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HB20 1.0 Turbo mostra suas virtudes, mas reparadores criticam a falta de informações e reposição de peças


O compacto coreano fabricado no Brasil apresenta boa reparabilidade, mas a Hyundai Brasil continua perdendo oportunidades junto aos reparadores independentes

Por: Da Redação - 02 de maio de 2017

Na edição Maio de 2016, o Jornal Oficina Brasil esclareceu em detalhes as diferenças entre as operações da Hyundai Motor Brasil, filial da montadora coreana, que conta com uma planta industrial em Piracicaba-SP, onde são produzidos os modelos HB20 e Creta, e as operações do Grupo CAOA, que incluem a importação de modelos como Azera, Elantra, Santa Fé, e New Tucson, e uma planta industrial localizada em Anápolis-GO, onde são produzidos os modelos Tucson, iX35 e os comerciais HR e HD.

É importante reforçar que cada operação conta com sua própria rede concessionária, sendo que as unidades Hyundai HMB comercializam exclusivamente os modelos e peças do HB20 e Creta, enquanto a rede CAOA Hyundai (sem a identificação HMB na fachada), comercializa as demais versões.

Nesta edição, avaliamos o HB20 hatch equipado com o novo e interessante motor 1.0 de 3 cilindros, turboalimentado. E como de costume, consultamos o Guia de Oficinas Brasil, que conta com as oficinas mais qualificadas do Brasil, e escolhemos 3 empresas para registrar as impressões dos seguintes profissionais:

Joel, 36 anos, é empresário, técnico em mecânica e atuava em outro segmento, mas há cerca de um ano colocou seu lado empreendedor em prática, fundando a bem organizada e equipada oficina Azuos for Car, localizada no bairro da Vila Sônia em São Paulo-SP, de olho na manutenção dos veículos seminovos, recém-saídos do período de garantia, ou de clientes que procuram alternativas à concessionária. Juarez é o responsável pela área técnica, tem 44 anos, também é técnico de formação e acumula experiência de 27 anos no setor de reparação automotiva.

Celso dos Santos, 52 anos, é engenheiro e empresário, e atua no segmento automotivo há 15 anos. Mas a sua empresa, a Iso Air, localizada na cidade de Guarulhos-SP, existe há 23 anos e é especializada no setor de equipamentos pneumáticos. A divisão automotiva da Iso Air nasceu há 15 anos, inicialmente para cobrir as ociosidades sazonais do segmento industrial, e conciliava uma vocação natural do empresário, que sempre gostou de carros, e que enxergava oportunidades no segmento, oferecendo serviços de precisão, executados com organização e zelo, sempre apresentando de forma muito clara e transparente para os seus clientes os diagnósticos técnicos sobre as condições do veículo antes e depois dos reparos. Na equipe técnica, conta com o experiente Reginaldo Gomes, 46 anos, técnico em automobilística formado pelo Senai, e com mais de 25 anos de experiência no setor automotivo. Ele é o encarregado pela oficina, e está na empresa desde o início das atividades da divisão automotiva. E representando a nova geração, o jovem Felipe de Sousa Araújo, que apesar dos 20 anos de idade, já acumula 7 anos de experiência no setor, pois começou a trabalhar com o pai aos 13 anos. Neste período, fez diversos cursos no Senai e junto aos fabricantes.

José Natal da Silva, 50 anos, empresário e técnico em contabilidade, com 35 anos dedicados ao segmento automotivo. A sua oficina, a Megacar Centro Técnico Automotivo, localizada no bairro de Pirajussara em São Paulo-SP, está no mercado há 26 anos, é uma empresa familiar de fato, onde atuam a esposa, os 3 filhos e mais 6 colaboradores. Natal é também o atual presidente do GOE, o conceituado e atuante Grupo de Oficinas Especializadas.

Primeiras impressões

O design externo é apontado por Juarez, Felipe e Natal como o ponto forte do modelo junto aos consumidores, e apesar de estar há quase cinco anos no mercado com apenas pequenas alterações, ainda se mostra atualizado e bastante atraente.

 Internamente, Celso e Reginaldo elogiam a boa ergonomia, proporcionada pelos bons espaços livres para o condutor, regulagem do volante (altura e profundidade) e altura do assento do condutor, além dos comandos todos à mão, incluindo funções do sistema de som e telefone no volante. Juarez observa que internamente não houve muitas mudanças, incluindo o painel de instrumentos, mas elogia a boa visibilidade e o ajuste dos retrovisores, que reduzem os pontos cegos.

Para os ocupantes do banco traseiro, Juarez considera o espaço satisfatório e confortável, mas Natal sugere que poderiam ter instalado uma tomada auxiliar de 12V ou USB, que a cada dia se mostra mais essencial na rotina das pessoas.

Pelo preço final entre R$ 50.000,00 e R$ 53.000,00 (dependendo dos opcionais), os reparadores consideram que o valor é alto, mas dentro da realidade de nosso mercado, em que o concorrente equivalente seria o UP TSI, que custa um pouco mais caro, mas com desempenho e eficiência energética superiores.

Felipe aponta o uso intensivo de plástico nos acabamentos internos, mas considera o material utilizado de boa qualidade. Já Natal tem uma opinião mais crítica, e considera que o excesso de plástico deixa a aparência um pouco pobre, destoando do moderno visual externo, que sugere um acabamento mais sofisticado. Mas ambos elogiam os diversos porta-objetos disponíveis, sempre úteis e práticos.

Dirigindo o HB20 1.0 Turbo

Ao acionar a partida, Reginaldo observa: “o motor só pega com a embreagem acionada, e este é um recurso cada vez mais adotado pelas montadoras, por questões de segurança, além de prolongar a vida útil da bateria.”

A nova transmissão manual de 6 velocidades foi aprovada por unanimidade pelos entrevistados, seja pela suavidade e precisão nas trocas, ou pelo ótimo escalonamento das marchas, que otimiza o aproveitamento do torque e da potência do motor turbo, seja em uso urbano ou em estradas.

Ao pisar o acelerador, os entrevistados elogiam o excelente torque em baixas rotações, que proporciona saídas e retomadas rápidas e consistentes, aumentando a segurança e o prazer de dirigir. Juarez compara o desempenho deste motor 1.0 3 cilindros turbo com motores maiores, e ainda com vantagens nas acelerações. Joel e Reginaldo observam que, apesar da ressonância característica de motores tri-cilíndricos, o isolamento acústico reduz significativamente a transferência de ruído para a cabine. Celso elogia o trabalho de engenharia voltado ao balanceamento do motor, que reduziu sensivelmente a vibração, e considera que a versão turbinada é bem melhor neste quesito em relação à versão aspirada, e também superior aos concorrentes diretos. Joel e Celso observam ainda que é quase imperceptível a variação de rendimento nas acelerações, mesmo com o ar-condicionado ligado constantemente, e isso decorre de uma eficiente estratégia de gerenciamento do compressor. Natal aprova a performance do conjunto motriz, tanto para uso urbano quanto na estrada, e registra que nas viagens em velocidade cruzeiro, a rotação fica abaixo de 2.500 rpm, o que gera muito conforto economia. E Natal complementa: “as arrancadas são consistentes e progressivas, mas sem aquela pegada esportiva.” E Felipe chama a atenção para a nova tendência em motorização: “os motores de 3 cilindros vieram para ficar, pois são compactos, mais leves, e com a ajuda da turbina e do gerenciamento eletrônico, conseguem oferecer boa potência, mas com muita economia. É a tal da eficiência energética!”

 

Os dados do PBVE (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular), apurados pelo Inmetro, mostram números interessantes, mas a classificação A na categoria, e B na geral, sugere que existem modelos mais eficientes, como o UP TSi por exemplo.

Sobre o comportamento da suspensão, Juarez e Reginaldo observam uma nítida evolução em relação aos modelos anteriores, e relatam: “nas primeiras versões do HB20, a suspensão era mais dura e era comum aquela batida seca no final do curso. Neste modelo, a suspensão está mais confortável, e em nenhum momento do teste chegamos ao final do curso. Mesmo assim, acredito que com o tempo, os acabamentos internos de plástico comecem a se soltar, e os ruídos internos se tornam inevitáveis.”

Celso fez recentemente uma viagem com um modelo alugado, um HB20 1.0 aspirado praticamente zero km, e ele narra a experiência: “ de um modo geral gostei do carro, mas o comportamento da suspensão me deixou bem apreensivo, principalmente a traseira. O carro oscilava nas curvas, e perdia facilmente a aderência. Neste modelo turbo, não cheguei a perceber esta instabilidade, mas o fato de termos feito o teste com quatro pessoas a bordo, certamente influenciou o comportamento dinâmico da suspensão.”

Porém, esta impressão de instabilidade também é citada por Natal, que descreve: “em estradas com curvas fechadas, ou em caso de necessidade de manobras evasivas de emergência, para desviar de um obstáculo na pista por exemplo, percebi que o carro desgarra a traseira com facilidade. Outro incômodo que senti foi quando em uma subida íngreme, fui ultrapassar um caminhão, e durante a manobra senti a frente ‘serpentear’ o que pode significar perda de tração no momento da aceleração combinada com a manobra de ultrapassagem. Por esta razão, considero a estabilidade falha, e na minha visão este veículo, mesmo com o motor turbo, é adequado apenas para uso urbano, e no caso de uso em estrada precisa ser conduzido com cautela.”

Celso e Juarez registram que a direção com assistência hidráulica é bem leve e confortável em trechos urbanos, e na estrada fica mais firme e segura, transmitindo uma sensação bem próxima de uma direção assistida eletricamente.

Celso e Natal elogiam ainda a ação eficiente dos freios com sistema ABS e EBD, que quando acionados em situações críticas de aderência apresentaram um comportamento neutro que transmite muito equilíbrio, segurança e confiabilidade.

Motor Kappa 1.0 Turbo

O moderno propulsor incorpora algumas das soluções mais adotadas recentemente pelas montadoras em busca de performance, baixo consumo de combustível e redução nos índices de emissões de poluentes, com arquitetura de 3 cilindros, baixo atrito interno, bloco e cabeçote em alumínio; coletor de escape incorporado ao cabeçote; turbocompressor de baixa inércia; intercooler e comando de válvulas variável na admissão.

Do ponto de vista da reparabilidade, os entrevistados são unânimes em afirmar que o downsizing é muito bem-vindo, pois em um cofre projetado para abrigar um motor 4 cilindros, sobram espaços preciosos para as rotinas de manutenção do compacto motor turbo.

Joel não aprovou esteticamente a exposição demasiada de fios e comenta: “eles poderiam ter caprichado um pouco mais. Por outro lado achei bem interessante esta etiqueta que sinaliza a especificação do óleo correto a ser utilizado, que no caso deve ser de viscosidade 5W30, ou seja, é um detalhe que faz a diferença, pois reduz a possibilidade de erros na hora da troca ou reposição.”

Pelo lado esquerdo do motor, Joel e Reginaldo observam que a troca do filtro de ar é simples e não exige o uso de chaves, a bateria tem livre acesso, assim como o bocal de abastecimento do fluido de freio e módulo central. Juarez aprova o posicionamento da caixa de fusíveis, que conta com identificação de componentes na parte interna da tampa, o que ele considera importante, pois muito clientes não andam com o manual do carro no porta-luvas.

Felipe e Reginaldo identificam que o acesso ao hidrovácuo e unidade de controle do sistema ABS/EBD é um pouco apertado, e para acessá-los, é preciso remover o módulo da injeção, bateria, e o duto de passagem de ar.

Pela parte frontal, Felipe observa os acessos livres à tampa do radiador e do reservatório de expansão, corpo de borboleta, sensor map, e as mangueiras de passagem do ar, do filtro para o turbo, e do intercooler para o tbi. Outro componente específico de motores turboalimentados é a bomba de vácuo que ‘alimenta’ o servofreio, uma vez que no coletor de admissão a pressão é positiva.

Na área central, Juarez e Celso comemoram a facilidade para as rotinas de diagnóstico, limpeza ou troca de componentes como bobinas de ignição, velas, injetores, vareta de nível e bocal de reabastecimento de óleo lubrificante.

Junto à parede corta-fogo, Reginaldo e Natal observam o bom posicionamento das válvulas de bloqueio e de um dos pontos de recarga do sistema de ar-condicionado. No motor, Joel e Juarez concluem que há um bom espaço para manusear a turbina, a válvula de alívio (wastegate) controlada eletronicamente, o catalisador primário e o sensor de oxigênio pré-catalisador. Felipe destaca a composição do sistema de isolamento térmico da turbina, bem resistente e reforçado por uma malha, que evita quebras por ressecamento decorrentes das altas temperaturas. 

Natal aprova a tecnologia do coletor de escape integrado no cabeçote, que libera espaço para o conjunto turbo e catalisador, e registra: “é muito interessante o que a eletrônica agregou nos sistemas de controle e gerenciamento dos turbocompressores, e isso foi crucial para viabilizar motores cada vez mais compactos, leves, extremamente econômicos, mas sem abrir mão de uma boa performance.”

Pelo lado direito, acessos aos reservatórios de partida a frio, fluido da direção hidráulica, lavador de para-brisa, coxim hidráulico do motor e intercooler. Joel considera um retrocesso da Hyundai manter o sistema de partida a frio com tanquinho auxiliar de gasolina, ainda mais com bocal dentro do cofre do motor. Felipe também considera a solução ultrapassada, mas ameniza a crítica pelo fato dos componentes serem de fácil remoção para proceder a limpeza.

Celso avalia que a troca do coxim hidráulico do motor será rápida e descomplicada e Natal concorda plenamente, mas alertando que do lado oposto a troca do coxim lateral do câmbio será mais trabalhosa, pois será necessário remover uma série de componentes, e conclui que a reparabilidade pelo lado direito do cofre do motor é bem mais favorável do que o lado esquerdo.

Reginaldo aponta a facilidade de acesso ao alternador, mas Natal prevê que para remover o motor de arranque será necessário desmontar diversos componentes como o corpo de borboleta e o alternador, pois pela parte de baixo o acesso é mais restrito.

Natal mostra que a troca das correias de acessórios é amplamente favorecida pela eliminação de um cilindro no motor, pois sobra espaço para efetuar este procedimento de manutenção. Reginaldo observa que a correia externa move a bomba da direção hidráulica, enquanto a interna aciona a bomba d´água, alternador e compressor do ar-condicionado. As correias são convencionais e contam com tensionadores.

Juarez lembra que não há a preocupação para a troca da correia dentada, uma vez que o sincronismo é feito por corrente, que é um componente de longa durabilidade, e ele sugere: “não vai demorar muito para chegar nas oficinas estes modelos com mais de cem mil quilômetros rodados, portanto é bom verificar o desgaste e as folgas no sincronismo, e para a troca dos componentes, temos um bom espaço disponível.”

Natal constatou que o sistema de arrefecimento é bem eficiente, ajudando o motor a trabalhar constantemente em sua temperatura ideal, e comenta: “o acesso aos componentes como o radiador é feito com a remoção da travessa da minifrente e da grade. O acesso às mangueiras e eletroventilador pode ser feito pela parte de baixo. Nos procedimentos de manutenção, estas abraçadeiras de pressão originais são problemáticas, porque a montadora não as disponibiliza no mercado de reposição, e com o tempo elas perdem eficiência e precisam ser substituídas. Já nas mangueiras do circuito do intercooler, devido à maior pressão, eles utilizaram as abraçadeiras convencionais com parafuso, mais fáceis de encontrar na reposição.”

Felipe observa um estratégico ponto de sangria na base esquerda do radiador e complementa: “este recurso facilita muito o procedimento de limpeza de todo o circuito. O intercooler está muito bem posicionado, do lado direito encostado na grade, e pode ser acessado por cima ou por baixo.”

Pela parte de baixo do motor, devido às precárias condições de nossas ruas e estradas, a ausência do protetor de cárter nem sempre é bem vista por reparadores e consumidores, mas inegavelmente há ganhos que justificam a aposentadoria desta peça.

Celso lembra que por questão de segurança, em caso de colisões frontais, o conjunto motor e transmissão deve ser projetado para o chão, evitando que invada o habitáculo. Outras vantagens são o alívio de peso e uma dissipação de calor mais eficiente do motor e da transmissão.

Natal observa que o conjunto motriz está fixado acima da linha imaginária do eixo dianteiro e do agregado da suspensão, e isso já protege bem o conjunto, principalmente o cárter do motor, que curiosamente é deslocado para a frente. Felipe destaca que embora o bloco e o pré-cárter sejam fundidos em alumínio, o cárter é estampado em aço, projetado para absorver melhor os impactos, reduzindo o risco de quebra e vazamento de óleo.

Juarez fica satisfeito com a facilidade para proceder a troca de óleo e do filtro de óleo, e Felipe constata que não é preciso esperar o “motor esfriar” para proceder uma troca rápida, pois os acessos são livres, e o motor trabalha com temperaturas bem controladas.

Juarez anota que o motor de arranque, o compressor do ar-condicionado e a sonda lambda  pós-catalisador contam com bons espaços para manuseio pela parte de baixo

E Natal aprova os eficientes pontos de aterramento e alerta: “existem dois pontos, um de cada lado do motor, além de outro dedicado à bateria, e isso ajuda muito na boa condutividade de energia para todos os sistemas eletrônicos. É sempre é bom verificar o estado das conexões destes aterramentos, pois muitos problemas eletrônicos podem estar relacionados à oxidação destes pontos de fixação.”

Transmissão

Além de contar com uma caixa de 6 marchas, a versão equipada com motor turbo conta ainda com um escalonamento exclusivo, e uma embreagem reforçada para dar conta do recado, com um disco de 215 mm de diâmetro (na versão aspirada são 180 mm).

Juarez, Felipe e Natal acreditam que, na troca de embreagem ou remoção e montagem da caixa de transmissão, não será necessário mexer no agregado, agilizando o serviço. Outro item elogiado é o atuador hidráulico da embreagem posicionado externamente, que pode ser reparado sem a remoção do câmbio. São muito detalhes que mostram um projeto que levou em consideração questões que facilitem a reparabilidade.

Freio, suspensão e direção

Na dianteira, a suspensão é independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores telescópicos e os freios utilizam discos duplos ventilados.

Natal considera o conjunto suspensão e freio dianteiro muito bem estruturado, robusto e de fácil manuseio. Joel concorda e lembra que o coxim superior dos amortecedores tem acesso livre e direto por cima, e Felipe destaca o desenho reforçado da bandeja, que conta com pivô prensado e que pode ser substituído separadamente, reduzindo o custo de manutenção para o cliente.

Porém, um procedimento chama a atenção de Celso e Natal, que é a troca da bucha da barra estabilizadora, e para estes casos, devido ao reduzido espaço para manuseio, eles acreditam que a melhor estratégia é soltar o agregado para liberar o acesso.

Na traseira, a suspensão é por eixo de torção que dispensa o uso de barra estabilizadora. As molas são helicoidais, e os amortecedores são posicionados fora das molas. O freio é a tambor, com freio de estacionamento acionado por cabo.

Juarez, Felipe e Natal admiram o eficiente projeto do conjunto traseiro e a qualidade do acabamento, mesmo em detalhes como proteção de dutos e tubulações, coberturas de para-lamas e defletores térmicos e acústicos. Os principais itens de desgaste como lonas, buchas e batentes, molas e amortecedores podem ser substituídos com extrema simplicidade e rapidez, comprovando a preocupação da montadora em simplificar os procedimentos de manutenção. Natal faz uma única objeção à ausência da barra estabilizadora, que na sua percepção, fez falta para proporcionar um melhor comportamento do veículo em estradas sinuosas.

A caixa de direção conta com assistência hidráulica progressiva, e as rotinas de manutenção e reparo são consideradas simples por Natal e Celso, mesmo sendo necessário soltar o agregado. Juarez observa ainda que a bomba do sistema tem fácil acesso e manuseio.

Sobre o sistema de exaustão, Natal e Juarez aprovam o conjunto, bem posicionado e protegido, dividido em 3 partes e unidos por flanges. Juarez comenta: “são soluções simples que facilitam o dia a dia de quem repara o veículo, reduz o custo de manutenção, e isso se reflete em satisfação para o cliente.”

Elétrica e outros itens

A troca de lâmpadas dos faróis e lanternas é considerada simples pelos reparadores, sendo que o conjunto ótico esquerdo é o único que apresenta algum grau de interferência no acesso, e as opções são remover o farol ou deslocar a caixa de fusíveis do motor.

Internamente, acima do posicionamento do conector OBD-BRII, encontra-se a caixa de fusíveis e relés internos, que igualmente possui identificação dos componentes na tampa.

Joel nos mostra que o acesso ao filtro de cabine é muito simples, bastando descer o porta-luvas soltando uma trava lateral. Natal observa que esta trava única fica sobrecarregada com o peso do conjunto, e existe inclusive a furação apropriada para instalação da segunda trava. 

Sob o assento do banco traseiro, Juarez confere o amplo tampão de acesso à bomba de combustível, que facilita os procedimentos de diagnóstico, reparo e eventual substituição, dispensando a remoção do tanque de combustível.

Próximo ao tanque de combustível, Felipe confere também o bom posicionamento do canister e filtro de combustível.

Informações Técnicas

Quando o assunto é informação técnica vinda da Hyundai Brasil ou de suas concessionárias, Juarez avalia que elas são bem restritas, e por essa razão ele recorre aos amigos do segmento, grupos de discussão como Fórum e Whatsapp. Por curiosidade conectou um scanner multimarcas, que apesar de estar bem atualizado, naturalmente não contava com os dados sobre este motor.

Celso relata o que ocorre na Iso Air: “a necessidade de recorrer às informações mais detalhadas da Hyundai ainda não aconteceu, pois a maior parte de nossos clientes possuem veículos da Chevrolet, Ford, VW e Fiat, em que encontramos bom respaldo das montadoras. Pelo nosso histórico atual, nos veículos Hyundai executamos apenas serviços de manutenção preventiva como troca de óleo e filtros, limpeza do sistema de arrefecimento e de injeção, e a ocorrência de manutenção corretiva é baixíssima, e apenas por esta razão ainda não necessitamos de informações mais avançadas.”

Felipe relatou um fato que ilustra a indiferença da montadora em relação aos reparadores: “eu estive recentemente em uma palestra no Senai em que a Hyundai apresentou as novas caixas de transmissões, e quando um reparador perguntou qual o tipo de suporte que a montadora prestaria às oficinas independentes para executar uma correta manutenção, a resposta foi de que não há previsão de transferir este tipo de conhecimento para os reparadores, ou seja, a Hyundai Brasil continua com a estratégia de manter o consumidor refém da concessionária, e isso é muito ruim para o cliente brasileiro, bem diferente do que acontece lá fora onde as montadoras fazem questão de oferecer suporte técnico para os independentes.” Celso concorda e cita um exemplo muito positivo de mudança de paradigma aqui no Brasil: “é o caso da Mitsubishi, que também era muita fechada, e hoje nos oferece acesso aos manuais de serviços, e sempre oferece boas ofertas em peças genuínas. Este é o caminho e o exemplo a ser seguido!”

Reginaldo e Felipe alertam que hoje ainda está tudo bem, mas serviços mais complexos no futuro, como troca da corrente de sincronismo e manutenção na turbina com gerenciamento eletrônico por exemplo, certamente vão demandar informações mais detalhadas e scanners com recursos avançados e específicos para este modelo de motor.

Natal vai direto ao ponto e faz uma comparação: “vamos falar de motores 1.0 3 cilindros turbo que são tecnologias recentes. Pois eu já recebi treinamento na Volkswagen do motor TSi do Up, e na Ford do motor Ecoboost do Fiesta. Mas da Hyundai, tenho pouquíssimas informações, nem mesmo uma apresentação técnica. Por esta razão dou nota zero para eles em relação às outras montadoras que já reconheceram o poder de influência dos reparadores independentes junto aos compradores de veículos, e hoje por exemplo, para quem me consulta, sei falar com conhecimento de causa sobre o UP TSi e o New Fiesta Ecoboost, mas do HB 20 1.0 turbo, só vou saber falar alguma coisa graças ao Jornal Oficina Brasil. E o resto a gente já sabe, pois cliente nenhum gosta de ficar refém da concessionária por muito tempo, pois acredita no seu reparador de confiança, e se a gente tiver acesso às informações corretas, todos saem ganhando.”

Peças de reposição

Atuando na região sudoeste de São Paulo-SP, Joel explica como procede com peças de reposição Hyundai: “em nossa região, os valores das peças genuínas são elevados, e a tendência é recorrermos ao mercado paralelo para ajustar o orçamento ao bolso do cliente, Na Azuos, aplicamos somente peças genuínas ou com qualidade original equivalente. Nas peças genuínas, encontramos mais dificuldade de localização, e alguns itens estão em falta na rede. Portanto quando chega um cliente Hyundai na oficina, eu já aviso que as peças são obtidas somente por encomenda, e que em alguns casos a entrega pode demorar de cinco a sete dias, e isso é muito ruim para o cliente, que fica sem o carro, e para a oficina, que perde em produtividade. Em alguns casos acabamos perdendo o serviço, pois o cliente simplesmente deixa de fazer a manutenção. Por isso recorremos em 80% dos casos ao distribuidor, pois em 20 ou 30 minutos eles já estão entregando as peças aqui em nossa oficina, e cerca de 20% das peças adquirimos na concessionária Hyundai, apenas para itens mais críticos ou específicos. Como referência, considero que a rede Chevrolet é a que tem a melhor política comercial junto aos reparadores e também a melhor logística de disponibilidade e entrega rápida. A Ford vem melhorando neste aspecto, e junto com os reparadores independentes, vem viabilizando promoções pontuais bem interessantes. A Hyundai Brasil ainda não acordou para este mercado.”

Na Iso Air localizada na cidade de Guarulhos, Celso relata: “o nosso principal fornecedor de peças de reposição para veículos Hyundai é o varejo e o distribuidor (cerca de 80% dos itens) e na concessionária adquirimos somente itens muito específicos (20% dos itens). Já enfrentamos situações em que fomos forçados a adiar a execução do serviço por falta de disponibilidade da peça genuína na concessionária. Infelizmente, saindo dos itens de alto giro (suspensão, freios, filtros) a disponibilidade de peças nos distribuidores não é das melhores. Em nossa região, a diferença de preço entre as peças genuínas com as de qualidade original não chega a pesar muito, mas a agilidade na entrega é decisiva, pois nem o cliente e nem a oficina aceitam um carro parado por falta de peças de reposição da própria montadora. Nós prezamos muito pela eficiência e rapidez no atendimento ao cliente, por isso a concessionária Hyundai atualmente fica como última opção.”

Na oficina Megacar, Natal se preocupa bastante quando o assunto é peças de reposição Hyundai, e ele explica: “aqui na região de Pirajussara (sudoeste da capital paulista) nós encontramos muitas dificuldades para localizar estes itens, e isso nos preocupa bastante. Os distribuidores ainda não contam com um portfólio diversificado de peças para o HB20, somente o básico (discos, pastilhas, filtros), e aí você cai na concessionária, que tem uma política comercial suicida para o reparador, pois se ele comprar lá, ou vai perder dinheiro, ou se contabilizar os impostos e uma pequena margem de revenda, o preço final para o cliente fica muito fora, e ele acaba não executando o serviço por conta dos preços elevados das peças.  Por esta razão, eu acabo excluindo o HB20 das nossas recomendações quando o assunto é a compra de um veículo com baixo custo de manutenção. Outro problema sério é a disponibilidade de peças genuínas para pronta entrega, pois saiu dos itens básicos de alto giro, é só por encomenda, e muitas vezes o carro fica parado vários dias no elevador à espera das peças. Nesse ponto a Hyundai e suas concessionárias estão perdendo muitos negócios junto aos reparadores independentes, enquanto no outro extremo deste mercado, a Chevrolet é a montadora que oferece aos reparadores independentes o melhor relacionamento, a melhor logística, variedade de itens e política comercial atrativa. Se a Hyundai Brasil soubesse por exemplo o volume de peças genuínas que consumimos da rede Chevrolet, rapidamente eles fariam as contas para rever este posicionamento equivocado de manter distância dos reparadores.”

Recomendação

Não por acaso, os profissionais da reparação automotiva são frequentemente consultados por pessoas interessadas em adquirir um carro novo, e por essa razão, sempre vale a pena registrar o que estes profissionais tem a dizer.

Sob o ponto de vista do produto, Juarez considera o HB20 1.0 Turbo uma boa opção, e justifica: “ele tem um desenho bonito, é confortável e tem um ótimo desempenho nesta versão. Na manutenção, se o conjunto repetir o padrão Hyundai que estamos acostumados, e o proprietário fizer as manutenções preventivas regularmente, será um carro robusto com boa durabilidade dos componentes. As peças de reposição são mais caras do que a média, mas acabam compensando porque as trocas são menos frequentes.”

Joel endossa o parecer de Juarez, e complementa: “outro aspecto positivo é o projeto inteligente que simplifica os procedimentos de manutenção. Mas eu sempre alerto o consumidor de que as peças de reposição podem sim representar um problema na hora da manutenção, tanto pelo preço mais alto em comparação com modelos similares, mas principalmente pela dificuldade de localização e demora na entrega das peças genuínas. Apesar da garantia de 5 anos, muitos clientes já fazem regularmente a manutenção conosco, pois sabem que encontraremos soluções e alternativas mais rápidas e razoáveis.”

Celso faz incialmente uma distinção entre as versões e explica: “o modelo aspirado não me transmitiu segurança em uso rodoviário, principalmente em velocidades mais altas e em curvas. Já este modelo com motor turbo se mostra mais adequado para uso misto, pois o motor conta com mais torque e a suspensão aparentemente tem uma calibragem diferente. Na manutenção, até o momento não temos histórico de problemas recorrentes com os modelos da marca, e a incidência de manutenção corretiva em nossa oficina é muito rara, por isso tem o nosso aval positivo. As manutenções preventivas são fundamentais para evitar problemas e prolongar a vida útil do carro, e neste modelo as rotinas são simples e de rápida execução. Mas um item crítico a ser considerado na hora da compra é o preço do seguro, pois aqui na região de Guarulhos, os preços das apólices do HB20 são mais caros que de alguns concorrentes diretos.”

E Natal relata as suas orientações para os interessados no modelo: “sob o aspecto reparabilidade e confiabilidade técnica o carro vai muito bem, mas a nossa dificuldade frequente está na disponibilidade de peças de reposição genuínas. Dependendo da concessionária que o atende, ela inviabiliza a manutenção correta pela política comercial praticada e demora na entrega, e por essa razão, sou bastante cauteloso na hora de recomendar a escolha por este modelo. É sempre bom lembrar que, se as peças de reposição são muito caras e há falta de componentes no mercado, isso pode impactar no índice de furtos, jogando o preço do seguro para cima. Nos demais quesitos como design, conforto e dirigibilidade, sem dúvida é um carro que agrada muito.”