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JAC J3 ganha melhorias estéticas e no conjunto de suspensão


Os novos J3 e J3 Turin receberam alterações estéticas e recalibração da suspensão, deixando o veículo mais agradável para guiar, mas reparadores ainda tem ‘um pé atrás’ quando o assunto é peças e informações técnicas

Por: Fernando Naccari e Paulo Handa - 11 de novembro de 2013

Com notória evolução quando comparado ao anterior, Novo JAC J3 agrada aos reparadores

A JAC recentemente promoveu a reestilização do seu modelo mais famoso, o J3. Rodando em nosso país há pelo menos dois anos, o chinês abriu as portas deste mercado em nosso país, onde para conquistar o público nacional, jogou pesado com grandes campanhas de marketing e com garantia de 6 anos, algo realmente inovador para o nosso país.

Porém, com a criação do Inovar-Auto, o foco da JAC saiu um pouco do marketing e iniciou a construção de sua fábrica na Bahia, assim se adequando ao programa e podendo retomar os volumes de importação. Nesse processo de “brasilidade”, a JAC reestilizou o J3 com design mais ao gosto dos brasileiros, claro que com pequenas mudanças internas e externas, porém, já suficientes para torna-lo mais interessante ao publico em geral. 

Foto 2

Dessa forma, a frente foi bastante renovada ganhando capô redesenhado, novos faróis e parachoques. Já a grade central vem com detalhes cromados. O J3 hatch não apresenta alterações na traseira (Foto 1), já o Turin ganhou novas lanternas que invadem a tampa do porta-malas, desenho este que traz a impressão que o veículo ficou mais largo, mas na verdade é só um “truque” do design.

No interior, o novo volante (Foto 2) ganhou visual muito semelhante aos utilizados na linha GM. Com revestimento em couro sintético, controles do rádio integrados e detalhes em black piano, é um avanço estrondoso quando se comparado com o modelo anterior simplório e de pouca ergonomia.

O painel de instrumentos (Foto 3) também é totalmente novo, mas claramente inspirado nos modelos da Volkswagen, inclusive na disposição dos instrumentos e na coloração do pequeno computador de bordo interno. Já as saídas de ar (Foto 3A) deixam de ser redondas e passam a ser retangulares.

 

Foto 3 e 3A

A textura dos plásticos utilizados no interior do veículo foi aperfeiçoada, sendo este mais agradável ao toque e não possuindo rebarbas aparentes.

Foto 4O motor continua sendo o mesmo (Foto 4). O 1.4 16V VVT de 108cv a 6000rpm ainda não é equipado com a tecnologia flex, mas é capaz de dar conta do recado no uso diário, exceto em casos em que é necessária uma ultrapassagem. Devido a possuir um câmbio longo de mais, o motor do J3 demora a “encher” e “pedir marcha” e isso faz com que estas situações se não forem bem estudadas, acarretem insegurança ao condutor.

Mas um ponto a ser elogiado é sua suspensão. O modelo antigo possuía conjunto muito ‘mole’, fazendo com que dirigi-lo fosse uma tarefa nada prazerosa. O carro chacoalhava muito e era bem comum ouvir batidas secas da suspensão quando passávamos em uma via de asfalto irregular.

Agora, esta reclamação já não pode ser feita. Dirigir o novo J3 é como dirigir um Gol ou um Palio, mais precisamente um intermediário entre os dois. Não possui a suspensão tão dura quanto a do Gol, porém é mais firme que a do Palio. Os ajustes efetuados pela engenharia da montadora chinesa foram bem funcionais para a proposta de nossos veículos.

No mais, o carro tem um pacote de itens de série bem vasto, como por exemplo, direção hidráulica, trio elétrico, ar condicionado, airbag duplo, ABS e radio dotado de CD/MP3 e entrada USB.

NAS OFICINAS

Para esta matéria, contamos com a avaliação dos reparadores Carlos Alberto dos Santos da oficina Casaducarro de São Bernardo do Campo-SP (Foto 5) e Gerson de Oliveira Santos da Gigio’s Bosch Car Service de São Paulo-SP (Foto 5A). Em nosso vídeo desta matéria, contamos também com a avaliação do reparador Ricardo de Souza da Mandalá Centro Automotivo de São Paulo-SP. (Foto 5B)

Foto 5, 5A e 5B

 

O reparador Carlos Alberto primeiramente ‘deu uma voltinha’ com o J3 e comentou o que achou do veículo: “a dirigibilidade dele é muito semelhante ao do Honda Fit, com marchas que entram ‘justas’, mas com torque de saída muito lento. Ao Abrir o capô do veículo, Carlos acrescentou: “Este é um Toyota copiado! É irmão gêmeo, melhor dizendo”.

Gerson também ‘passeou’ com o chinês e se surpreendeu: “O carro evoluiu muito. Dizem que fizeram alterações apenas estéticas no J3, mas com certeza foram efetuados alguns outros ajustes, pois a dinâmica do carro foi melhorada e ele ficou mais confortável. Apresenta ainda aqueles ruídos internos característicos da categoria de populares, mas não é nada que incomode”.

Foto 6MOTOR E INJEÇÃO
Os reparadores mostraram boa surpresa com o propulsor e sistema de injeção do J3. Ao abrir o capô do veículo, Carlos comentou: “Não vejo dificuldades em efetuar qualquer tipo de reparo neste motor (Foto 6), inclusive este se parece muito com o do Corolla”.

“A manutenção deste carro será bem agradável, pois os componentes estão disponibilizados de uma forma onde as ferramentas se posicionam facilmente, com bom espaço”, ratificou Gerson.

“As bobinas de ignição são independentes e diretas (Foto 7), não possuindo cabos de velas. Como possuem três pinos (Foto 7A), provavelmente dentro exista módulo de potência incorporado alimentado por 12V. Outro detalhe importante é que até os bicos injetores parecem com o do Corolla. Além disso, o espaço disponível para trabalhar é bem amplo e não trará dificuldades no manuseio de peças e ferramentas”, disse Carlos.
 

 

Foto 7 e 7A

“Este modelo não possui esticador automático para o alternador e compressor do ar condicionado, mas acho o sistema de tensionamento usado neste veículo melhor, pois não fica vibrando e produzindo ruídos (Foto 8), mas temos que ter cuidado para não deixar a correia muito tensionada para não causar desgastes prematuros. Basicamente é uma mecânica japonesa em um carro chinês, seguindo o padrão dos veículos asiáticos”, relatou Carlos.

“Neste motor o sistema de sincronismo é por corrente (Foto 9) e observamos que possui um variador de fase acionado eletro hidraulicamente. Assim, vejo que este carro tem uma mecânica feita para durar e se a montadora não pecar por falta de peças é um motor que promete!”, afirmou Carlos.

Carlos ainda acrescentou com relação ao propulsor do J3: “Este motor não tem um torque muito forte, não enche rápido, mas em contrapartida deve ser um motor econômico”.

“Como não conseguimos observar a posição do filtro de combustível, este provavelmente acoplado junto à bomba dentro do tanque de combustível”, comentou Gerson.

“Este sistema de injeção é dotado de duas sondas lambda (Fotos 10 e 10A), o que faz o veículo se enquadrar às normas OBD BR2 impostas a partir de novembro de 2011”, observou Gerson.
 

 

Foto 10 e 10A

Ainda referente ao catalisador, Gerson acrescentou: “A tubulação de saída de gases após o catalisador é muito estreita, fato que dificulta a saída destes, provocando um baixo desempenho do motor, ou até o efeito de freio motor, prejudicando a leitura da sonda lambda”.

Foto 11

DIREÇÃO HIDRÁULICA
Este foi um ponto de incômodo dos reparadores: “Há um ‘chato’ ruído proveniente da bomba de direção hidráulica quando esterçamos o volante”. Ainda acrescentou: “Em veículos 1.0 e 1.4 é comum ouvir este ruído, mas não vejo nenhum defeito ligado a isso, apenas uma característica”. (Foto 11)

Comentário semelhante fez Gerson: “Este carro apresenta alguns barulhos internos, como é característico dos veículos deste seguimento, mas o barulho da bomba da direção hidráulica incomoda muito, com certeza alguns clientes irão reclamar”.

Com relação à reparabilidade do componente, Carlos comentou: “Veja esta caixa de direção e a bomba da direção hidráulica, os acessos são bons, têm espaço para as ferramentas e não existem acessórios atrapalhando, isso é bom”.

SUSPENSÃO E FREIOS

Neste sistema, o reparador Carlos comentou: “Observo que a existência do ABS (Fotos 12 e 12A) , mas não do controle de tração. Também não se observa grandes dificuldades em se efetuar a substituição das pastilhas e discos de freio dianteiro”.

Foto 12 e 12A

 

Na suspensão dianteira, Carlos comentou: “Aparenta ser bem robusta e é dotada de uma barra estabilizadora bem grossa, fato que trará muita estabilidade ao veículo. Seus pontos de fixação não aparentam que irão trazer ruídos futuros, mas somente o tempo de uso poderá confirmar tal situação”. (Fotos 13 e 13A)

“Posso dizer que se o cliente efetuar a manutenção preventiva corretamente, terá um  veículo em ótima condição de uso, pois esta mecânica aparenta ter sido feita para durar”, comentou Gerson.

Gerson acrescentou uma importante percepção sobre a tecnologia do veículo: “Este modelo utiliza porcas castelo com cupilhas em pontos de fixação da suspensão (Foto 14), mas isso já foi abolido pela maioria das montadoras há muito tempo”.

“Neste veículo não existe mais aquela situação de utilizar esticador para regular o câmber ou o cáster. As longarinas e as bandejas estão diretamente ligadas (Foto 15) e aparentam ser bem fortes, mas se não tomarem cuidado e efetuarem procedimento incorreto, poderão causar danos que impossibilitem novos ajustes”, observou Carlos.

“Para se efetuar a regulagem do freio de estacionamento (Foto 16)do J3, não deve-se desregular o cabo e somente regular a sapata, se isso for feito, este ficará totalmente sem função”, orientou Carlos.

PEÇAS DE REPOSIÇÃO

Quando tocamos neste assunto, percebemos que os olhares empolgados começam a mudar de figura, e a desconfiança ainda toma conta dos reparadores. É o que disse Carlos da Casaducarro: “Presenciei casos de montadoras em que seus veículos até eram muito bons, mas esta pecou em não dar a devida atenção à reposição de peças, como ocorreu com a Citroën. Se a JAC Motors for como algumas montadoras que aqui vieram e erraram neste quesito, não vai adiantar nada o carro ter esta facilidade de reparo e qualidade, pois ‘vai acabar morrendo na praia’. Realmente vamos ter que esperar”.

Gerson demonstrou ter opinião semelhante ao reparador Carlos: “Vamos ter que esperar este veículo ‘encostar’ na nossa oficina para saber qual será seu real comportamento, mas se ocorrer como em algumas montadoras que não deram a atenção devida ao mercado de reposição de peças, não vai adiantar o carro ser bom porque ‘não vai emplacar’”.

Quando questionado sobre a disponibilidade de informações técnicas, a preocupação continuou latente: “Embora o veículo tenha muitas semelhanças com os modelos Toyota, aparentemente não haverão segredos no reparo, porém, este carro com certeza conta com suas particularidades que, se a montadora não compartilhar com os reparadores independentes, tornará o veículo inaceitável pelo mercado”, comentou Carlos.

Gerson acrescentou: “É um ótimo carro e não trará grandes segredos ao mercado, mas se a montadora quer que o carro ‘vingue’ mesmo, terá que fornecer informações técnicas aos reparadores independentes, pois do contrário não vai dar certo. É um ótimo carro, mas a escolhas está nas mãos deles”.

VEREDICTO

Indo pelo caminho certo e produzindo veículos simples e aparentemente resistentes, a JAC Motors já tem que se preocupar com políticas voltadas ao mercado de reparação independente, até porque sabemos que a grande maioria dos proprietários optam por efetuar manutenções em reparadores de sua confiança, deixando a concessionária como última alternativa. Assim, se faz necessária a disponibilidade de peças em grande gama e em sua maioria à pronta entrega.

Mas somente peças não atendem ao mercado, devem se preocupar em fornecer informações técnicas amplas o suficiente para que os reparos efetuados fora da rede de concessionárias possam atender às recomendações da marca.

Quando isso ocorrer, poderemos seguramente dizer que os veículos da JAC Motors atendem exatamente o que o mercado brasileiro pede: veículos de qualidade, baratos, equipados e que oferecem tranquilidade ao usuário quando necessitarem de reparos.