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Veículos híbridos são tendência mundial


O segmento dos modelos híbridos cresce a cada ano e veja como será esta realidade na oficina

Por: Arthur Gomes Rossetti - 08 de outubro de 2010

Os veículos que contemplam em seu projeto um motor a combustão somado ao auxílio de um segundo motor, porém elétrico, é conhecido mundialmente como híbrido. A palavra híbrida tem origem grega, que significa algo originado do cruzamento de espécies diferentes. Partindo deste princípio, a união dos dois distintos motores resulta em maior eficiência propulsora, gerando superior economia de combustível, inferior emissão de gases nocivos ao meio ambiente e maior desempenho, visto o motor elétrico ter como principal virtude o torque pleno desde os baixos regimes de giro.

Vejamos o exemplo do primeiro veículo híbrido da história comercializado no Brasil: O Mercedes-Benz S400 Hybrid. Este sedã combina um potente motor 3.5 V6 a gasolina de 279cv de potência a um elétrico de 20cv, localizado entre o volante do motor e a caixa de marchas 7G-Tronic de sete velocidades à frente mais a marcha à ré.

Segundo a montadora, o motor a combustão é capaz de gerar 28,95 kgf.m de torque, e o motor elétrico 16 kgf.m, mas em condições normais de uso atingem juntos um valor ligeiramente menor, 39,24 kgf.m. O motor elétrico desta versão acumula outras funções, como motor de partida, freio motor e gerador para as baterias de íon de lítio do sistema elétrico híbrido de 120 volts. Aliás, íon de lítio é a mesma matéria prima das baterias de celular, e a principal característica é a alta eficiência operacional, boa capacidade de armazenamento e tamanho reduzido. O gerador não isenta o motor a combustão de ostentar o alternador, este sim responsável em alimentar todo o sistema elétrico convencional do veículo. Se trata de sistemas distintos, com voltagem distinta, que demandam diferentes equipamentos para diagnose e reparação.

Em funcionamento
Além do considerável incremento de potência e torque, o destaque do conjunto é a capacidade de auto regeneração, ou seja, o sistema elétrico é auto suficiente. Durante as frenagens, a própria energia cinética do veículo é aproveitada para que o próprio módulo elétrico passe a gerar energia, recarregando as baterias de íon de lítio. Ao voltar à condição de aceleração, a ECU regula o quanto de auxílio propulsor será despejado diretamente no eixo de entrada da transmissão. Desta maneira a economia de combustível pode chegar aos 9% em comparação a versão S350, que serviu de base para o projeto e possui apenas o motor 3.5 V6.

O peso adicional de todo o conjunto é de apenas 75kg. Mesmo com este adicional, no teste de 0 a 100km/h o S400 Hybrid é 0,1s mais veloz comparado ao S350, cravando a marca de 7,2s, segundo a Mercedes-Benz.

Outros dois veículos que são realidade na Europa e possivelmente estarão disponíveis no Brasil num futuro próximo são os BMW série 7 ActiveHybrid, X6 ActiveHybrid e Porsche Cayenne S Hybrid, os quais utilizam o conceito de propulsão híbrida, semelhante a solução utilizada pela Mercedes para atingir uma fatia de mercado que não abre mão do alto desempenho, mas deseja dirigir com a consciência limpa e com baixa degradação do meio ambiente.

Dificuldades para manutenção
Falar que em breve um veículo híbrido estará dentro de uma oficina independente nacional pode ser exagero, mas num futuro próximo o reparador será surpreendido com mais esta novidade tecnológica, que demanda treinamentos específicos no assunto, assim como equipamentos diferenciados para manutenção e elevado cuidado. Mas tudo isso é realidade na Europa e Estados Unidos, onde não só a rede de concessionárias autorizadas da marca detém a responsabilidade de reparação de um veículo híbrido, mas também as oficinas independentes. Em pesquisa obtemos informações sobre como a oficina encara esta nova realidade. As principais dificuldades de quem se propôs a trabalhar com este que inicialmente está sendo visto como um nicho de mercado é:

- Dificuldade para obter informação técnica, que orienta sobre os requisitos, procedimentos, testes e ferramental necessário para reparação;
- Dificuldade no diagnóstico do sistema devido a ser uma novidade que exige habituação por parte do reparador;
- Facilidade em ocasionar danos ao sistema caso algum procedimento seja ignorado, ou efetuado de maneira incorreta;
Por outro lado algumas das vantagens em trabalhar com este tipo de veículo são:
- Aumento do know how (sabedoria) do reparador, principalmente sobre sistemas elétricos;
- Maior lucratividade devido ser um serviço quase que exclusivo no mercado;
- Reconhecimento da oficina como empresa de ponta e formadora de opinião.

Comparado com o mercado brasileiro, o mercado independente norte americano apresenta algumas semelhanças, com idade da frota próxima da nossa, com média de nove anos. No futuro, quando os veículos híbridos estiverem em circulação por aqui e necessitarem de reparos, a oficina escolhida será aquela que teve interesse e disponibilidade para esta delicada e específica prestação de serviços. Se fossemos comparar com outro serviço mecânico, seria como uma oficina de reparação de transmissões automáticas ou caixas de direção, ou seja, estabelecimentos que não vemos ‘em cada esquina’.

Se esta necessidade irá demorar, isto não podemos prever, mas muito antes do que imaginamos estas máquinas poderão estar na sua oficina