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Veja na prática porque utilizar o catalisador


A peça garante preservação ambiental e maior chance de aprovação na inspeção veicular 

Por: Arthur Gomes Rossetti - 26 de abril de 2010

Com a inspeção técnica veicular ativa na cidade de São Paulo, muitas dúvidas e mitos passaram a frequentar a mente dos reparadores independentes. Cada veículo está sendo mais que um mero cliente, mas sim uma verdadeira escola. 

Correria na oficina para instalar a tubulação oca feita especialmente para a avaliaçãoExistem casos em que apenas o HC está acima do estipulado, outros que apresentam o CO nas mesmas condições, ou seja, não existe uma ‘receita’ pronta para solucionar toda a frota, muito pelo contrário, esta fase de aprendizado demonstra que para cada motor fora do especificado é necessária determinada ação. Veja o exemplo vivido na oficina do membro do Conselho Editorial Amauri Cebrian Domingues Gimenes: recentemente um cliente proprietário de um Buggy ano 2003 chegou a Vicam Centro Automotivo com a queixa de não ser aprovado na inspeção veicular.

A primeira etapa foi a de efetuar a análise de gases. Logo foram confirmados os valores altos de HC e CO. Após regular os dois carburadores, trocar o óleo do motor e revisar todo o sistema de ignição, os valores ainda insistiam em ficar acima do ideal. O motor foi removido e aberto para análise. Dentro foi descoberto um sulco de ponta a ponta no 3º cilindro, que ocasionava um ligeiro consumo de óleo, resultando em CO alto. Logo, o motor foi todo refeito. Para fechar com ‘chave de ouro’, um catalisador foi adaptado (pois originalmente o Buggy não o possuía). Após todas as melhorias, o veículo foi aprovado, ficando com os valores de HC e CO dentro do exigido pela lei atual.

Outro caso ocorrido foi a de um Ford Escort Hobby 1.0 ano 1994 a álcool que foi aprovado na inspeção sem possuir o miolo do catalisador. Isto deixou Amauri de ‘cabelos em pé’. 

Os motivos do teste
Foi a partir destes dois casos que resolvemos convocar o auxílio de três parceiros, sendo o já citado Amauri, ‘expert’ em assuntos relacionados à exaustão, Tonicão da oficina Esther Turbo, a qual possui o equipamento dinamômetro de rolo, e a equipe da Mastra escapamentos, que contou com a presença do gerente de engenharia Valdecir Rebelatto, para elucidar toda a comunidade reparadora sobre a fundamental importância do catalisador e mostrar de maneira transparente o resultado de rodar com e sem a peça.

Correria na oficina para instalar a tubulação oca feita especialmente para a avaliaçãoO teste foi efetuado da seguinte maneira: Utilizamos um veículo Gol 1.0 8 válvulas com 110 mil km rodados, ano 2008, equipado com catalisador original de fábrica e com 90% de gasolina comum e 10% de álcool comum no tanque de combustível. 

Posicionamos o veículo sobre o dinamômetro de rolo e fizemos as medições da porcentagem de gases poluentes emitidos pelo escapamento, sendo com o motor na marcha lenta, e a outra medição com as rodas em movimento sob carga do equipamento, a simular uma situação de condução na rua.

Após esta primeira fase, repetimos o teste da mesma maneira, porém desta vez com uma tubulação catalítica oca, ou seja, instalamos um catalisador falso, sem o miolo interno. 

Condições climáticas no momento do teste: 26°C, 30% de umidade relativa do ar e 990 milibares

Condições do teste quando aplicada a carga: Dinamômetro de rolo ‘Dinomet’, com 2 Kw de carga fixa, velocidade constante de 45 km/h e 3ª marcha engatada, 90% de gasolina comum e 10% de álcool comum no tanque.

Veredito
Realizadas as medições foi possível visualizar que mesmo estando com quilometragem superior a 100 mil km, o catalisador original ainda demonstrou estar a pleno funcionamento e com eficácia comprovada.

Diferença de 9°C comprovou o funcionamento do catalisadorObs: Quando sem o catalisador, percentualmente os valores obtidos com o veículo tracionando sobre os rolos (136 PPM de HC e 0,49% de CO) podem ter sido menores em comparação quando em marcha lenta (159 PPM de HC e 0,59% de CO), porém lembre-se que o volume de gases poluentes emitidos pelo motor quando em carga é de no mínimo cinco vezes mais, ou seja, mesmo o percentual sendo menor a poluição foi maior. 

Quando equipado com a peça notamos justamente o contrário e com o auxílio de um termômetro infravermelho, aferimos na superfície externa dos cones de entrada e saída do catalisador a temperatura obtida, para também comprovar a eficiência catalítica: Em marcha lenta foi medido 11 PPM de HC e 0,02% de CO, com 136°C na entrada e 145°C na saída. Esta diferença de 9°C a mais encontrada na região de saída do catalisador demonstra que o miolo estava ativo, a efetuar a devida transformação dos gases poluentes em inofensivos.

Ao submeter o veículo à carga, o grande volume de gases vindo do motor foi responsável por elevar a temperatura do catalisador como um todo. Na superfície do cone de entrada foi medido 330°C e na superfície do cone de saída 360°C. Neste momento a eficiência catalítica atingiu o ápice do teste.

Dica: Quando em marcha lenta, a diferença de temperatura obtida entre a superfície do cone de entrada e na superfície do cone de saída deverá ser próxima a 10°C. Quanto menor a diferença, menor será a eficiência do catalisador.

Mitos e verdades sobre o catalisador e a inspeção técnica veicular

Remover o catalisador faz o carro ser mais veloz?
R: Não, pois os engenheiros das montadoras efetuam o acerto mecânico do motor e eletrônico da injeção levando em consideração a contrapressão (resistência) oferecida pelo catalisador, que em média varia de 2 a 3%, valor este menor do que um abafador de escapamento. Pelo contrário, o veículo perderá torque em baixos regimes de rotação e consumirá mais combustível.

Levar o veículo na inspeção com um catalisador ‘alugado’ garantirá aprovação?

R: Não. Muito pelo contrário, pois a probabilidade da peça ter funcionado em veículos sem manutenção nos componentes do motor é alta, o que poderá ocasionar contaminação interna e posterior queda na eficiência catalítica.

Um motor que demora a entrar em funcionamento prejudica o catalisador?
R: Sim. Enquanto o motor de partida gira o motor a combustão, o combustível será enviado aos cilindros, seja pelo carburador ou pela injeção eletrônica. Enquanto o funcionamento não é obtido, esta névoa de combustível é jogada fora pelo sistema de escapamento, que por sua vez atravessará os alvéolos do miolo do catalisador, agredindo a composição catalítica e diminuindo a eficácia da peça.

Dicas para aumentar a possibilidade de aprovação na inspeção
- Oriente o seu cliente a chegar ao posto de inspeção após rodar com o veículo por um período mínimo de 30 minutos
- Ao chegar à fila, se o técnico local permitir, permaneça com o motor ligado para que a temperatura do catalisador permaneça na faixa ativa
- Antes de descer do veículo para a análise de gases, acelere algumas vezes de maneira gradual e suave, para promover a descontaminação da tubulação de escapamento (isso antes do técnico instalar a sonda!)

Nova regulamentação sobre a fabricação de catalisadores
A partir de 03 de abril de 2010, apenas poderão ser fabricados ou importados os catalisadores com conformidade avaliada pelo INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. A medida visa garantir as características de qualidade, aplicabilidade e durabilidade compatíveis com as necessidades de controle ambiental, propiciar confiança ao consumidor, além de combater o comércio de peças falsificadas ou de baixa qualidade.

Os distribuidores, varejos e oficinas terão mais um ano para comercializar os estoques remanescentes. A partir de 03 de abril de 2011, só poderão comercializar os conversores catalíticos fabricados ou importados que estejam em conformidade com a resolução do CONAMA 282 de 2001.