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Chevrolet Sonic 1.6 16v motor Ecotech - Procedimentos para substituição da correia dentada


Conheça as particularidades deste propulsor de alta tecnologia, que exige conhecimento adequado e ferramentas específicas para execução precisa das etapas de sincronismo

Por: Tenório Júnior - 13 de agosto de 2016

Em meados de 2012 chegou ao Brasil, importado da Coreia do Sul, o Chevrolet Sonic.  Definido pela montadora como um compacto premium, com design diferenciado e exclusivo, foi disponibilizado em duas versões: hatch e sedã, ambas equipados com o motor Ecotec 1.6 16v - inédito no Brasil. O propulsor conta com a tecnologia de duplo comando válvulas continuamente variáveis (CVVT) e coletor de admissão variável (VIM), que permite respostas satisfatórias tanto em baixa quanto em alta rotação. 

Figura 1A sincronização dos comandos de válvulas com a árvore de manivelas é feita pela correia dentada que, ao longo de sua vida útil, naturalmente sofre desgaste e fadiga, por isso, deve ser substituída preventivamente. De acordo com o fabricante, a substituição da correia dentada dos motores Ecotec 1.6 16v e 1.8 16v deve ocorrer a cada 90.000 km. 

Apesar de ser um trabalho tranquilo, ou seja, sem grandes dificuldades, é extremamente técnico e requer ferramentas específicas para o travamento das polias das árvores de comando de válvulas e da árvore de manivelas. (fig. 01)

Figura 2

Atenção! O sincronismo das polias dos comandos não condiz, necessariamente, com o sincronismo dos comandos. Sendo assim, se for necessário fazer o ajuste do sincronismo dos comandos, será inevitável a utilização de outra ferramenta que deverá ser colocada diretamente nos comandos (fig. 1). Para isso, retire a tampa de válvulas e posicione os comandos até o encaixe perfeito da referida ferramenta. Com os comandos travados na posição correta, posicione as polias (que já deverão estar soltas) na posição indicada e coloque as ferramentas para travar (fig. 2).

Importante: Se o veículo chegar à oficina para a substituição da correia dentada estando em perfeito funcionamento, ou seja, sem falhas, trepidações ou variações em marcha lenta, não haverá a necessidade de retirar a tampa de válvulas para travar o comando - uma vez que o sincronismo não se perde sozinho. Travando apenas as polias, o sincronismo permanecerá inalterado.

Em contrapartida, se o veículo chegar à oficina com os sintomas citados acima, verifique o histórico de manutenção do mesmo, desconfiando que por algum motivo os comandos de válvulas podem ter ficado fora de sincronismo, mesmo que as polias estejam com os pontos alinhados.

No procedimento a seguir assume-se que o veículo não apresentava nenhuma avaria no funcionamento do motor, apenas uma troca preventiva, da correia dentada, por quilometragem.

Além da correia dentada há outras duas do tipo poly-v: uma para acionar a bomba da direção hidráulica, através da bomba d’água e outra que aciona o alternador, bomba d’água e ar- condicionado. 

Nota: Se for substituir a correia poly-v principal, será necessário remover a correia da bomba da direção hidráulica - no manual técnico recomenda-se cortar essa correia para removê-la – por ser elástica e não possuir tensionador. No entanto, com técnica e cuidado é possível removê-la sem causar danos e recolocá-la, caso não encontre a peça para a reposição e a mesma esteja, visualmente, em ótimas condições de uso. Ainda assim, oriente o cliente a efetuar a substituição assim que possível, sob o risco de quebra.

Procedimento passo a passo para a desmontagem e sincronização da correia dentada.

01. Retire a roda dianteira direita, o para-barro e o protetor de cárter para ter melhor acesso ao sistema (fig. 3 e 4).

Figura 3 e 4
02. Com uma chave do tipo soquete estriado, gire o tensionador da correia poly-v principal, no sentido anti-horário, até alinhar os furos para travar a peça, facilitando assim, a remoção da correia (fig.5 e 6). 

Figura 5 e 6
03. Remova o tensionador soltando o parafuso que está no centro da peça (fig. 7).

Figura 7
04. Gire o motor no sentido horário, até que a marcação da polia do virabrequim se alinhe com a referência existente na capa que está atrás da polia (fig. 8).

Figura 8
05. Retire a porca que fixa o motor ao câmbio e introduza a ferramenta para travar o volante (fig. 9).

Figura 9
06. Remova e descarte o parafuso da árvore de manivelas, em seguida retire a polia (fig.10). 

Figura 10

Dica do consultor OB!
Verifique a correta posição da arruela do parafuso da polia (fig. 11). Se colocar o ressalto da arruela para o lado da polia, fatalmente irá se soltar e danificar a “chaveta” da engrenagem do virabrequim, polia e possivelmente o próprio eixo do virabrequim. (defeito constatado por mim em outros veículos da mesma marca que utilizam sistema idêntico – Corsa, Celta e Prisma).

Figura 11


07. Retire a capa de proteção da correia dentada que é fixada por quatro parafusos (fig. 12 e 13). Confira se a marca da engrenagem coincide com a referência do motor (fig. 14).

Figura 12, 13 e 14

08. Agora na parte de cima, retire a caixa do filtro de ar e a capa superior da correia dentada (fig. 15 e 16).

Figura 15 e 16

09. Coloque a ferramenta para manter o motor suspenso (fig. 17), retire o coxim do motor (18 e 18A) e seu suporte (fig. 19) 

Figura 17 e 18

Figura 18A e 19

10. Retire a capa de proteção que fica apenas encaixada na outra proteção interna (fig. 20). Cuidado para não quebrar as travas que ficam nas laterais dessa capa, elas são frágeis (fig. 21).

Figura 20 e 21

11. Verifique se as marcas das polias estão alinhadas (fig. 22) e coloque as ferramentas para travar os comandos de válvulas (fig. 23).

Figura 22 e 23 

Atenção: A marca em forma de ponto na polia do comando de admissão NÃO DEVE se alinhar à “listra” gravada em alto relevo na ferramenta. O ponto da polia fica um pouco acima da marca na ferramenta. Já na polia do comando de escape, a marca da polia DEVE SE ALINHAR com a “listra” gravada na ferramenta. 


12. Com uma chave Allen, alivie a tensão do rolamento tensionador da correia dentada e remova a correia. Logo após, remova o tensionador. (fig. 24) e o rolamento de apoio (fig. 25).

Figura 24 e 25

Cuidado! Não se deixe enganar pelas aparências. Mesmo que o tensionador ou o rolamento de apoio não apresentem avarias visíveis ou perceptíveis, substitua-os! Pois não é possível saber se eles irão aguentar até a próxima troca da correia.
Para a instalação da correia, proceda da forma inversa à desmontagem. Utilize sempre peças originais.
Dica: é possível encontrar as peças originais no mercado independente com uma diferença de preço considerável, cerca de 50% a menos, em relação às genuínas. 

13. Após a instalação da nova correia, retire as ferramentas que travam as polias dos comandos e a árvore de manivelas, dê duas voltas completas girando o motor no sentido horário. Verifique se o sincronismo está correto reinstalando as ferramentas, se estiver fora, refaça todo o procedimento. Esse cuidado é fundamental para evitar problemas e retrabalho.

14. Na certeza do correto sincronismo, coloque as capas de proteção da correia dentada e a polia da árvore de manivelas utilizando um parafuso novo – torque recomendado em três etapas: 1ª – 95 Nm / 2ª – 45° / 3ª – 15°.

Atenção! Ao colocar as correias poly-v, certifique-se de forma minuciosa de que estão bem encaixadas em todas as polias - é muito comum ficar fora da estria. 

Considerações finais

A substituição da correia dentada é um trabalho delicado que exige conhecimento, técnica e ferramental específico. Por isso, deve ser realizado por profissionais qualificados, pois um erro de procedimento pode provocar desde alterações no funcionamento do motor até a quebra prematura da correia, causando danos ao motor e grandes prejuízos. 

Alguns procedimentos básicos não foram descritos porque são de domínio comum entre os reparadores gabaritados para a execução dos serviços supracitados.