempre em alta rotação, ou se conformar e rodar bem devagar, sem pressa. Mas esta limitação definitivamente não combina com a proposta do carro, e vai frustrar muitos interessados. Se dinheiro não for problema, sem dúvidas a versão diesel é a mais indicada.”

Sobre consumo de combustível e emissões, os dados apurados pelo Inmetro conforme metodologia padronizada (NBR 7024) dentro do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, colocam o Renegade Flex com a classificação “B” dentro do segmento, e “C” na categoria geral. Confira os dados:

 

Tirando a decepção do fraco desempenho do motor, no restante do percurso os reparadores são só elogios para o SUV da Jeep.

Luiz Antônio avalia: “A suspensão é muito boa, equilibrada, com nível de ruído baixo, tornando o carro muito confortável e gostoso de dirigir. As rodas aro 17” com pneus multiuso Pirelli Scorpion 215/65 R16 ajudam a superar melhor os buracos e irregularidades do piso. Mas aqui na nossa oficina, atendemos com alguma frequência problemas relacionados a desgaste irregular nos pneus Pirelli (com formação de escamas na banda), e por isso sempre indicamos a Continental ou Michelin. O carro conta ainda com recursos de segurança e conforto como o controle de estabilidade, piloto automático, limitador de velocidade e sensor de ré.”

Fábio foi o único entrevistado que conseguiu avaliar o comportamento do Renegade na estrada, e relata: “a estabilidade é excelente, e nas curvas mais acentuadas, o carro permanece estável, sem balançar ou inclinar demais, e ao mesmo tempo ele é bem confortável, acima do padrão usual dos Jeeps, que são mais duros. Nas estradas de terra, ou em ruas com pavimento precário, a suspensão absorve muito bem as irregularidades do piso, sem comprometer o conforto, e sem causar ruídos que incomodem. Na minha percepção, o desempenho da suspensão é superior aos dos concorrentes diretos Ecosport e Duster.”

Tenório aponta ainda outras virtudes na condução do Renegade: “este carro transmite muita segurança para o condutor, pois a direção é leve, e a visão dinâmica para a frente e para os lados é total. O tratamento acústico é excelente, e acima da expectativa para um carro de entrada, e o silêncio interno valoriza o bom trabalho da suspensão. A manopla do câmbio permite engates bem curtos, suaves e precisos, e não cria nenhum tipo de dificuldade (foto 11). Outro recurso muito útil nos trajetos urbanos é o limitador de velocidade, que não é apenas um bip sonoro. Quem já tomou multa por andar acima de 50 km/h em uma via expressa sabe da importância deste recurso.

 Motor EtorQ EVO 1.8 16V Flex

 O primeiro passo para manutenção no motor EtorQ EVO 1.8 (foto 12) é a remoção da carenagem (cobertura) da tampa de válvulas, e esta peça é motivo de dois comentários dos reparadores:

Fábio reclama do ruído do motor e aponta: “esta cobertura (foto 13) tem uma grossa camada de isolante acústico (espuma) que tenta suavizar o ruído característico deste motor. Mas como o cofre é grande para ele, acaba funcionando como uma caixa de ressonância que amplifica o ruído que invade o habitáculo, principalmente nas rotações mais elevadas.”

 

E Luiz Antônio alerta: “este sistema de fixação com pinos metálicos e encaixe de borracha é problemático, porque a temperatura alta faz a borracha aderir ao pino, e isso dificulta a remoção da capa. É preciso tomar cuidado para não estragar ou perder estas peças de borracha, porque se deixar sem, vai provocar uma vibração muito incômoda.”

Os três entrevistados se decepcionam mais uma vez com o motor ao se depararem com o antiquado tanquinho de gasolina para a partida a frio (foto 14), e Tenório comenta: “os veículos modernos, mesmo alguns do segmento de entrada, já eliminaram este sistema. Os problemas mais comuns que chegam nas oficinas são causados por erros de abastecimento com outros líquidos (água, fluido de freio, etc), e o que mais atendemos são falhas decorrentes do envelhecimento da gasolina, que perde as suas propriedades com apenas dois meses, e vai danificando os componentes do sistema. Este sistema do Renegade é um pouco mais evoluído, e conta com um injetor específico para a partida a frio, mas mesmo assim, e mesmo injetando periodicamente a gasolina para consumi-la aos poucos, não é possível eliminar por completo o problema de envelhecimento. A dica que passo para os meus clientes é de tempos em tempos, principalmente nas manutenções, descartar a gasolina velha e trocar por uma nova. A outra dica é abastecer com gasolina de alta octanagem, como a Shell V Power Racing ou Petrobrás Podium, pois elas apresentam uma durabilidade maior.”

Para as rotinas de manutenção periódica, os reparadores elogiam os amplos espaços e acessos livre para a maioria dos componentes do motor como bobinas individuais, velas de ignição, bicos injetores, módulo, corpo de borboleta, pontos de manutenção do ar-condicionado, e reabastecimentos de fluidos em geral (foto 15).

Pelo lado esquerdo (foto 16), Luiz Antônio constata a facilidade de acesso à bateria e caixa de fusíveis e relés, mas faz um alerta: “o reservatório de água do limpador de para-brisa fica bem na frente da caixa de fusíveis, e se a pessoa não tomar cuidado no reabastecimento, poderá molhar todos os fusíveis e provocar algum curto circuito ou oxidar os terminais. O acesso ao cilindro mestre e servofreio é razoável, mas se removermos a bateria, aí fica melhor.”

  

Pelo lado direito do motor (foto 17), Luiz Antônio observa e comenta: “deste lado temos facilidade para trocar o filtro de ar, e podemos observar que o acionamento do comando é por corrente, portanto um item que será mexido só quando o carro estiver além dos 100.000 km.”

Na parte frontal (foto 18), Tenório anota: “temos aqui um ótimo acesso ao sistema de arrefecimento e a resistência do eletroventilador. O motor de arranque também ficou bem acessível (foto 19).

 

  

E Tenório prossegue a sua avaliação: “um item que chama a atenção é o uso intensivo de engates rápidos nas conexões das mangueiras (foto 20), que em teoria facilita e agiliza as manutenções, mas pela experiência de muitos reparadores, o componente perde a eficiência de vedação quando é desengatado e engatado novamente. Como os anéis de vedação não são vendidos separadamente, quando dão problemas de vazamento, é preciso comprar o conjunto completo. O sistema tradicional de mangueira e abraçadeira é mais eficiente.

Pela parte de baixo do motor (foto 21), Fábio explica que a remoção da cobertura inferior é simples e libera amplos acessos a diversos componentes e registra: “observem aqui que tem mais peças com a marca Mopar, incluindo o cárter do motor e a caixa de transmissão. O bujão de escoamento do óleo é bem acessível, e o filtro de óleo, do tipo refil, tem um acesso muito melhor do que nos veículos da Fiat, como o Bravo e Punto. Aqui, se o cliente estiver com pressa, não precisa esperar esfriar o motor, e uma dica importante é prestar atenção na troca correta dos anéis de vedação.

O compressor do ar-condicionado pode ser facilmente removido para manutenções, e a correia de acessórios trabalha com tensionador, e a troca aqui por baixo é bem tranquila.” Luiz Antônio alerta que, para a troca da correia de acessórios, é necessário o uso de ferramental específico.

Outros facilidades apontadas pelos reparadores foram a facilidade para troca do filtro de combustível (foto 22), e o bom posicionamento do dreno de escoamento do ar-condicionado.

O sistema de exaustão, com peças estampadas em aço inox, conta com proteção térmica em todo o seu percurso, e acoplamentos bem posicionadas facilitam a troca destes componentes.

 

Transmissão e direção

 

Luiz Antônio considera interessante esta mistura de culturas como o motor Fiat com a tradição off road da Jeep, e observa: “o motor é Fiat mas as peças aqui por baixo são da Mopar. O conjunto transmissão e embreagem conta com amplos espaços para manuseio, e soltando o agregado da suspensão, que é uma operação bem simples, fica bem fácil efetuar a remoção e montagem dos componentes.”

Fábio comenta sobre a facilidade de troca do mecanismo de direção: (foto 23) “a caixa de direção é mecânica e extremamente simples, facílimo de remover em caso de manutenção ou substituição. A separação do motor elétrico na coluna de direção é uma tendência, e reduz os custos de manutenção.”

Freio, suspensão

 

  

A suspensão dianteira (foto 24) é independente do tipo Mc Pherson, e os freios dianteiros utilizam discos ventilados de 305 mm de diâmetro e 28 mm de espessura, e trabalham com pinça flutuante.

Luiz Antônio faz algumas observações: “o conjunto tem manutenção simples e parece ser bem robusto. Os amortecedores são Cofap, mas com etiqueta Mopar. Os pivôs são parafusados, e podem ser trocados separadamente se for o caso”. A suspensão traseira (foto 25A) é independente, sistema multlink, e os freios traseiros utilizam discos sólidos de 278 mm de diâmetro e 12 mm de espessura, pinça flutuante e um cilindro de comando para cada roda. O corretor de frenagem tem comando eletrônico, e o freio de estacionamento conta com um motor elétrico de acionamento das pinças (foto 25B).

Tenório alerta: “a troca das pastilhas traseiras exige cuidados e conhecimentos prévios a serem observados, além do uso de um scanner para efetuar o recolhimento correto das pinças.”

Fábio também reforça o alerta e comenta: “na dúvida, procure sempre as informações corretas antes de manusear uma pinça de freio com comando elétrico. Sobre a suspensão traseira gostei muito desta geometria, que na verdade foi projetada para receber uma tração 4x4, disponível nas versões top de linha. Temos ainda no agregado as porcas de regulagem para efetuar o alinhamento traseiro.”

 

Informações Técnicas

 

Luiz Antônio considera que até o momento, a Chrysler e Jeep e suas concessionárias são muito fechadas, e não oferecem nenhum acesso às informações técnicas, e ele comenta: “ultimamente estamos observando dois movimentos das montadoras no Brasil, sendo que algumas procuram uma aproximação com os reparadores independentes, como a VW, Chevrolet, Ford, Mitsubishi e Renault, oferecendo acesso a informações e até treinamentos técnicos, enquanto outras como a BMW, tentam uma fidelização forçada, amarrando a validação da troca de vários componentes, somente em uma concessionária. Acho isso um absurdo, e lá na frente o cliente é que vai reprovar essa prática. Vamos acompanhar qual será o posicionamento da Jeep, agora que faz parte do mesmo grupo da Fiat.”

E Luiz Antônio complementa: “quando a gente não tem a informação da montadora, somos obrigados a investir em uma série de equipamentos, nacionais e importados, pois nenhum é capaz de atender todas as nossas demandas. A solução acaba sendo o compartilhamento de alguns equipamentos com outras oficinas, e troca de informações com outros profissionais, principalmente no Fórum do Oficina Brasil, onde tem muitos profissionais experientes dispostos a compartilhar conhecimento. No caso do específico do Renegade, por ter um motor da linha Fiat, acredito que não teremos maiores dificuldades para efetuarmos as rotinas de manutenção. Mas se o carro começar a apresentar problemas complexos na parte eletrônica, aí vamos precisar de informação específica como esquemas elétricos, diagramas e outros.”

Fábio expõe o seu ponto de vista: “Até o presente momento, nunca consegui informações sobre veículos Chrysler, Dodge ou Jeep nas concessionárias da marca, pois eles são muito fechados, e na montadora, menos ainda. Mas agora estamos diante de um grupo (FCA) que envolve a Fiat, que tem um canal de informações para o reparador, com acesso aos manuais técnicos. Vai ser interessante observar qual será o novo posicionamento da Jeep, pois na prática, pelo menos aqui na região metropolitana de São Paulo, já vi várias concessionárias Fiat e Jeep lado a lado, com show room separados, mas compartilhando a área de serviços. Tomara que a postura da Fiat prevaleça.”

Tenório também projeta uma visão positiva sobre o assunto, e registra: “ainda vai levar um tempo para o Renegade chegar nas nossas oficinas, mas pelo que vi no carro, é um projeto inteligente, com uma mecânica de simples reparação, e o fato de utilizar o conhecido motor EtorQ Evo da Fiat, facilita muito as coisas para nós reparadores, pois já contamos com um canal de informações da Fiat, e espero que o bom senso prevaleça, e daqui a algum tempo a marca Jeep também adote o mesmo conceito, pois as oficinas independentes representam uma extensão do pós-vendas das montadoras, principalmente dos carros mais rodados e antigos que já não contam mais com a garantia de fábrica.”

 

Peças de reposição

 Os reparadores entrevistados observaram que diversos componentes do carro ostentam a marca Mopar (foto 26), que até então era mais associada ao fornecimento de acessórios.

Luiz Antonio pondera sobre o assunto: “dá para ver que a Mopar será a marca forte de peças da FCA. Sobre a reposição de peças do Renegade, é muito cedo para falar, mas podemos fazer duas análises. Se a Jeep seguir a política das antigas concessionárias Chrysler, para o atendimento dos outros carros da marca, os preços são caros e o estoque é deficiente, com longa espera para a entrega, e por isso em diversas ocasiões recorremos a importadores especializados que trazem as peças genuínas de fora com preços mais competitivos e em prazos de entrega menores. Porém, se a nova rede de concessionárias Jeep adotar a mesma filosofia das concessionárias Fiat, aí o cliente Renegade e as oficinas independentes estarão muito bem servidos.”

Fábio tem interesse em saber como ficará a questão de distribuição das peças do grupo FCA, e indaga: “será que todas as peças genuínas virão com a marca Mopar? Ou teremos as peças Fiat e Jeep, mais a Mopar para alguns itens? Por enquanto as peças genuínas da linha Fiat não apresentam a marca Mopar na embalagem. E a venda de peças, onde vai ficar? Conforme comentei, já vi concessionárias Fiat e Jeep que compartilham o mesmo centro de serviços, mas não sei como funciona o fornecimento de peças para a linha Jeep. Vai ser interessante, porque vem por aí o Fiat Toro, que é uma espécie de picape derivada do Renegade, mas com a marca Fiat. Na situação atual, ainda não temos histórico de consulta de peças na nova rede Jeep, mas nas antigas Chrysler, temos dificuldades de fornecimento e a entrega é muito demorada. Procurar, por exemplo, sensores para o PT Cruiser é um sofrimento, e é bem mais rápido recorrer a um importador especializado.”

Tenório avalia as possibilidades e opina: “os modelos de negócio anteriores à FCA são dois extremos opostos, ou seja, a Fiat mostra grande visão do mercado independente, e oferece acesso ao catálogo eletrônico de peças junto com informações técnicas; a rede concessionária pratica uma política comercial justa e atraente; e a disponibilidade de peças é muito boa. E na contramão do mercado, as antigas concessionárias Chrysler não repassam informações técnicas, só vendem peças por encomenda, o prazo de entrega é longo, e a política comercial pouco flexível estimula a procura pelos importadores especializados de peças. Vamos ver como será a postura da nova geração de concessionárias Jeep, e como ficará a convivência das peças Fiat, Jeep e Mopar no mercado. No Renegade, acredito que a maioria das peças serão cativas da rede, mas alguns (poucos) itens do motor poderão ser encontrados na Fiat. Porém, um coxim por exemplo já será diferente, e na parte eletrônica, é preciso muita cautela, pois apesar de ser o mesmo motor, as calibrações e referências podem ser diferentes, e portanto muitos sensores e atuadores não serão intercambiáveis. Os preços das peças não serão baixos, pois mesmo itens do motor EtorQ para a linha Fiat, já não são baratos atualmente.”

 

Recomendação

 

Luiz Antônio analisa a procura de SUVs no mercado, e avalia: “o consumidor agora quer carros mais altos, e os SUVs de entrada como Ecosport, Duster, Renegade e HR-V estão brigando forte por esta fatia de mercado. O Renegade é novidade, tem tradição off road, e tem um estilo retrô próprio, por isso está vendendo muito bem. Para os clientes que me consultarem, vou tranquilizá-los, pois o meu parecer será de que o motor flex é um pouco fraco para o porte do carro, mas é uma questão de adaptação, e quando a garantia vencer, as manutenções aqui na Carbu-Line não serão problemáticas, pois trata-se de uma mecânica conhecida e aparentemente simples de se reparar.”

Quando o assunto é recomendação, Fábio explica: “para indicar um carro, é importante perguntar primeiro para o cliente (ou interessado) o que ele quer de fato. Por exemplo, quer Potência? Aqui nesta versão do Renegade ele não vai encontrar. Quer viajar bastante e pegar trilhas de vez em quando? Esta versão flex 4x2 não vai atender bem a sua necessidade. Quer um carro confortável e seguro para uso urbano?  Aí sim, o Renegade Flex pode te atender muito bem, pois a mecânica Fiat é confiável, e o carro é robusto, gostoso de guiar, e a manutenção será tranquila. A marca Jeep é muito forte e tradicional, e se ela adotar também a bem sucedida política de pós-venda da Fiat junto aos reparadores, aí sim os clientes Renegade ficarão tranquilos e bem satisfeitos.”

 

 

Tenório também é bastante assediado quando o assunto é a compra de um carro novo, e ele explica como orienta as pessoas que o procuram: “geralmente as pessoas me perguntam ‘se esse carro é bom’, mas o bom e o ruim é muito relativo, e aí eu procuro saber primeiro qual é a real necessidade de uso deste carro, e a partir dessa necessidade, vou ajudando a pessoa a fazer a escolha mais adequada. Se for uma pessoa que gosta de andar rápido no trânsito, e pilotar esportivamente de vez em quando, vou mostrar tecnicamente que esta versão do Renegade não vai atender à expectativa dele. Já uma pessoa mais conservadora, que procura um carro seguro e confortável, e que não faça questão de desempenho, seguramente O Renegade Flex estará entre as opções que vou indicar, e assim, ponderando outros itens como consumo, grau de complexidade ou facilidade nas manutenções, custos das revisões, facilidade para adquirir peças de reposição, entre outros fatores, vamos pontuando os quesitos junto com o interessado, e aí podemos chegar ao veículo ideal, atendendo da melhor forma possível às expectativas e necessidades do cliente”.