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Range Rover Sport HSE SDV8 esbanja performance e conforto, mas é um carro para poucos privilegiados


SUV Inglês impressiona pela elegância, requinte e vanguarda tecnológica, mas na hora da manutenção, alguns itens podem surpreender o seu proprietário

Por: Jorge Matsushima - 25 de junho de 2016

Em 1947 nas areias de uma praia galesa, Maurice Wilks rabiscava a silhueta de um novo veículo (foto 1), capaz de enfrentar e superar qualquer tipo de terreno. Nascia ali uma nova e mítica marca chamada Land Rover, que instigaria aventureiros de todas as partes do planeta a realizarem as suas aventuras, em expedições lendárias e conquistas memoráveis.

Em 1970, os intrépidos e robustos modelos Land Rover, que já gozavam de grande prestígio no mundo automotivo, ganhavam uma linhagem mais nobre e sofisticada, denominada Range Rover, que foram os primeiros e legítimos SUV de luxo do mercado. Todavia eles mantinham o DNA aventureiro muito vivo em sua concepção, e a sua trajetória também foi marcada por inúmeras aventuras e conquistas. Em 1972 tornou-se o primeiro veículo a concluir a expedição Trans- América de mais de 28.000 km, incluindo a desafiadora travessia do Estreito de Darien, na América do Sul. Em 1974 concluiu em 100 dias uma jornada épica na travessia do deserto do Saara, comprovando sua resistência e insuperável capacidade de adaptação em qualquer tipo de terreno. Estes atributos o levaram ainda às vitórias no Rallye Dakar nas edições de 1979 e 1981.

Entre uma aventura e outra, os modelos Range Rover continuaram evoluindo em luxo, tecnologia e prestígio, e passou a ser a marca preferida de grandes personalidades, desde membros da realeza de vários países, e passando principalmente por atores, músicos, esportistas e todo o tipo de celebridades.

Em tempos modernos e em sua quarta geração (foto 2), o Range Rover chega ao ápice em termos de sofisticação, dirigibilidade e prestígio.

E para provar que continua aventureiro e capaz de surpreender em qualquer condição, participou recentemente do famoso desafio da subida de Pikes Peak, conhecida como PPIHC (Pike Peak International Hill Climb) que é um evento que acontece anualmente desde 1916 no Pico Pikes em Colorado Springs, Estados Unidos, em um trajeto sinuoso composto por 156 curvas, muitas delas sem nenhum tipo de proteção (foto 3A), com extensão de 19,99 km (12,42 milhas) e um desnível de 1.400 m desde a largada até o cume que atinge 4.300m de altitude, o que representa uma rampa com inclinação média de 7%. Em 6 de junho de 2013, nas mãos do experiente piloto Paul Dallenbach, um modelo Range Rover Sport estabeleceu para a época um novo recorde mundial para veículos de produção em série sem modificações, com o tempo de 12’35”61 (foto 3B).

 

São feitos notáveis como estes que explicam todo o glamour, o desejo e a paixão que a marca desperta em afortunados e felizardos consumidores pelo mundo afora.

Mas aqui no Jornal Oficina Brasil, o desafio é outro, e o Range Rover Sport SDV8 enfrenta a realidade do pós-venda, passando pela avaliação de experientes reparadores, acostumados a lidar com toda esta tecnologia e sofisticação. São eles:

Rafael Morato Alves de Godói (foto 4), 35 anos, 20 anos de mercado, e há cinco anos sócio proprietário da Autech Motors localizado na Vila Guilherme, São Paulo-SP. Começou a carreira trabalhando em concessionárias como eletricista, mas sempre procurou novas qualificações e treinamento em outras áreas, chegando rapidamente ao cargo de consultor técnico, e em seguida partindo para o empreendimento próprio. A Autech Motors é especializada em veículos importados do segmento Premium.

Marcos Aurélio (foto 5), 40 anos, reparador e empresário, trabalha desde os 14 anos no segmento. Começou com o pai, Sr. Aurélio, que fundou a empresa Aurélio Imports em 1987, localizado no Jardim São Paulo, na Capital Paulista, onde atendem muitos clientes com carros importados do segmento Premium.

 

Primeiras impressões

  

O design com toque britânico (foto 6) tem uma presença marcante que impõe respeito e desperta admiração por onde passa. Detalhes bem trabalhados como as rodas de liga leve aro 21”, faróis de xênon com assinaturas em led (foto 7A), lanternas em led (foto 7B), e detalhes nas molduras das tomadas de ar sobre o capô e laterais (foto 7C) valorizam ainda mais o conjunto.

 Rafael aprova o interior do carro, e comenta: “apesar desta versão ainda não ser a top de linha, ele é bem completo. A parte interna ficou bonita, de muito bom gosto (foto 8). O acabamento é superior em relação às versões anteriores, e esses detalhes como a linha de costura aparente nos acabamentos do painel, bancos e volante, tudo em couro, colocam a marca próxima ao padrão dos alemães.”

Marcos chama a atenção para o uso intensivo de alumínio, tanto na carroceria, como em diversos componentes mecânicos, que reduziram o peso total do carro em cerca de 420kg, e Marcos comenta: “Isso melhora tudo, desde a economia de combustível, redução de emissões de poluentes, desempenho e comportamento dinâmico do veículo.”

A suspensão pneumática controlada eletronicamente oferece muito conforto e diversas alternativas de configurações, entre elas o controle de altura do veículo, que vai desde a mais baixa para melhorar a acessibilidade (foto 9A), intermediária para uso urbano e estrada (foto 9B), e a alta para uso off road (foto 9C). A altura livre do solo vai de 278mm a 329mm.

O sofisticado sistema de gerenciamento da suspensão, o Terrain Response 2, seleciona automaticamente o tipo de tração mais adequado para cada tipo de terreno (foto 10), acionando a tração integral em conjunto com a caixa de transferência, com opções de redução em condições extremas de rodagem. Se o condutor desejar, pode selecionar manualmente entre as 6 opções, que são Normal, Grama/Cascalho/Neve, Lama e Sulcos, Areia, Pedras em Marcha Lenta e Modo Dinâmico (condução esportiva).

      

Rafael elogia o sistema de ar-condicionado digital quadrizone e o sistema de som original Meridian, e aponta outros itens interessante como o sistema multimídia com navegação e TV, e que oferece para os passageiros de trás duas telas independentes de 8” com fone de ouvido sem fio. Na frente a tela de 8” é touchscreen de alta resolução, e pode ser dividida entre motorista e passageiro de forma independente, e o painel de instrumentos também é uma tela de alta resolução que simula instrumentos analógicos (foto 11A).

Marcos observa que somente carros premium contam com itens de conforto como a pequena geladeira no console central, teto solar panorâmico (foto 11B), bancos dianteiros com múltiplas regulagens, sistema de massagem nas costas e bancos revestidos em couro com recurso de refrigeração.

Segurança

 

Além de 8 airbags, o modelo conta com um arsenal de sistemas que atuam independente da ação do motorista, e preservam o controle e estabilidade nas mais variadas situações, tais como o ABS (sistema antitravamento das rodas); EBD (distribuição da força de frenagem); CBC (controle de frenagem em curva); DSC (controle dinâmico de estabilidade – foto 12); EBA (assistência a frenagens de emergência); ETC (controle eletrônico de tração); GAC (controle gradativo de aceleração); GRC (controle gradativo de liberação) e HDC (controle de descida em declive), entre outros.

 

 Dirigindo o Range Rover Sport

Na percepção de Rafael, houve uma grande evolução nesta geração da Range Rover, e ele registra seu parecer: “essa versão tem um comportamento completamente diferente das anteriores. É muito confortável, e a suspensão pneumática mantém o carro bem estável, sem oscilações como os antigos, e absorve muito bem as imperfeições do piso. A transmissão de 8 velocidades é outra boa novidade, e as trocas são muito precisas e suaves, sem trancos como em algumas versões anteriores. O motor tem muito mais torque e boa potência, e isso permite que a troca de marchas aconteça a 3.000 rpm, o que pode gerar economia e baixas emissões. Os freios são muito eficientes, e pelo menos até aqui, o pedal não faz aquele rangido quando acionado.”

Marcos (foto 13) também elogia a evolução do modelo, e comenta: “este motor, apesar de ser diesel com 8 cilindros, tem um nível de ruído muito baixo, o que comprova a eficiência do isolamento acústico. O desempenho é fantástico, comparável ao de um esportivo, e o interessante é que este motor atende muito bem as duas propostas, ou seja, com muito torque em baixas rotações vai muito bem no uso off road e áreas urbanas, e com a alta potência, vai muito bem em estradas ou em uma condução mais esportiva. Qualquer motorista vai conseguir uma boa posição para dirigir, e a visibilidade é excelente, pois o carro é alto. A direção com assistência elétrica é progressiva, e tem uma boa pegada. É um carro prazeroso de se dirigir, e as trocas de marchas são bem escalonadas e a transição é muito rápida e suave, quase imperceptível. Os freios são muito eficientes para o peso do carro, e transmitem muita segurança. É um carro que atende com muito conforto o dia a dia urbano, e apesar de ser um pouco grande para achar uma vaga para estacionar, conta com o Park Assist que auxilia nas manobras. Outra função muito útil na cidade é o ASL, que seleciona limites de velocidade, muito bom para evitar multas. E nos finais de semana, você consegue encarar qualquer terreno, com direito a piloto automático e múltiplas opções de tração.

 

Motor SDV8 4.4 Bi-turbo

 

O novo motor SDV8 (foto 14) tem uma estrutura toda produzida em alumínio (cabeçote, bloco e cárter), e veio para complementar a gama de opções de motores ciclo diesel para os modelos Range Rover, oferecendo performances ainda mais consistentes.

Segundo a Land Rover, este propulsor gera 40Nm a mais de torque e 33 cv a mais de potência do que a versão SDV6 de 6 cilindros, que continua disponível para as versões de entrada. Nos modelos top da Range Rover, é possível ainda optar por motores a gasolina com mais potência (510 e 550 cv), mas em termos de torque, o SDV8 diesel é o mais forte disponível.

Sob o ponto de vista da manutenção, Rafael e Marcos constataram que houve significativas mudanças, a começar pela estrutura da carroceria, que agora é monobloco (foto 15), e isso muda completamente o acesso ao motor, e Rafael explica mostrando um veículo em manutenção na sua empresa:

“Na geração anterior, é preciso separar a carroceria do chassi (foto 16), e aí você tem o acesso a todos os componentes. Pode ser trabalhoso, mas com experiência, em média com 3 horas de serviço você consegue separar a carroceria, e aí o acesso ao powertrain e demais conjuntos mecânicos fica bem facilitado. No monobloco economizamos este tempo para alguns procedimentos, mas se precisar remover o motor para um reparo, aí vai dar mais trabalho, e provavelmente precisaremos desmontar a parte da frente do carro.”

Sobre o motor propriamente dito, Rafael relata: “aqui na Autech Motors, nós atendemos muitos casos de quebra de motores Land Rover Diesel, principalmente as versões 2.7 litros que equipam a Discovery 3, e já pegamos alguns casos com a versão V6 de 3.0 litros também. Geralmente é o virabrequim que quebra. Não dá para afirmar que é o combustível, se foi mau uso, ou se pode ser uma fragilidade do motor. A questão é que eles estão quebrando, e o conserto é bem caro e trabalhoso. Quem tem esse tipo de carro gosta de ‘pisar forte’, por isso acredito que este novo motor V8 deve suportar melhor o uso mais intenso, e espero que a Land Rover tenha reforçado o virabrequim.”

  

Marcos observa atentamente o novo motor V8 (foto 17) e relata: “aqui é tudo novo e diferente. Podemos ver nitidamente duas bancadas de quatro cilindros, uma de cada lado, e cada uma com seu conjunto de filtro de ar, sensor de massa de ar, coletor de escape, e turbina, por isso ela é bi-turbo, uma para cada bancada de 4 cilindros. O filtro de óleo do tipo refil ficou bem centralizado, o que facilita bastante a sua troca. Troca do filtro de ar é bem tranquila, e não há vareta de leitura do nível do óleo, que é feita no painel.”

Rafael observa um novo componente, que é um pequeno radiador de combustível (foto 18), que ajusta a temperatura ideal do diesel antes de ser injetado no motor, e que ajuda a controlar a temperatura de combustão dentro da câmara.

Marcos reforça um alerta: “estes motores só podem utilizar diesel S10 de boa qualidade, e o óleo lubrificante com a especificação exata definida pelo fabricante, pois caso contrário a vida útil do motor pode ser comprometida. Um dos primeiros itens sujeitos a problema com combustível adulterado é a válvula EGR, que fica toda carbonizada. Manter a troca dos filtros de óleo e de combustível em dia é fundamental para prolongar a vida útil deste motor, sempre com itens originais de reposição. Não vale a pena arriscar.”

Marcos aponta outros itens interessantes no motor: “uma outra inovação aqui é que em cima de cada cabeçote (um de cada lado do motor), os coletores de admissão e tampa de válvulas são integrados em uma peça única. Na frente do cabeçote da direita, temos a bomba de vácuo, presente em todos motores turboalimentados, uma vez que não há depressão no coletor de admissão. Essa bomba de vácuo é um componente que apresenta muitos problemas na manutenção. E na frente do cabeçote à esquerda, fica a bomba de alta pressão do diesel.”

Rafael aponta ainda, no lado direito do cofre do motor, dois itens interessantes, que é o sistema de captação de ar elevado, utilizando a estrutura do capô (foto 19), e os pontos de conexão auxiliar da bateria, com o polo positivo devidamente protegido.

Na parte de baixo do motor (foto 20), Marcos observa que é preciso remover o protetor de cárter, feito em chapa de alumínio, para esgotar o óleo do cárter, e comenta: “o acesso por baixo é bom, incluindo o filtro de material particulado, ou DPF (foto 21), sensores de oxigênio e correia de acessórios. O sistema de turboalimentação é complexo, pois é tudo em dobro, e envolve o controle eletrônico das válvulas wastegate.”

 

 

Marcos faz outro alerta: “um outro item que costuma apresentar problemas nos motores Land Rover, são as mangueiras de pressão da turbina e do intercooler, que costumam rachar ou estourar. É sempre bom conferir o estado delas, e vamos acompanhar se neste motor novo melhorou a durabilidade das mangueiras. Aqui o sistema de interligação do intercooler é bem diferente (foto 22), e merece um bom estudo.” 

 

 

   

Transmissão

 

A transmissão ZF de 8 marchas é um dos pontos altos do veículo, mas ele é apenas um componente do sofisticado sistema de transmissão (foto 23), que incluem uma caixa de redução e transferência (foto 24), que redistribui de forma seletiva o torque para os eixos dianteiro e traseiro, e em cada eixo um diferencial inteligente controlado eletronicamente (foto 25). Este conjunto é gerenciado pelo sistema de distribuição de torque (Torque Vectoring by Braking) que na prática controla a velocidade ideal para cada roda, principalmente em curvas, aumentando a aderência ao solo, reduzindo a rolagem e transmitindo uma direção muito segura, com ritmo constante.

   Freio e Suspensão

   

A suspensão pneumática é independente nas quatro rodas, com sistema double-wishbone na dianteira (foto 26) e avançado layout multlink na traseira (foto 27). Os freios dianteiros usam discos ventilados de 380 mm de diâmetro, e pinças de freio de 20” da renomada marca Brembo. Na traseira os discos também são ventilados, com 365 mm de diâmetro.

Marcos e Rafael identificam o conjunto formado pelas bolsas de ar, o compressor de ar da suspensão (fixado no agregado traseiro), os amortecedores de variação contínua (CVD – foto 28) e a barra estabilizadora ativa (foto 29).

 

   

Marcos explica: “o sistema “Adaptative Dynamics” faz um monitoramento do piso (500 vezes por segundo) e o módulo central da suspensão ajusta eletronicamente a altura e a rigidez de cada roda, conforme a situação. Em curvas feitas em alta velocidade, a barra estabilizadora, que tem um acionamento hidráulico, ‘puxa’ o carro para baixo, baixando o centro de gravidade e mantendo o nivelamento. Já nos terrenos off road, ela ‘empurra’ o carro para cima, para melhorar o vão livre com o solo. É uma tecnologia sofisticada, que eu vi pela primeira vez em veículos BMW, e a Land Rover mostra que está investindo em seus produtos. Outro detalhe que chama a atenção, é que além da carroceria e do motor, todos os principais componentes da suspensão como bandejas, mangas de eixo, braços e agregados são feitos em alumínio! Agora vamos ver depois de uns 4 ou 5 anos como estará o estado de conservação destes componentes, pois o custo para troca de componentes da suspensão será bem elevado.”

Rafael também admira toda esta tecnologia, mas reforça o alerta: “o conforto e a segurança deste sistema de suspensão é realmente impressionante. Mas na prática, o que podemos concluir pelo histórico de manutenção que ocorre em nossa oficina, é de que este conjunto tem uma vida útil curta, pois atendemos vários casos de troca das bolsas de ar e do compressor. Portanto não há dúvidas de que em nossas ruas esburacadas, cheias de lombadas e valetas, e no uso off road, poucos carros vão oferecer a eficiência e o conforto de uma Range Rover, mas o custo deste conforto é alto, porque o conjunto pneumático é menos resistente do que as tradicionais molas helicoidais, e requer uma manutenção preventiva, que inclui a substituição de componentes bem caros.”

 

Outros itens

 

Marcos observa que o tanque de diesel de 105 litros é dividido em duas partes (foto 30), e que portanto há duas bombas de combustível, uma de cada lado, e reflete: “em velocidade constante, estamos falando em uma autonomia perto de 900km, mas para encher esse tanque, precisa desembolsar quase R$ 300,00!”

Rafael aprova a boa proteção na parte inferior dos tanques, e também a colocação do estepe por dentro do veículo (piso do porta malas), que o mantém protegido de furtos. Mas atento, observa que deixaram de utilizar a porca com segredo nas rodas.

Os pneus de rodagem contam com o sistema de monitoramento da pressão no painel.

 

Informações Técnicas

 

Rafael e Marcos trabalham no segmento de veículos Premium importados, e pela experiência de ambos, por parte da montadora e da rede concessionária local, não há nenhum canal de acesso para informações técnicas.

E Rafael comenta: “Para mexer com veículos Premium, tipo Land Rover, BMW ou Mercedes por exemplo, é preciso ter o scanner original. Os scanners de mercado ajudam até um certo ponto para quem atua como multimarcas, e vai atender uma vez ou outra esse tipo de carro. Mas para aqueles que pensam em se especializar em algumas marcas premium, tem que investir em equipamentos dedicados de cada marca”.

Marcos vai pela mesma linha, e dá algumas dicas interessantes: “Nós temos scanners de mercado (nacionais) atualizados, que até acessam estes veículos, mas ficam no nível básico de leitura, mais voltado para as manutenções rotineiras como troca de pastilhas por exemplo. Mas quando você pega problemas mais complexos, como já pegamos aqui com outros modelos Range Rover, aí você precisa do equipamento original ‘deles’ (da montadora). Como exemplo, pegamos uma Evoque em que o freio de mão só acionava um dos lados do carro, e um outro caso, um Discovery 4 blindado, chegou com problemas no sistema de reconhecimento da chave de presença, e não acionava a partida. Nestes casos, eu poderia ter perdido muito tempo sem informações técnicas adequadas, mas resolvemos utilizando o que está disponível para o reparador independente lá de fora (outros países). No caso de informações oficiais de fábrica, existe o portal ‘Topix’ (foto 31) da própria Jaguar Land Rover Britânica, mas é um acesso pago em dólares.” http://topix.landrover.jlrext.com/topix/vehicle/lookupForm

E Marcos prossegue: “Lá você consegue pelo número do chassi os esquemas elétricos, localização dos componentes, procedimentos de testes e diagnósticos, sequência de desmontagem e montagem de componentes, diagramas, torques de aperto, ou seja, você tem acesso ao manual de reparação do veículo. Não é barato, mas se você calcular o tempo que perderia ‘caçando o problema na raça’ vai concluir que vale a pena!”

E Marcos dá outra dica importante: “para os reparadores que estão com uma demanda crescente por modelos Jaguar e Land Rover, o equipamento homologado pela montadora, e utilizado pelos ‘dealers’ é o Mongoose Pro. Trabalhando com a interface específica, você vai além, e consegue entrar no detalhe de cada sistema ou componente, incluindo a reprogramação de novos componentes.”

 

Peças de reposição

 

Rafael considera que neste quesito, o pós-venda local deixa a desejar, pois o cliente fica refém de peças com custo elevado, e o prazo de entrega é longo, entre 20 a 30 dias para disponibilizar as peças, e relata: “quando o cliente deixa a concessionária e chega até a nossa oficina, nós nos preocupamos em oferecer uma boa solução técnica, dentro de um orçamento razoável para o cliente, e por isso recorremos a importadores especializados, que conseguem preços bem mais competitivos em peças originais, e com prazo de entrega de 7 dias (via DHL). Um item recorrente de manutenção são as bolsas de ar da suspensão, que custam na concessionária R$ 3.000,00 cada uma (e são 4 peças) e o compressor da suspensão que custa R$ 7.000,00, ou seja, mesmo para quem tem uma situação financeira privilegiada, são valores muito altos, e por esta razão, na Autech Motors o nosso mix de compra para esta linha fica em torno de 80% nos importadores especializados, e 20% nas concessionárias.”

Marcos também considera os preços das peças genuínas na rede concessionária fora da realidade, e comenta: “Na concessionária, para os itens de alto giro como pastilhas e filtros, tudo bem porque o proprietário de uma Range Rover tem consciência de que a manutenção destes veículos não é barata; mas quando entramos em alguns itens mais específicos, aí o ‘bicho pega’. Se o veículo sofrer uma colisão, apresentar problemas prematuros no motor, ou passar por muitos buracos que danifiquem componentes da suspensão pneumática, o orçamento será astronômico, sem contar que as concessionárias não conseguem manter estoque variado de peças, e a maioria precisa ser importada após o pedido, ou seja, quem tem um carro desses precisa ter alternativas, e prever que o carro ficará parado por vários dias na hora de uma manutenção corretiva. Aqui na Aurélio Imports, nosso mix de compra de peças fica em torno de 40% na concessionária e o restante em importadores e autopeças especializadas.”

Marcos lembra que os veículos premium modernos são projetados com o conceito de obsolescência programada, e pondera: “estes motores diesel por exemplo, podem durar acima de 1 milhão de quilômetros rodados, mas isto em condições ideais, e efetuando rigorosamente todas as manutenções preventivas. Mas considerando o castigo que sofrem com as condições precárias de nosso piso, e o uso de combustível sem um padrão de qualidade, dificilmente esses carros atingirão por aqui essa longevidade. Diante da atual crise econômica, taxa cambial e carga tributária, os proprietários da linha Land Rover no Brasil estão ‘sofrendo’ para manter seus carros em ordem, mas mesmo assim, não abrem mão de sua marca preferida, e nós reparadores sempre convencemos o cliente sobre a importância de aplicar componentes originais, tanto pela questão de segurança quanto pela maior durabilidade.”

 

Recomendação / Conclusão

 

Rafael faz a sua avaliação final: “ainda é cedo para falar. Se considerarmos o histórico de manutenção de modelos anteriores, como quebra de motor em alguns casos, e troca de componentes da suspensão pneumática (bolsa e compressor de ar), eu alertaria o cliente sobre estas ocorrências. No mais, é um carro robusto que terá uma boa vida útil se forem mantidas as manutenções periódicas. Esse modelo novo apresenta muitas inovações e muita eletrônica embarcada, e vamos ver como estará o funcionamento de tudo daqui a alguns anos. Pelo valor na casa de R$ 400.000,00, é possível comprar um Porsche Cayenne, mas geralmente são públicos bem distintos com um gosto bem definido. Do ponto de vista da manutenção, o Porsche quebra menos. Mas quem prefere Land Rover, e tem poder aquisitivo para mantê-lo em dia, o Range Rover Sport é uma boa escolha.”

E Marcos também registra os seus comentários aos interessados no modelo: “Range Rover Sport é um carro Premium, top de linha, com um ‘pedigree’ de respeito, e tem tudo para agradar esta faixa de compradores, que procuram conforto, requinte, performance e atributos off road. Particularmente considero que a BMW atenderia melhor esta proposta, tanto em termos de tecnologia, maior rede de pós-venda e melhores preços e logística de peças. Todavia, quem gosta de Land Rover, geralmente é fã da marca, e este modelo evoluiu muito em termos de tecnologia, performance, opções de conforto e comodidade, tudo dentro de um acabamento impecável e de muito bom gosto. Pela ausência de informações disponibilizada pela montadora e alto custo das peças genuínas, com limitações de logística de distribuição, os proprietários deste veículo com o período de garantia vencido contarão com menos oficinas independentes aptas para atendê-los de forma adequada; mas felizmente lá fora a visão da montadora é outra, e com algum investimento em equipamento e portal dedicado da marca, oficinas especializadas em importados, como a nossa, conseguem acessar as informações necessárias para atender com segurança e qualidade este seleto público. As nossas condições de rodagem, impedem que estes tipos de veículo cheguem na quilometragem que costumam atingir lá fora, e o proprietário de uma Range Rover tem que estar ciente de que aqui, o custo da manutenção será maior, e irá acontecer com mais frequência.”

 

 

Ainda este ano, a Jaguar Land Rover do Brasil deve inaugurar a sua planta industrial em Itatiaia- RJ, e estão previstas incialmente a produção, em regime CKD, do modelo Range Rover Evoque, e depois do Discovery Sport. Este é um esforço da marca para se enquadrar ao regime tributário imposto pelo programa federal Inovar Auto. Porém, não há ainda sinais de que haverá mudanças no relacionamento com a rede independente, que por enquanto recorre a peças e informações vindas de outros países.