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Novo Uno Way com câmbio Dualogic Plus surpreende pela evolução


A nova versão do câmbio Dualogic Plus tem ótima dirigibilidade, e promete reescrever o conceito deste equipamento no mercado

Por: Jorge Matsushima - 14 de outubro de 2015

O reparador independente é uma testemunha privilegiada e personagem ativo da história automotiva no país, e já viu muitas histórias de sucesso e retumbantes fracassos de marcas, modelos de veículos e soluções inovadoras.

Muitas vezes a adoção de novas tecnologias ocorrem em decorrência de legislações que obrigam os veículos a serem mais eficientes e seguros; mas geralmente a inovação acontece quando montadoras e sistemistas observam atentamente o mercado e descobrem novas tendências baseadas no comportamento dos condutores e usuários de veículos.

Na contramão dos principais mercados automotivos, o consumidor brasileiro sempre preferiu o tradicional câmbio manual ao invés do prático e eficiente câmbio automático. Por esta razão as versões automáticas foram sempre disponibilizadas para modelos top de linha, e se resumem (ainda) a uma parcela reduzida da frota circulante.

Todavia o perfil de compradores de carros no Brasil vem se modificando a cada ano, seja pela ascensão das classes C e D, mas sobretudo pelo fator feminino. Segundo estudos da Fenabrave, as mulheres hoje já representam 45% das vendas de veículos novos, e influenciam diretamente 40% dos homens que compram veículos, ou seja, elas são responsáveis por quase 70% das decisões de compra de um veículo novo. 

Sempre em busca de praticidade, segurança e conforto, as mulheres já descobriram as vantagens que a transmissão automática proporciona, principalmente nos caóticos congestionamentos urbanos, e vem movimentando o mercado em busca de versões equipadas com este acessório.

Esta tendência de mercado explica em parte o lançamento do câmbio automatizado, ou robotizado, que pretende oferecer a mesma funcionalidade do automático tradicional, mas por um preço mais acessível.

As primeiras versões de câmbio robotizados lançados no Brasil, como a Dualogic da Fiat; I-Motion da VW, Easytronic da Chevrolet e Power Shift da Ford, não deixaram uma boa impressão no mercado, seja para consumidores, seja para os reparadores independentes. Nitidamente o projeto precisaria evoluir para atingir seu objetivo de ser uma alternativa interessante para as versões automáticas. (Veja matéria a respeito na edição Março 2015, seção Consultor OB).

Desafio posto, desafio aceito! E a Fiat larga na frente com o sistema Dualogic Automático Plus da Magneti Marelli, e diferente das versões robotizadas anteriores, a versão que equipa inicialmente o Novo Uno 2015, versões Way 1.4 e Sporting 1.4, apresenta uma excelente dirigibilidade e recoloca a tecnologia dos câmbios automatizados como uma boa alternativa. Derivada de versões sofisticadas de esportivos europeus e do Fiat 500 Abarth, destaca-se pela ausência da alavanca de troca de marchas, que é substituída por botões no console, e pela presença de paddle shifts, ou borboletas de trocas de marcha no volante!

Nota da redação: O nome Dualogic Automático Plus é o nome comercial adotado pela Fiat, a despeito de toda a controvérsia que isto possa causar.

Para avaliar o desempenho do novo sistema, ninguém melhor do que experientes reparadores independentes que já conhecem os sistemas anteriores e suas deficiências. São eles:

 Kléber Augusto Conrado (foto 2), 39 anos, 27 de ofício, proprietário e Diretor Técnico da AK Autocenter, fundada há dez anos no bairro do Brooklin, São Paulo SP.

Antonio Simão Domene, o Tony (esq foto 3), 54 anos, Tecnólogo em Eletrônica, 30 anos de profissão como sócio proprietário da Autocheckup na Vila Maria, São Paulo SP, e o técnico Robinson Roberto Mai (dir foto 3) 33 anos, prata da casa, que começou na empresa aos 16 anos. 

José Antonio Veríssimo (foto 4), técnico em contabilidade e sócio proprietário da Jaguarauto no bairro da Casa Verde, São Paulo SP, empresa com 30 anos de mercado que atua nas áreas de manutenção mecânica geral, funilaria e pintura.

O NOVO DESIGN

 Na versão 2015, Kléber destaca a tecnologia empregada num modelo de entrada, com boas soluções de design e funcionalidade, sobretudo no interior, volante multifunções e painel de instrumentos (foto 5). 

José Antônio gostou da qualidade do acabamento e a riqueza de detalhes, como o interior total black e grafismos que conferem ao carro um ar sofisticado e esportivo ao mesmo tempo (foto 6 e 7).

Tony destaca a quantidade de informações e fácil visualização do display multifunções (foto 8), a câmera de ré com sensor, projetando a imagem no retrovisor, e um item que chamou muito a atenção que é um horímetro, que registra o número de horas de trabalho do motor. Este item, presente em praticamente qualquer veículo ou equipamento que tenha um motor, exceto no automóvel, é um parâmetro muito importante para os reparadores para embasar diagnósticos e laudos técnicos para determinados tipos de danos, ou estabelecer parâmetros mais precisos para troca de óleo lubrificante do motor, filtros e outras manutenções preventivas.

Item inédito em um veículo de passeio nacional: Horímetro que registra horas trabalhadas do motor !!!

Detalhes como a discreta câmera de ré que projeta imagem no retrovisor interno mostram cuidado e bom gosto (foto 9).

Sistema “tilt down” auxilia nas manobras de ré, em que o espelho direito desce automaticamente (foto 10). Outro opcional herdado de versões premium.

Um item porém, decepcionou todos os técnicos: A presença ainda do antiquado sistema de partida a frio com tanquinho (foto 11). Um item obsoleto e causador de muitos problemas de manutenção por falta de uso ou cuidados adequados por parte dos usuários. Com tanta inovação e requinte, não custaria muito adotar os injetores com aquecimento.

O obsoleto sistema de partida a frio com tanquinho destoa do resto do veículo.

CÂMBIO DUALOGIC PLUS

O sistema automatizado de 5 marchas é controlado pelos botões no console (foto 12) com as opções D (Drive); N (Neutro); R (Ré); A/M (Automático ou Manual) e S (Modo esportivo). No volante as borboletas para troca de marchas (paddle shifts) – na esquerda para redução de marchas, e + na direita para subida de marchas.

Kléber, Tony e José Antônio destacam a evolução do câmbio Dualogic Plus, no qual a Fiat encontrou um ótimo equilíbrio na funcionalidade e dirigibilidade, melhorando o sistema de gerenciamento de trocas e escalonamento das marchas. 

Todos são unânimes em constatar que problemas de condução dos robotizados anteriores como tranco e “buraco na aceleração” nas trocas de marchas e retomada de velocidade foram praticamente eliminados, e as trocas de marchas ocorrem de forma suave e contínua, sem derrubar a rotação do motor. Manobras críticas como saída em ladeira, principalmente em marcha a ré, foram vencidas tranquilamente.

Na transição da primeira para a segunda marcha, é perceptível que se trata de um sistema automatizado com embreagem simples, mas nada que incomode ou comprometa a boa condução. Mas a partir deste ponto, o comportamento do conjunto para um motorista leigo é praticamente o mesmo de um câmbio automático.

Outro item que agradou em cheio foi a opção de trocas de marchas com os paddle shifts (borboletas) no volante (foto 13), dispositivo oriundo da fórmula 1 e presente apenas em versões mais sofisticadas e esportivas. Com ela o condutor aciona a troca de marchas tanto no modo manual quanto no automático. Este “brinquedo” torna a condução muito mais agradável e até divertida, e acaba com o argumento dos que não gostam de câmbio automático porque preferem trocar as marchas.

O painel digital multifunções informa a marcha e o modo de condução (Automático, Manual ou Esportivo). (foto 14)

MANUTENÇÃO DO DUALOGIC 

Com conhecimento e informações corretas, não há dificuldades na manutenção dos sistemas Dualogic anteriores. Nesta versão Plus, há maiores facilidades no acesso a componentes como o sensor de posição de marchas que é externo, e o sistema de unidade hidráulica, corpo de válvulas e atuador formam um conjunto mais compacto e de fácil acesso (foto 15).

Por baixo, facilidade de acesso ao conjunto da unidade hidráulica, corpo de válvulas e atuador. 

Por cima, logo abaixo da bateria, fácil acesso ao sensor de posição de marchas e ao conjunto robotizado (foto 16).

Tony observa que a eliminação da alavanca de troca de marchas, ou joystick, é um fator positivo na manutenção para os clientes, pois elimina partes móveis e possíveis ocorrências de desgaste e mal funcionamento.

MANUTENÇÃO GERAL

Kléber não relata nenhum problema crônico ou falha recorrente nos modelos Uno, e classifica como um veículo de manutenção simples, sem maiores dificuldades técnicas e com muita facilidade de acesso aos componentes.

Tony ratifica essa boa impressão dos modelos Uno, e registra que as manutenções são limitadas às manutenções periódicas e de itens de desgaste normal. Raramente se efetuam manutenções corretivas decorrentes de falhas de componentes ou de projeto do veículo.

José Antônio fecha a boa avaliação do Uno na questão manutenção, e também não se recorda de nenhum problema grave ou recorrente.

Como contraponto, é bom ficar de olho na durabilidade do kit de embreagem do novíssimo sistema dualogic plus, os custos dos componentes na reposição, disponibilidade de informações técnicas e facilidade de reparação, pois ainda é cedo para avaliar se a boa impressão inicial será mantida ao longo da vida útil do veículo.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Kléber ainda convive com algumas limitações de acesso à informações de diagnóstico nos modelos mais novos da marca, mas tem expectativa de que a própria montadora, o sistemista, ou os fabricantes de scanners consigam preencher rapidamente esta lacuna.

Tony elogia o bom trabalho que a Magneti Marelli vem efetuando na divulgação de informações técnicas através de cursos, palestras e suporte. Nos demais sistemistas e montadoras encontra alguma dificuldade, mas acaba conseguindo através de trocas de informações com outros reparadores.

José Antônio encontra alguma dificuldade na obtenção de informações da parte eletrônica dos modelos recentes, mas nada que uma troca de informações com outros reparadores não consiga resolver.

BEM VINDO NA OFICINA

Todos gostam deste modelo, pois além da facilidade nos trabalhos de manutenção, não apresenta nenhum tipo de surpresa inesperada nas intervenções, ou seja, é um conjunto estável e bem resolvido.

Coxins reforçados mostram evolução constante do produto (foto 17).

Sistema de refrigeração do fluido da direção hidráulica mostra cuidados no projeto Uno para reduzir aquecimento no sistema (foto 18).

Conjunto suspensão e freio gerenciado eletronicamente, aliam robustez, equilíbrio e eficiência (foto 19).

A facilidade de acesso geral aos componentes para manutenção é um item muito elogiado por todos os técnicos. Exemplo: Muito espaço para troca da correia dentada (foto 20).

RECOMENDAÇÃO

Kléber recorda que 4 clientes já compraram o novo Uno Way (na versão manual) por sua indicação, e todos estão muito satisfeitos. A partir deste teste, após rodar com a versão Dualogic Plus, recomendará também esta opção sem preocupações.

Tony e José Antônio também recomendam este veículo para quem pensa em adquiri-lo, pois apresenta uma relação custo/benefício muito equilibrada. Os clientes que compraram recentemente a versão Way (transmissão manual) estão bastante satisfeitos.

PEÇAS DE REPOSIÇÃO

Por atuarem nas principais regiões de São Paulo Capital, onde as alternativas de compra são abundantes, Kléber, Tony e José Antonio não encontram dificuldades para obtenção de peças, tanto na concessionária Fiat quanto nas autopeças. No geral, o mix de compra de peças de cada empresa fica da seguinte forma:

Ak Autocenter: 30% concessionárias (preço e peças cativas); 35% varejo (agilidade na entrega) e 35% distribuidor (itens de alto giro).

Autocheckup: 30% concessionárias (preço e peças cativas); 35% varejo (agilidade logística); 35% distribuidor (que a cada dia estão agilizando entregas e flexibilizando critérios de faturamento).

Jaguarauto: 60% Varejo (logística ágil e preços competitivos); 25% concessionária (peças cativas) e 15% distribuidor (alto giro).

CONCLUSÃO

O Novo Uno Way ou Sporting 1.4 equipados com o câmbio Dualogic Automático Plus tem todas virtudes para resgatar a má impressão deixada pelas primeiras versões dos câmbios robotizados, e provavelmente estabelece um novo padrão de dirigibilidade e conforto que certamente agradará os clientes. 

Com este novo patamar técnico alcançado, a Fiat acaba forçando os concorrentes diretos a reavaliarem os seus projetos de câmbio automatizado.

E para que este novo e interessante componente se torne um sucesso de mercado, cabe à montadora acelerar o processo de divulgação das informações técnicas, especificações de manutenção e procedimentos corretos para reparação, pois a história mostra que “caixas pretas” cheia de segredos de fábrica com “boicote” de informações aos reparadores independentes, colocadas no mercado, não costumam vingar e logo viram um mico na mão do cliente.