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Mitsubishi ASX 4x2 CVT: versão urbana do crossover mostra robustez e boa reparabilidade


Reparadores independentes analisam os prós e contras da versão de entrada do ASX fabricado no Brasil e equipado com a transmissão CVT, destinada principalmente para o uso urbano

Por: Jorge Matsushima - 23 de maio de 2016

A história da Mitsubishi no Brasil começa em 1990 com a reabertura das importações de veículos. Inicialmente com a pick-up L200 e em seguida com o Pajero Full, a importadora HPE Automotores começava uma bem-sucedida operação, que rapidamente expandiu sua rede concessionária, e diversificou o leque de modelos importados.

Em 1995 a Mitsubishi organizou o primeiro rali de regularidade monomarca no país, a Mitsubishi Motorsport, aproximando os fãs da marca com o mundo off road. Esta ação era apenas o início de uma estratégia permanente de relacionamento e envolvimento em um estilo de vida 4x4, e que hoje são reforçados com eventos como a Mitsubishi Cup e a Mitsubishi Outdoor, sem contar com outros eventos de pista, sempre envolvendo os clientes e simpatizantes da marca.

As estratégias se mostraram corretas, e em 1998 era inaugurada em Catalão-GO, a planta industrial brasileira (foto 1), que inicialmente começou produzindo a pick-up L200. Em 2010, um projeto de expansão ampliava a capacidade produtiva e inaugurava novas unidades de produção, como a fábrica de motores e a nova linha de pintura. Atualmente são produzidos no Brasil os modelos Lancer, Pajero, linha L200 Triton e desde 2013 o ASX e o motor 2.0 MIVEC. 

A Mitsubishi do Brasil conta ainda com uma completa infraestrutura dedicada ao mundo off road e de pista, que presta suporte aos diversos eventos, amadores e profissionais, e cuida também da customização e preparação de modelos para competição, como o modelo ASX R (foto 2).

Voltando ao urbano ASX 4x2 CVT, que está no mercado desde 2010 com poucas alterações estéticas, levamos o modelo para a pista de provas da vida real, que acontece nas oficinas mecânicas de todo país. E para relatar como se sai este SUV nipo-brasileiro, convidamos 3 reparadores que fazem parte do Guia de Oficinas Brasil, e são eles:

Flávio Marcelo dos Santos Castelo (foto 3), 37 anos, técnico em eletrônica e automobilística, estudante de engenharia mecânica, empresário e reparador automotivo há 19 anos. A empresa Castelo Centro Automotivo, localizada na cidade de Poá-SP, já tem 40 anosno mercado, e foi fundada pelo pai, que atua  mais no segmento pesado. Marcelo já frequentava a oficina desde os 9 anos de idade, e foi crescendo nesse ambiente, estudando e trabalhando, e em 2005, com o incentivo do pai, abriu uma nova unidade dedicada à mecânica leve com especialização em eletrônica.

Victor Eduardo Constanzo (foto 4), 43 anos, técnico em eletrônica, empresário e reparador, 25 anos de profissão, natural de Putarenas, no Chile. A empresa InjeChile, localizada na cidade de Caçapava-SP, foi fundada pelo seu pai e sócio, que trabalhava em uma indústria aqui no Brasil, e resolveu partir para um empreendimento próprio.  No início a empresa familiar era especializada em carburadores, e ao longo de sua trajetória, vem se especializando e acompanhando toda a evolução da engenharia automotiva, e hoje são especializados em injeção eletrônica e sistemas eletrônicos embarcados.  Recentemente a filha de Victor também começou a trabalhar na empresa, mantendo 3 gerações ativas no empreendimento. 

Milton César Silvestre (foto 5 esq.), 41 anos, reparador automotivo, 27 anos de profissão. Começou com quinze anos na mesma empresa, a Servemo Centro Automotivo de São José dos Campos-SP, onde está até hoje e atua como Gerente da Oficina. Seu primo, Charles Silvestre (foto 5 dir.), 39 anos, reparador automotivo especializado em eletrônica automotiva, também começou ainda adolescente na Servemo, e está há 25 anos na empresa. Ambos comentam: “aqui todo mundo é antigo de casa, tem gente com mais de 28 anos, e o mais novo está aqui há 6 anos! O ambiente de trabalho é muito bom!” 

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Marcelo elogia a posição para dirigir e observa: “eu particularmente gosto de carro alto, e este banco deixa o motorista em uma posição ainda mais elevada, oferecendo uma ótima visão (foto 6). A coluna A é bem estreita e não atrapalha a visualização lateral, principalmente nas esquinas.

Mas o acabamento interno achei bem simples, com muitas partes em plástico duro, meio padrão de carro popular. Pelo preço do carro, destoou. Outro detalhe: não custaria muito incluir uma câmera de ré, ou pelo menos sensor de ré, pois faz muita falta. Tem carro mais barato com acabamento bem superior. ” Victor opina que o consumidor brasileiro de um modo geral adora carros caros e sofisticados, que dão prestígio aos seus proprietários e anota:  “o ASX parece um desses carros, que agrada o cliente, mesmo com um acabamento simples e pouca sofisticação. Mas é um Mitsubishi, né?”

César olha para as virtudes do modelo: “o estilo é o mesmo faz tempo, mas continua bonito.  É um carro muito bom para o dia a dia, principalmente para as mulheres que gostam de carros fortes e altos, que proporcionam segurança e uma boa visibilidade. E como é um carro que dá pouca manutenção, quem compra, costuma ficar com a marca. O volante multifunções com borboletas para troca de marchas, kit multimídia, manopla da transmissão e volante revestidos em couro, ar-condicionado automático e o amplo espaço interno, inclusive para os passageiros do banco traseiro, atendem à expectativa de muitas pessoas.”

DIRIGINDO O ASX

O primeiro item avaliado pelos reparadores é o comportamento da transmissão CVT (foto 7). O carro pode ser conduzido no modo Drive (automático) com variação contínua, ou no modo Sport, com trocas de marchas na alavanca ou nos paddles shifters (borboletas) posicionados atrás do volante (foto 8).

De positivo, todos aprovam a suavidade nas trocas de marchas em modo sequencial (Sport mode), e o bom aproveitamento do torque do motor. Isto se deve em parte a uma estratégia denominada INVECS III, que analisa o modo de dirigir de cada motorista, ajustando as trocas de marcha. César elogia a facilidade de condução utilizando as borboletas. 

Já no modo CVT (variação contínua) as opiniões se dividem. Marcelo se incomoda um pouco com o “escorregamento” nas acelerações. Outro item questionado por Marcelo é a ausência do assistente de partida em ladeira, pois o carro desce para trás se o condutor não acelerar rapidamente, e comenta: “boa parte dos modelos mais sofisticados já possuem este tipo de sistema, inclusive da própria Mitsubishi. Mesmo nesta versão 4x2, deveria ser um item de série.” Já Victor considera a transmissão CVT uma das melhores opções em termos de progressividade e dirigibilidade e justifica: “o sistema é muito eficiente, pois ajusta a relação ideal para cada situação. A condução é muito suave, e quando exigido a fundo nas acelerações, responde muito bem.” 

César e Victor elogiam a direção com assistência elétrica, que proporciona conforto e ótimo controle sobre o veículo. Marcelo fica impressionado com a capacidade de esterçamento do carro, com um raio mínimo de giro de apenas 5,3 metros, excelente para o porte do veículo, e muito útil em manobras de estacionamento.


A suspensão foi considerada por Marcelo o ponto fraco do veículo, e justifica: “durante o percurso, observei ruídos típicos de folga entre os componentes, principalmente em baixas velocidades em pisos irregulares. Com apenas 7.500 km rodados, é um pouco prematuro este tipo de problema. O fato é que o trabalho da suspensão não é dos mais silenciosos.” César também notou o ruído na suspensão, e avalia: “pode ser proveniente de alguma folga, mas acredito que um reaperto resolva. Pelo nosso histórico de manutenção em veículos Mitsubishi  ASX, a suspensão é bem resistente, e não apresenta falhas recorrentes. Porém, em velocidades mais altas em estradas, é preciso redobrar os cuidados, pois o veículo é alto e fica um pouco instável, segundo alguns proprietários.” Já Victor, considera que pela quilometragem rodada dentro das condições de nossas esburacadas ruas, não há suspensão que não apresente alguns barulhinhos, e na sua comparação, a suspensão do ASX está em condições melhores do que de muitos outros carros.

A boa performance do motor MIVEC de 160cv e 20 kgfm de torque foi aprovada por unanimidade pelos reparadores, mas o consumo não é dos melhores. Segundo metodologia padronizada do Inmetro, o ASX 4x2 CVT obteve apenas a classificação ‘D’ no PBEV - Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (foto 9), ou seja, está entre os mais ‘gastões’ na categoria. Rodando somente com gasolina, obteve média de 8,7 km/l na cidade, e 9,78 km/l na estrada.

Marcelo e César gostaram do torque disponível e das boas respostas do motor, e observam que os consumos entre cidade e estrada são bem próximos, consequência da transmissão CVT. Victor gostou da eficiência do motor 2.0, mas avalia que o ASX em outros mercados deve ser equipado com motor V6 ou até mesmo V8. Quanto ao consumo, a percepção dos reparadores é de que os números são razoáveis para um motor 2.0. 

     

MOTOR 2.0 4B11 MIVEC 

 Fabricado no Brasil na planta industrial de Catalão-GO, o propulsor 2.0 4B11 (foto 10) conta com avançados recursos tecnológicos, como o MIVEC Mitsubishi Innovative Valve Timing Eletronic Control System, ou, sistema de controle eletrônico de variação do comando de válvulas. Este recurso foi desenvolvido visando a melhorias na parte de emissões, consumo e torque em baixas rotações, sem contudo, sacrificar a parte de alta performance. O sistema é capaz de variar de forma contínua as fases do comando, tanto de admissão como de escape, de forma independente, e varia também o tempo de abertura e fechamento das válvulas (foto 11A e 11B).

Com bloco e cabeçote fundidos em alumínio, o propulsor tem os seguintes dados técnicos:

Cilindrada1.998 cm³

Curso x Diâmetro86,0 x 86,0 mm

Taxa de Compressão10,0:1

Potência160 cv a 6000 rpm

Torque20,1 kgf.m a 4200 rpm

Aceleração de 0 a 100 km/h11,5 seg

Velocidade máxima190 km/h

Consumo cidade*8,70 km/l

Consumo estrada*9,78 km/l

*Fonte Inmetro/Conpet

Os reparadores comemoram os amplos espaços disponíveis no cofre do motor (foto 12), projetado para receber motores maiores (V6 e V8) em outros mercados, e acaba acomodando com folga o compacto motor 2.0 destinado ao nosso mercado, o que torna as rotinas de troca do filtro de ar, troca do filtro de óleo, e óleo do motor bastante tranquilas (foto 13). Neste caso, são 4 litros de óleo API SG 10W30, e mais 0,3 litro na troca do filtro de óleo. 

Marcelo aprova ainda a facilidade de acesso para troca de velas, bobinas de ignição (foto 14) e manutenção nos injetores (foto 15), sem a necessidade de remoção de outros componentes como o coletor de admissão por exemplo, e observa: “as velas são de iridium, ou seja, devem durar uns 100.000 km, reduzindo os custos de manutenção. Porém, a facilidade de acesso é importante, pois periodicamente é preciso fazer uma inspeção visual da vela de ignição (foto 16) para verificar se a combustão está 100%.”

Victor comemora a facilidade de acesso aos conectores da ECU (17), sensores e atuadores para efetuar medições imprescindíveis para um correto procedimento de diagnóstico (foto 18).

Charles complementa as observações e aponta excelentes acessos a componentes como válvula termostática, mangueiras (foto 19), corpo de borboletas (foto 20), e sistema de arrefecimento. 

Os reparadores observam que os coxins, tanto do motor quanto da transmissão, parecem bem robustos, e o posicionamento favorece eventuais substituições.

O sincronismo do comando é feito por corrente (foto 21), e é mais um item de longa durabilidade que reduz a necessidade de trocas periódicas. A correia de acessórios e o tensionador contam com um bom acesso para os procedimentos de substituição.

O tanque de combustível (foto 22), com capacidade para 63 litros de gasolina, abriga a bomba de combustível, e junto o filtro de combustível. O acesso ao conjunto é feito por uma tampa localizada abaixo do assento do banco traseiro. O imponente silencioso de aço inox aparenta ser outro item de longa durabilidade.

As sondas (sensores de oxigênio) pré e pós catalisador (foto 23) têm um bom acesso pela parte de baixo, e Marcelo aprova a proteção térmica adicional (foto 24) para preservar a fiação do segundo sensor.

Marcelo observa também que os acessos aos pontos de manutenção do sistema de ar-condicionado ficam bem acessíveis pela parte de cima (foto 25), e o compressor está bem acessível pela parte de baixo do veículo.


César avalia que o sistema de proteção da parte inferior do motor é bem feito (foto 26), e os principais componentes como cárter e filtro de óleo estão bem protegidos contra impactos, mas reforça: “hoje em dia as montadoras evitam instalar protetores metálicos, primeiro por causa do peso, segundo por questões de segurança, pois em caso de colisão o trem de força tem que ir para o chão, e não para a cabine. Outro fator que fica bem claro aqui no ASX é favorecer a refrigeração do motor e da transmissão, e isso acaba facilitando muito as rotinas de manutenção. O agregado e travessas longitudinais oferecem boa proteção, mas nem por isso o condutor deve abusar e andar por terrenos acidentados, fazendo trilha de forma agressiva.”

  

FREIO, SUSPENSÃO E DIREÇÃO

 

A suspensão dianteira é independente, do tipo McPherson com molas helicoidais e barra estabilizadora, e a traseira independente com sistema multlink, molas helicoidais e barra estabilizadora (foto 27). Os freios são a disco nas quatro rodas e contam com discos ventilados de 16” na dianteira e discos sólidos também de 16” na traseira. O sistema de freio conta com assistência eletrônica ABS (antibloqueio); EBD (distribuição de forças de frenagem) e BAS (auxiliar de frenagem). O acesso à unidade de controle do ABS é bastante tranquilo (foto 28).

Marcelo avalia que a manutenção na parte da frente é bem tranquila, com bons acessos e troca tranquila dos principais componentes como pastilhas e discos de freio, molas e amortecedores, batentes, coxins, buchas e bieletas (foto 29 e 30), e avalia: “pelos 7.500 km rodados, percebe-se que os componentes são bem robustos e bem dimensionados. Os ruídos que notamos devem estar em algum ponto com folga, ou em alguma bucha com desgaste que não estamos visualizando. Mas as rotinas de manutenção aqui serão bem tranquilas e rápidas. Na parte superior do amortecedor por exemplo, não é necessário retirar nenhuma cobertura, pois o acesso é direto no cofre do motor. O pivô é prensado na bandeja, e em caso de desgaste, deve-se trocar o conjunto completo.”

Na parte traseira, César e Charles comentam que o sistema é o mesmo de modelos anteriores, e não há nenhum tipo de dificuldade para troca dos componentes (foto 31), e César relata: “um item que costuma dar dor de cabeça neste tipo de carroceria (SUV), é o acesso à parte superior do amortecedor, e em alguns modelos a gente precisa remover os acabamentos laterais do porta-malas para soltar as porcas de fixação. Aqui no ASX, basta retirar a cobertura do assoalho do porta-malas, e já temos o acesso bem tranquilo, que fica atrás de um reforço (foto 32).”

E Charles complementa: “outro ponto positivo são as porcas excêntricas para a realização do alinhamento traseiro (foto 33), também bem acessíveis e de simples acerto.”

A caixa de direção é mecânica do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica (foto 34). Na visão dos reparadores, para uma eventual manutenção, é necessário soltar o agregado da suspensão. Marcelo avalia que este sistema é bastante eficiente e apresenta pouquíssimas falhas, e comenta: “ele elimina uma série de itens do sistema hidráulico como mangueiras, fluido, bomba e polia, e isso resulta em mais espaço livre, um alívio na carga do motor e redução de peso, gerando economia de combustível e ganho de potência.” 

Marcelo aprovou a escolha das rodas aro 18” calçadas com pneus Pirelli Scorpion 225/55 R18 (foto 35). César alerta que o estepe é específico para esta finalidade, e utiliza roda em aço estampado de aro 16” com pneu 215/70R16 (foto 36). De positivo, o fato de estar no porta-malas, protegido contra furtos.

TRANSMISSÃO CVT

A caixa de transmissão CVT é bem compacta e tem ótimo acesso (foto 37). Marcelo alerta que para eventual reposição, deve-se sempre recorrer ao manual do proprietário, que especifica o fluido para transmissão CVT J4 (Lubrax), e o nível deve ser verificado a cada 10.000 km. A capacidade total de fluido é de 7,1 litros.

Charles avalia: “em caso de necessidade de remoção da caixa CVT, é preciso remover a travessa longitudinal e o agregado, mas isso é uma tarefa bem simples, pois o agregado não é daqueles tipos que cobrem toda a dianteira do carro. A remoção dos coxins do câmbio também são bem tranquilas.”

 ELÉTRICA

Marcelo observa que: “o posicionamento da bateria favorece o acesso e substituição. A caixa de fusíveis e relés do motor está muito bem localizada e agiliza procedimentos de diagnóstico e substituição. As indicações na tampa são muito úteis (foto 38), principalmente em casos de panes ou emergência, sem a possibilidade de consulta ao manual do veículo.”

A troca de lâmpadas do farol é bem tranquila nos dois lados (foto 39, e nas lanternas traseiras também são bem simples, bastando removê-las (foto 40). 

Para as luzes (ré e placa) posicionadas na tampa traseira (foto 41), há acessos específicos na forração interna (foto 42).

Charles avalia que o acesso ao alternador é relativamente tranquilo, pelo lado direito do motor. Já o motor de arranque fica mais complicado, tanto por baixo quanto por cima, e conclui que provavelmente a melhor opção seria a remoção do coletor de admissão para abrir um melhor acesso pela parte superior.

OUTROS

Marcelo constatou que a troca do filtro de cabine é bem simples (foto 43), com ótimo acesso. Basta soltar o porta-luvas e pronto! O filtro utilizado é com carvão ativado, mais eficiente na retenção de fungos e contaminantes do ar. 

 O acesso ao conector de diagnose OBD-Br II é bem tranquilo e de livre acesso, embaixo do painel, lado esquerdo (fotos 44 A/B/C). Os reparadores testaram seus equipamentos para efetuarem algumas leituras, e constataram que todos os parâmetros básicos estavam em ordem, sem registro de falhas.

PEÇAS DE REPOSIÇÃO

 Marcelo, que atua na cidade de Poá, comenta: “aqui no Castelo Centro Automotivo, a gente trabalha com um estoque mínimo, que são as peças de maior giro, como óleos e aditivos, correias dentadas e tensores, velas e bobinas, rolamentos, filtros, pastilhas e disco de freio dos carros populares. Nosso foco são os serviços rápidos, de manutenção periódica, e por isso a logística de fornecimento de peças tem que ser bem ágil. Temos distribuidores em que, fazendo o pedido na parte da manhã, à tarde eles já estão entregando. Por essa razão 90% das nossa compras são feitas em Distribuidores, na concessionária uns 5% para os itens que não encontramos no distribuidor, e outros 5% no varejo para compras avulsas como mangueiras, uma junta específica ou miudezas.” 

 

Localizado na cidade de Jacareí, Victor comenta: “na InjeChile as compras são bem variadas, e dependem de cada caso. A preferência é pela compra na concessionária (peça genuína) pela qualidade e procedência, mas diversos itens com qualidade original podem ser encontrados no mercado paralelo. Na concessionária Mitsubishi mais próxima, só encontramos os itens de giro para pronta-entrega, e as demais só por encomenda, e com um prazo médio de 5 dias úteis para a entrega.”

Em São José dos Campos, César avalia:  “aqui na Servemo, trabalhamos com uma estratégia que é manter o carro na oficina o menor tempo possível, e isso é uma regra levada muito a sério. Geralmente o carro chega pela manhã, e até o final do dia já está pronto para ser retirado, no máximo no dia seguinte. Claro que às vezes perdemos serviços mais complexos ou demorados, mas a grande maioria dos nossos clientes apreciam esta agilidade. Por esta razão, temos uma forte parceria com duas grandes lojas de autopeças aqui da região, que tem uma grande variedade de itens, preço competitivo e tudo à pronta-entrega. Na concessionária somente os itens cativos, e no Distribuidor os itens de maior giro. A proporção é de 65% no Varejo, 5% na Concessionária e 30% no Distribuidor.” 

E César complementa: “O catálogo de peças on-line do portal reparador MIT é bem interessante e ajuda muito, mas algumas concessionárias precisam melhorar a logística, e não deixar faltar itens de giro. Recentemente um cliente nosso, que trocou os 4 amortecedores de um Mitsubishi ASX com 90.000 km, acabou comprando as peças em São Paulo, porque aqui na nossa cidade ia demorar para ser entregue. Se eles (concessionárias) melhorarem os preços e o prazo de entrega, certamente nós compraremos mais itens genuínos, e todos saem ganhando, principalmente os clientes Mitsubishi.”

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

O portal www.reparadormit.com.br (foto 45) é uma iniciativa muito elogiável e aprovada pelos reparadores entrevistados. O acervo de informações técnicas ainda não está completo, mas gradativamente estão sendo inseridos novos conteúdos. A montadora inclusive coloca o canal “fale conosco” à disposição para que os reparadores encaminhem sugestões sobre as literaturas técnicas mais relevantes para o dia a dia da oficina.


Os reparadores analisam o estágio atual para obtenção de informações técnicas:

Marcelo: “para os veículos Mitsubishi, a gente tem informações de literaturas técnicas por assinatura, nos equipamentos de diagnóstico, Sindirepa, e Fórum Oficina Brasil. Como esta versão do ASX avaliada é 2014/15, ainda não temos ele aqui na leitura dos scanners que trabalhamos, mas acredito que não há dificuldades para uma leitura básica de parâmetros.”  

Victor: “quando faltam informações da montadora, a gente recorre aos amigos reparadores, amigos em concessionárias, internet, e a gente vai se virando. Mas eu procuro mesmo é me aperfeiçoar nas estratégias de diagnóstico, entender o princípio de funcionamento e como deve ser o comportamento de cada componente como sensores e atuadores, analisando a frequência, pulsação, resistência, etc. O caminho é por aí, e para isso bons analisadores, multímetros de precisão e osciloscópio ajudam muito.”

César: “eu fico muito satisfeito com a iniciativa da Mitsubishi com o portal dedicado aos reparadores, pois nada é melhor do que ter informações de fábrica. Isto facilita a vida de todos, e a concessionária sabe que sozinha não dá conta de atender toda a frota. Nós temos todo o interesse em continuar prestando serviços de qualidade, mantendo os veículos Mitsubishi dentro das especificações originais. Espero que gradativamente o portal tenha mais informações técnicas de todos os modelos, e o importante é que o processo está em andamento.”

RECOMENDAÇÃO

O bom histórico de reparabilidade do ASX faz com que os reparadores avaliem o carro positivamente, e isso é relevante, pois é repassado para clientes interessados na compra deste modelo. Acompanhem as observações de cada profissional:

Marcelo: “eu avalio como um carro bem resistente, apesar dos barulhos que ouvimos na suspensão. Se a pessoa interessada não se importar com um carro um pouco mais duro, e estiver preparado para o alto custo de algumas peças de reposição, é uma boa opção, que aguenta bem o uso intenso em áreas urbanas. Porém, a manutenção pesada deve acontecer somente após os 100.000 km, ou mais. Até lá, se mantiver as manutenções periódicas e preventivas em dia, é um carro confiável, que não vai causar nenhuma surpresa desagradável. Considero um carro caro para o acabamento relativamente simples que ele oferece, mas eu o incluo junto com o iX35 e Tucson como boas opções para esta categoria de veículo.”

Victor: “recomendaria sim a compra, pois é um carro interessante, com bom desempenho e vários itens de conforto. O consumo poderia ser um pouco melhor. Na questão de manutenção, se o cliente fizer todas as revisões dentro dos períodos programados, ficará dentro do previsto e sem dor de cabeça. Se for um modelo usado, ou fora de garantia, para nós é um modelo de reparabilidade tranquila, sem maiores barreiras técnicas ou de dificuldade para localizar peças de reposição, ou seja, nós o atenderemos com a maior satisfação.”

César: “o nosso ‘patrão’ (proprietário da Servemo) já teve dois modelos ASX, e temos outros três clientes com o mesmo modelo, e todos eles muito satisfeitos. Tecnicamente nunca enfrentamos problemas complexos com este carro, e ficamos apenas na manutenção periódica e troca de itens de desgaste natural. As modificações no motor melhoraram o desempenho e facilitaram algumas rotinas de manutenção, e portanto a nossa recomendação é baseada em um histórico positivo de reparabilidade.”

CONCLUSÃO

Segundo dados da Cinau (Central de Inteligência Automotiva) as vendas do ASX, lançado em 2010 no país, já ultrapassam a marca de 55.000 unidades emplacadas, e como ficou claro nesta matéria, boa parte desta respeitável frota circulante já é atendida pela rede independente.

É inegável o papel de formador de opinião dos reparadores independentes, seja de forma direta, recomendando ou não determinadas marcas, ou indiretamente quando repassa ao cliente uma experiência positiva no aftermarket, ou retornando uma experiência negativa, decorrente da falta de informações que prejudica um bom diagnóstico, ou dificuldade para obtenção de peças, atrasando a execução do serviço.

E embora o reparador independente demonstre um ótimo jogo de cintura para superar adversidades, iniciativas como o portal reparadormit, entre outros, são fundamentais para que se consolide por aqui um relacionamento sólido entre montadoras, concessionárias e oficinas, tal como já acontece em outros mercados mais maduros.