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Troca preventiva de amortecedor evita desgaste em outros componentes da suspensão


Viajamos até o Centro de Treinamento e Desenvolvimento Monroe - Cedetem, em Mogi Mirim (SP), para acompanhar uma troca preventiva de amortecedores em um Ford Ka com motor 1.0, 32.000 km rodados, ano 2009

Por: Alex Haverbeck - 25 de outubro de 2012

Realizamos a substituição dos amortecedores traseiros e dianteiros quando sua ação ainda é eficaz, porém tecnicamente está com a quilometragem vencida, podendo prejudicar os demais itens da suspensão. É importante atentar-se ao ano de fabricação e à motorização do veículo em toda troca de amortecedores, pois os componentes podem variar em função destes dados. Neste caso, por exemplo, a partir de 2008 tem-se um amortecedor de configuração diferente do que é projetado para veículos até o ano de 2007. Componentes de borracha, como os coxins, variam de acordo com a motorização do veículo, então se deve adquirir os apropriados.

O coordenador de treinamento técnico da Monroe, Juliano Caretta, ensina a maneira correta e eficiente da substituição de amortecedores do Ford Ka.

“O recomendado é uma troca preventiva próxima aos 40.000 km, pois, após testes que realizamos em nosso laboratório, calculamos que em cada quilômetro rodado o amortecedor abre e fecha, em média, cerca de 2600 vezes. Podemos afirmar que com esta quilometragem, o amortecedor abriu e fechou cerca de 104 milhões de vezes, o que acarreta o desgaste natural das peças e componentes”, explica Juliano.

DESMONTAGEM
Com o veículo estacionado no elevador, ainda com as rodas no chão, o procedimento deve ser iniciado tirando a pressão de aperto das fixações nas hastes superiores dos amortecedores dianteiros e traseiros. Deve ser realizado desta maneira para que o próprio peso do carro exerça pressão e encolha a mola, contribuindo com a liberação da tensão exercida pela mesma sobre as porcas.

AMORTECEDOR TRASEIRO
1) Dentro do porta-malas, segure a haste do amortecedor com uma chave fixa 6 e afrouxe a porca utilizando, sem removê-la, com uma chave fixa 15;

2) Afrouxe as porcas de todas as rodas e, em seguida, levante o elevador até que os pneus do veículo se distanciem do chão. Retire as porcas e remova a roda. 2A) Para manter o ponto de balanceamento da roda e uma referência em relação à posição na qual estava montada no cubo, rosqueie uma das porcas no parafuso mais próximo à válvula do pneu. Faça isso sempre que for necessário remover a roda;

3) Levante o veículo no elevador para ter acesso à fixação inferior do amortecedor. Por possuir o eixo traseiro semi-independente, recomenda-se substituir um amortecedor de cada vez para preservar os flexíveis do freio e as buchas de borracha que prendem o conjunto. Com uma chave 15, solte o parafuso inferior que segura o amortecedor à suspensão. 3A) Caso haja dificuldade em retirar o parafuso devido ao peso exercido pelo conjunto, desça o elevador e apoie a suspensão sobre um cavalete;

4) De volta à parte superior do amortecedor traseiro, solte completamente a porca com a chave fixa 15. “Se o amortecedor for retirado do carro para descarte, não há necessidade de segurar a haste com a chave fixa 6. Porém, se o amortecedor for retirado para passar por uma análise, ou para outro tipo de necessidade que não o descarte, é recomendado segurar a haste do amortecedor com a chave fixa 6 e soltar a porca com a chave 15, para não danificar a banda que envolve o pistão internamente”, explica Juliano;

5) Force a suspensão para baixo... 5A) ...e retire o amortecedor;

6) Apoie a suspensão em um cavalete durante a preparação do novo amortecedor a ser instalado. Isso evitará uma carga desnecessária nos flexíveis de freio e nas buchas;

7) Prenda a parte inferior do amortecedor em uma morsa de bancada para desmontar o conjunto. Serão aproveitados a mola (caso esta também não seja substituída) e o prato superior. 7A) Posicione e exerça pressão no encolhedor de molas, até a mola ficar solta. Sempre posicione os encolhedores opostos em 180° um do outro;

8) Retire o anel-trava que mantém o coxim montado, sem “abrí-lo”, apenas empurrando-o para cima, para que não perca sua força elástica. Caso este estrague, é necessário comprá-lo separadamente;

9) Remova os componentes como prato, coxim, batentes, coifa (guarda-pó) e mola;

10) Faça o descarte do amortecedor de forma correta, para evitar que o componente seja utilizado de forma imprópria ou remanufaturado. Inutilize a peça amassando o tubo externo (foto 10) e esmerilhando sua haste (foto 10A);

“Tecnicamente, não é possível recondicionar o amortecedor, pois ele é composto por peças que sofrem desgaste interno, e estas não são vendidas em nenhum lugar. O que geralmente se faz é pintar externamente a peça, ou trocar o óleo contido no amortecedor. Mas ao furar a carcaça do componente para substituir o lubrificante, cavacos entram no cilindro e podem prejudicar seu funcionamento. Além disso, o óleo que é colocado no amortecedor não é o específico para este fim. Coloca-se óleo de motor, de câmbio e até de cozinha”, alerta Juliano.

11) Ao adquirir o novo componente, confira sempre o código de catálogo e a aplicação mediante as características de ano e motorização do veículo. Neste caso, código Monroe 27341. Em caso de dúvidas na aplicação, consulte a Central de Relacionamento Monroe, através do tel: 0800-166004.

“O novo amortecedor que será colocado é do tipo pressurizado, ou seja, voltado para a estabilidade, contém óleo e gás em seu interior, enquanto o convencional, que oferece mais conforto, tem com óleo e ar. Em qualquer um dos casos, é necessário executar a sangria (ou escorvamento), ou seja, equalizar a peça para que o amortecedor funcione corretamente desde o momento de instalação e também remover quaisquer resíduos de ar ou gás remanescentes no tubo interno”, explica. “Alguns reparadores dizem que este procedimento é desnecessário por que, ao montar o amortecedor no carro, a sangria aconteceria naturalmente (o que não está errado). Mas pode demorar até 15 dias rodando, para sangrar por completo. Fazendo o procedimento manualmente é possível abrir e fechar o amortecedor até o limite total, diferente do que acontece quando montado no veículo”, completa Juliano;

12) Para realizar este procedimento, segure o amortecedor em pé (com a haste aberta e voltada para cima). Gire a peça em 180° e pressione a haste contra uma superfície firme, empurrando-a para dentro do corpo do amortecedor (foto 12). Em seguida, gire a peça novamente em 180° e solte a haste, para que ela volte à sua posição de descanso (aberta). Se quiser, auxilie puxando a haste com a mão (foto 12A). Repita a operação de abrir e fechar o amortecedor por 3 a 4 vezes;

13) Sempre que for feita a substituição dos amortecedores, é recomendado realizar também a troca do kit (batente, coifa e coxim). Encaixe corretamente o batente na coifa (com o furo maior no batente voltado para dentro da coifa);

Dar preferência ao batente fabricado em uretano porque, conforme vai se desgastando, este se esfarela. Os fabricados em borracha, quando se desgastam, acabam “grudando” na haste do amortecedor e, durante sua movimentação podem danificá-lo ou até travá-lo. Pode também causar o vazamento do amortecedor;

14) Monte o conjunto na haste. Obs: o furo central menor no batente deve estar sempre voltado para cima, isto é regra para qualquer veículo. 14A) Verifique se a base da coifa está encaixada corretamente no amortecedor;

15) Quando é feita a troca dos amortecedores, recomenda-se fazer também a substituição das molas, até porque são componentes que trabalham juntos. Recoloque (ou substitua) a mola no amortecedor, ainda encolhida. Verifique a condição das mangueiras que envolvem e isolam a mola, para evitar futuros ruídos em contato com os pratos de assentamento da mola;

16) Observe que as extremidades das molas estejam bem apoiadas. A mola deve estar assentada no “stop” (destacado em vermelho) do prato inferior (foto 16) e do superior (foto 16A);

17) Coloque o coxim, com o ressalto de borracha voltado para o lado do pneu do carro. Para identificar esta posição, basta alinhar este ressalto com a porca inferior de fixação do amortecedor (destacados em vermelho);

18) Recoloque o anel-trava. 18A) Pressione-o para baixo com uma chave de fenda e certifique-se de que esteja bem encaixado;

19) Retire os encolhedores da mola e confira se os componentes permaneceram em suas posições;

20) De volta ao veículo, retire o cavalete sob o eixo. Desça um pouco o elevador e introduza primeiro a parte superior do amortecedor, observando para que o ressalto no coxim (indicado na etapa 18) encaixe na cavidade do suporte do coxim traseiro, dentro do porta-malas (indicado na foto 20). 20A) Em seguida, force o eixo para baixo e aloje a parte inferior do amortecedor. Rosqueie o parafuso manualmente, sem dar aperto e calce o eixo com o cavalete novamente;

21) Dentro do porta-malas, posicione a arruela metálica... 21A) ... e a emborrachada;

22) Recoloque a porca e dê um leve aperto, segurando a haste do amortecedor com a chave 6. O aperto final será feito com o veículo apoiado no chão, em uma etapa mais adiante. Obs.: a porca que foi retirada com o amortecedor antigo é tamanho 15, as porcas que vem junto com os amortecedores de reposição são 17;

23) Dê o aperto final no parafuso da fixação inferior do amortecedor;

24) Recoloque a roda, lembrando-se do alinhamento da porca com a válvula do pneu, feito na etapa 2A. Aperte as porcas da roda em “X” e em seguida desça o elevador até que as rodas do veículo encostem no chão.

25) Balance o veículo para fazer o assentamento dos componentes da suspensão. Novamente com as chaves fixas 6 e 17, faça o aperto final na porca da haste do amortecedor traseiro. Não é recomendado fazer este aperto com pistola pneumática nem exceder o torque de aperto com a chave.

DIANTEIRO
26) Com o veículo ainda no chão, solte a pressão no amortecedor dianteiro encaixando o sextavado da ferramenta (chave para soltar a porca do amortecedor) na ponta da haste (no cofre do motor). Afrouxe a porca sem removê-la, utilizando uma chave fixa 19;

27) Levante o elevador e remova a roda dianteira, lembrando-se do alinhamento da porca com a válvula do pneu, vide etapa 2A;

28) Solte a fixação do flexível de freio com uma chave 15, preso ao corpo do amortecedor;

29) Com uma chave 19, afrouxe o parafuso da manga de eixo. 29A) Retire o parafuso;

30) É comum alguns reparadores utilizarem o pé para desmontar a manga de eixo do amortecedor. Este procedimento pode desconectar o eixo motriz (conhecido também como cruzeta ou bolachão). O correto é utilizar a chave para expandir a manga de eixo (foto 30) e aumentar o diâmetro do furo onde está encaixado o amortecedor. Para usar esta ferramenta, conecte-a a um braço de força e insira-a na fenda da manga de eixo. 30A) Gire o braço em 90° para alargar a manga de eixo, deixe a ferramenta inserida na fenda da manga e desconecte o braço de força;

31) Force a manga de eixo para baixo e separe o amortecedor;

32) De volta ao cofre do motor, com a chave sextavada e a fixa 19 solte a rosca da porca, sem removê-la totalmente. Deixe alguns fios de rosca para segurar o conjunto;

33) Segure o amortecedor por baixo e termine de desrosquear a porca com a mão. Remova o amortecedor;

34) Prenda a parte inferior do amortecedor na morsa de bancada para desmontar o conjunto. Posicione os encolhedores de molas opostos em 180° um do outro e exerça pressão até liberar a mola;

35) Segure a haste e, com uma chave 19, solte a porca do conjunto. 35A) Retire o rolamento, o prato superior, a mola, o batente e o guarda-pó. Inutilize o amortecedor como demonstrado nas etapas 10 e 10A;

36 e 36A) Pegue o novo amortecedor e realize o escorvamento (processo manual de sangria), demonstrado na etapa 12;

37) Prenda o amortecedor na bancada e instale o novo kit dianteiro (batente - com o furo maior voltado para baixo e o guarda-pó, encaixando-o sua base corretamente no amortecedor);

38) Substitua (ou recoloque) a mola, posicionando a extremidade da mola no “stop” do prato inferior. Verifique a condição das mangueiras que envolvem a mola, para evitar futuros ruídos;

39) Coloque o prato superior, também se atentando à posição do “stop” em relação à mola;

40) Insira o novo rolamento na posição correta, coloque a porca e aperte todo o conjunto utilizando uma chave 19, segurando a haste do amortecedor com a chave específica;

41) Verifique se as duas extremidades da mola permaneceram em suas respectivas posições no “stop”. 41A) Descomprima as molas e retire os encolhedores;

42) Recoloque o coxim superior que, por ser simétrico (diferentemente do coxim traseiro), não possui nenhuma referência lateral para montagem. Apenas observar se as estrias estão voltadas para cima;

43) De volta ao veículo, posicione o amortecedor com a “orelha” que será encaixada na fenda voltada para trás, e fixe-o primeiramente pela parte de cima. 43A) Coloque a porca na haste e passe alguns fios de rosca para segurar a coluna. O aperto final será feito em uma etapa mais adiante;

44) Force a manga de eixo para baixo e encaixe o amortecedor;

45) Retire a chave de expansão da manga de eixo (sem foto);

46) Coloque o parafuso... 46A) ...e faça o aperto;

47) Posicione o guia do flexível de freio... 47A) ... e aperte a porca com a chave 15;

48) Recoloque a roda utilizando a referência da válvula do pneu (etapa 2A) e faça o aperto em “X”;

49) Balance a suspensão dianteira para que todos os componentes se acomodem;

50) Desça o elevador até que as rodas do veículo toquem o chão e realize o aperto final, na parte superior.

Para manter a integridade do conjunto, após toda troca de amortecedores é recomendado realizar o alinhamento e balanceamento das rodas. Estes procedimentos posicionarão corretamente as rodas em relação ao solo.