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Q3 1.4 TFSi - O cobiçado SUV da Audi sob a ótica de quem conhece e é apaixonado por tecnologia


Montadora alemã mostra na prática o que é estar na vanguarda pela tecnologia (Vorsprung durch Technik), e experientes reparadores mostram que é possível acompanhar toda esta evolução. Confira as dicas

Por: Jorge Matsushima - 03 de dezembro de 2015

Na edição Novembro/2015, apresentamos o SUV de entrada da Audi, o Q3 com motor 1.4 TFSi (foto 1) que se posiciona numa faixa de mercado tentadora para quem pretende comprar um SUV “normal”; e extremamente competitivo contra os rivais diretos na categoria Premium.

E apesar da grave crise econômica que assola o país, o mercado automotivo tem apresentado algumas ilhas de excelência, com produtos diferenciados cujo fascínio exercido sobre os consumidores os fazem superar qualquer tipo de receio, e enquanto a maioria das montadoras vive uma situação crítica, a montadora germânica das 4 argolas bate recordes sucessivos de emplacamentos, e o Q3 vem em uma impressionante escalada de vendas: 678 em 2012; 713 em 2013; 3.817 em 2014; e 4.853 até out/2015.

E na balada deste sucesso, o modelo deve ganhar cidadania brasileira ainda em 2016, quando será produzido em São José dos Pinhais PR, junto com outro campeão de vendas, o A3 Sedan que já começou a ser produzido na planta paranaense em outubro deste ano.

E sucesso de vendas significa que em breve estes carros chegarão às oficinas, e é preciso se manter na vanguarda da reparação, conhecendo em detalhes as inovações e os recursos necessários para atender estes sofisticados veículos.

E como não poderia deixar de ser, escolhemos 3 oficinas qualificadas pelo Guia de Oficinas Brasil, para participarem desta matéria, e são eles:

Pedro Luiz Scopino (foto 2), empresário, reparador, palestrante e instrutor técnico de automobilística, 41 anos, 27 anos no segmento. Começou aos 14 anos no Senai, e desde cedo trabalhando na Auto Mecânica Scopino, localizada no bairro da Casa Verde em São Paulo SP, empresa fundada em 1971 pelo seu pai, Sr. Giovanni Scopino, merecidamente aposentado, e assíduo leitor do Jornal Oficina Brasil. 

José Martins Sanches (foto 3), empresário, técnico em eletrônica, 51 anos, 32 anos no segmento. Aos 19 anos montou a empresa Centro Automotivo Martins em Sorocaba SP, inicialmente como autoelétrico e sempre acompanhando a evolução da tecnologia automotiva até os dias atuais. Além da mecânica e eletroeletrônica, se especializou em serviços de ar-condicionado.

Marcelo Rodrigues de Oliveira (foto 4), 50 anos, administrador de empresas, 35 anos no mercado automotivo e proprietário da Oficcina há 25 anos, localizada no bairro do Brooklin Paulista em São Paulo SP. Começou aos quinze anos de idade na oficina de um tio.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES 

Scopino elogia a sofisticação e o belo design do Q3 (fotos 5 e 6) que o coloca merecidamente no segmento Premium. Porém como bom reparador, considera natural sob o ponto de vista técnico fazer um paralelo com o seu “primo” Tiguan, que compartilha uma série de componentes e tecnologias, e comenta: “para nós dentro da oficina, o que interessa é o grande aparato tecnológico embarcado, nível de segurança, direção com assistência elétrica, transmissão extremamente inteligente, entre outros itens”.

Marcelo vê uma clara distinção entre as propostas, e pondera que o cliente Audi procura exclusividade, e que isto está presente conceitualmente em cada detalhe de acabamento. E completa: “Audi é uma marca que confere prestígio ao seu proprietário, e basta entrar e dirigir um para sentir que é um carro diferenciado”!

José Martins prefere carros mais esportivos e com o centro de gravidade baixo, e pessoalmente não gosta muito de SUVs por causa da pouca estabilidade. Mas ao analisar o Q3, faz uma ressalva: “Para uma SUV ela tem o perfil baixo e linhas bem esportivas que me agradam bastante, e pela aparência e tecnologia deve ter uma ótima estabilidade. A grande área envidraçada e o teto solar permitem uma boa visibilidade, e a boa qualidade dos materiais aplicados no interior dão um toque bem refinado”.

DIRIGIBILIDADE

Encontrar uma boa posição para dirigir é uma tarefa simples no Q3 (foto 7), mesmo para pessoas com estatura alta como José Martins (1,92m) e Marcelo (1,90m). A boa ergonomia, altura livre até o teto e espaço para acomodar as pernas foram muito elogiadas. Apesar de reduzir o espaço para o ocupante de trás, ainda há uma relativa sobra para acomodar um adolescente. Scopino elogia ainda o amplo campo de visão para todos os lados.

Uma vez bem acomodado e com o cinto afivelado, a primeira tarefa é escolher o modo de condução pelo Audi Drive Select (foto 8), que pode ser o effcience que privilegia a economia; comfort para uma opção intermediária; dynamic para um modo esportivo; e auto para que o sistema se ajuste automaticamente ao comado do motorista.

Ainda no modo efficience, o motor 1.4 turbo já impressiona pelo torque disponível desde as rotações mais baixas, e as avaliações são sempre entusiasmadas:

Scopino: “motor 1.4 TFSi é uma grande sacada e caiu muito bem para este carro”! E explica didaticamente: “O T de turbo, F de fuel (combustível), S de stratyfied (estratificado) e I de injection (injeção), que vai pulverizar o combustível direto na câmara de combustão, em qualquer fase, até mesmo na fase de escape para pré-aquecer o catalisador, o que na teoria é lindo! Mas na prática, Audi e VW informam que no Brasil esta função foi desativada pela falta de padronização do nosso combustível. Fica a dúvida no ar, porque isso é difícil de comprovar e medir na prática. Mas o fato é que o desempenho de um motor turbo é sempre satisfatório, mesmo no modo econômico e na versão 1.4. É tudo de bom. E para ajudar, a transmissão S-tronic de 6 velocidades é extremamente inteligente pois você pode interferir com as borboletas, e parando de agir ele volta automaticamente para o drive, sem precisar mexer na alavanca”.

Josá Martins vai do espanto ao entusiasmo: “Puxa, quem diria que este é um motor 1.4? E olha que ainda estamos no modo eficiente”. E ao acionar o modo dynamic, abre um largo sorriso: “Nossa, é outro carro! Diversão e puro prazer; a aceleração chega a ser ignorante! Não tem “soco” na troca de marchas e sem buracos na aceleração. 

Marcelo bem que tentou, mas não conseguiu escapar do congestionamento paulistano. Mesmo assim aprovou o excelente torque do motor 1.4 TFSi e descreve outros atributos do Q3: “nesta versão, as opções de condução alteram o mapa da injeção e o torque no volante. Outro recurso que me impressionou foi a rapidez e eficiência do sistema Start Stop, quase imperceptível e extremamente útil em cidades como São Paulo. Eu gosto muito deste recurso, e o motor é acionado imediatamente ao menor movimento do pedal de freio ou do volante”. 

Scopino e Marcelo puseram a suspensão à prova em áreas urbanas da capital paulista, e mesmo em ruas extremamente esburacadas, onduladas, com paralelepípedos, valetas e lombadas, o comportamento foi impecável, absorvendo bem as irregularidades, sem ruídos e sem as tradicionais batidas de final de curso. Coube a José Martins testar o trabalho da suspensão nas avenidas e estradas em torno de Sorocaba, com curvas de alta e baixa velocidade, onde pôde comprovar a excepcional estabilidade, mesmo sendo um SUV. Mas ele faz uma ressalva: “as rodas aro 18” (foto 9) não são muito comuns no mercado, e por consequência o pneu 235/50 R18 pode ser um pouco mais caro”.

Outro recurso aprovado por unanimidade é o freio de estacionamento com acionamento eletromecânico, que trabalha integrado com o assistente de partida em aclives (foto 10), também conhecido como auto hold. Scopino explica: poucos consumidores e também reparadores, conhecem o sistema auto hold, que você pode programar no computador de bordo para ficar ligado direto, ou se deixa para ser acionado manualmente pelo condutor. Parou o carro, ele aciona o freio de serviço automaticamente. Acelerou, ele solta automaticamente. Esta função é muito útil principalmente em ladeiras íngremes, gera segurança e não provoca desgaste nas pastilhas. O freio de estacionamento é inteligente, com acionamento eletrônico. Se engatar Drive e acelerar, ele desativa automaticamente”.

CONFORTO

Teto solar panorâmico open sky (foto 11) e ar condicionado digital dual zone (foto 12), com comandos independentes para motorista e acompanhante, proporcionam conforto térmico e controle de luminosidade a bordo. Porém, na viagem à Sorocaba, a eficiência do sistema de ar condicionado estava bem abaixo do normal, e o sintoma era falta de carga de gás. Leia mais adiante como o problema foi solucionado.

No porta malas com capacidade para 460 litros, duas novidades: o sistema de abertura e fechamento é elétrico (foto 13); e o subwoofer do ótimo sistema de som fica embutido no vão da roda do estepe (foto 14), e utiliza a própria tampa do assoalho como elemento adicional de propagação dos sons graves.

SEGURANÇA

Scopino: “O nível de segurança e proteção é muito alto, pois os 7 air bags (foto 15) são muito eficientes e com grande área de proteção. Os de cabeça, ou cortina, que cobrem toda a extensão lateral superior, somados aos laterais dos bancos dianteiros, e mais os fixadores do cinto”.

José Martins acrescenta a importância e eficiência dos sistemas de freio ABS/EBD, e também do ESP, responsável pela manutenção da ótima estabilidade, corrigindo eventuais excessos ou erros na condução em curvas, o sistema atua corretivamente dosando seletivamente freios, acelerador, e ângulo de esterçamento do volante. 

Marcelo destaca ainda que a visão noturna, sobretudo em estradas, é mais segura por conta dos modernos faróis bixenon com leds. As lanternas dianteiras e traseiras em led aumentam a visibilidade do veículo para os outros condutores, mesmo durante o dia, e dão um charme extra ao Q3.

O MOTOR 1.4 TFSI EA211

 O aperto progressivo nos limites de emissões é o grande responsável pelos ciclos de avanço na engenharia automotiva, e agora a palavra de ordem são motores mais compactos e turboalimentados com sofisticadas estratégias de gerenciamento do processo de combustão. E o resultado prático desta evolução não poderia ser melhor, pois na avaliação dos reparadores os modernos motores conseguem gerar uma alta performance, com muita economia, baixa emissão de poluentes, e de quebra liberam excelentes espaços para os procedimentos de manutenção.

Marcelo avalia que os motores da linha TFSi não apresentam muitos problemas em campo, e a ocorrência de problemas específicos é pontual e muito baixa, e pondera: “Eu acredito que uma boa parte dos problemas comentados é decorrente de desconhecimento do sistema ou erros de diagnóstico. Aqui na Oficcina são raros os TFSi que apresentaram defeitos no sistema de injeção”.

José Martins também tem a mesma visão, mas com uma ressalva:  “a linha TFSi tem apresentado poucos problemas. Mas nos modelos mais antigos, as bobinas de ignição tinham uma vida útil curta, e várias foram substituídas. Tivemos um caso de um Q5 com um cilindro falhando, mas o usuário, contrariando nossa recomendação, não quis parar o carro e rodou mais de 100 km até chegar aqui na oficina, e chegou com o catalisador derretido. O problema era apenas uma bobina queimada, mas aparentemente o sistema não cortou o injetor. Eu não pude estudar o caso com mais detalhes na ocasião, mas um dia vou descobrir o que houve de fato”. E José Martins complementa: “Os casos que citei das bobinas são dos primeiros TFSi que saíram no mercado (Jetta, Passat e alguns Audis). Já dei uma olhada neste Q3 novo e constatei que as bobinas são completamente diferentes, e parecem mais parrudas, ou seja, devem ter redimensionado o componente para trabalhar com a nossa gasolina. Quanto aos injetores, até hoje não precisamos substituir ou sequer limpar bicos destes motores, o que comprova a sua eficiência e confiabilidade”. 

DETALHES DO MOTOR EA211 E DICAS DE REPARAÇÃO

Com a experiência de quem já ministrou muitos cursos e palestras sobre este sistema, Scopino dá importantes dicas sobre os componentes deste carro: “esse motor trabalha com um duplo comando de válvulas com variador de fase na admissão e escape (foto 17). Duas solenoides posicionadas acima dos comandos (perto da vareta de óleo) controlam a passagem de óleo para adiantar ou atrasar cada comando. A bomba de água é elétrica, e fica na parte frontal do motor. 

E prossegue nas explicações: “Os comandos são acionados por correia dentada (foto 18); a sua troca é simples e não exige ferramental específico. A correia poly V (foto 19) também é bem tranquila para substituir”.

O sistema de injeção trabalha com linhas de alta e baixa pressão. A de baixa pressão opera na faixa de 6 a 10 bar, e vai do tanque de combustível até a bomba de alta pressão. E Scopino escalarece: “A bomba de alta pressão (foto 20) é mecânica, e é acionada por um ressalto no comando de admissão. Ela é capaz de gerar no rail e injetores uma pressão entre 40 até 200 bar. Normalmente no TFSi a pressão de trabalho em carga será entre 150 e 160 bar. Esta leitura da pressão de trabalho pode ser feita por um scanner atualizado, e o sensor de alta pressão fica do lado oposto do rail ou tubo de alta pressão (acima do alternador)”. 

José Martins chama a atenção para o excelente conjunto formado pelo coletor de escape integrado no cabeçote, com uma saída única para o turbo, e deste para o catalisador (foto 21), e comenta: “este conjunto é muito compacto e bem projetado, ocupando pouco espaço. Os acessos tanto pela parte de cima como pela parte de baixo do motor são excelentes, e o que poderia ser complexo (motor turbinado) torna-se extremamente simples quanto à manutenção”.

Marcelo anota que os dois sensores de oxigênio são padrões de 4 fios (tipo planar) e não são de banda larga, e observa também que o sistema de turbo alimentação não utiliza intercooler. E para completar sugere: “Chama a atenção a quantidade de mangueiras dedicadas ao processo de arrefecimento do motor, e as ramificações que partem da carcaça da válvula termostática, o que indica que o sistema é complexo e crucial para o bom rendimento do motor. Para os veículos de uso predominantemente urbanos, é recomendável uma atenção extra nas revisões periódicas”.

Scopino apresenta as diferenças entre os bicos de injeção direta (foto 22 esq) que trabalham na faixa de 6 a 150 bar de pressão (podendo chegar a 200 bar) e indireta (foto 22 dir) que trabalham em média com 3 bar de pressão, e explica que a grande diferença está na pressão de trabalho e nos microorifícios de pulverização dos injetores diretos, e dá uma boa notícia acerca do procedimento para limpeza destes componentes caso necessário: “existe no mercado um equipamento nacional (foto 23) que faz a simulação de abertura dos injetores, e desta forma podemos acoplá-lo ao mesmo equipamento tradicional de limpeza de bicos, pegar o seu sinal e conectá-lo ao equipamento, que por sua vez converterá o sinal para a frequência correta para pulsar os bicos de injeção direta. Todo restante do processo é igual, usando o mesmo equipamento de limpeza dos injetores tradicionais que a oficina já possui. Dica útil!   

As versões mais sofisticadas do Q3 contam com a tração 4x4, e por essa razão o tanque de combustível é dividido ao meio (foto 24), mesmo nesta versão 4x2. A manutenção das duas bombas de combustível e dos filtros de combustível acoplados aos mesmos é feita pela parte de cima, com tampas de acesso localizadas abaixo do assento traseiro (foto 25). Scopino explica que uma das bombas é auxiliar e joga combustível para a outra bomba, que por sua vez envia o combustível pela linha de baixa pressão até a bomba mecânica de alta pressão. 

Acesso para troca do filtro de ar, óleo do motor e filtro do óleo é bem tranquilo (foto 26), mas atento, José Martins observa que a Audi deveria ter adotado o filtro ecológico (refil) que é um item mais sustentável. No cárter, observa-se ainda o sensor de nível do óleo lubrificante.

TRANSMISSÃO

José Martins e Marcelo terceirizam os serviços de transmissão automática (foto 27), e apenas fazem a remoção e recolocação do conjunto. Ambos concluem que não há interferência de outros componentes para esta operação, com bons espaços e acessos.

Scopino acredita que as novas transmissões automatizadas, com uma ou duas embreagens, e a transmissão automática convencional, continuarão convivendo lado a lado, cada uma com seu espaço e aplicação mais adequada. Ele só lamenta que o cliente não quer saber o que está por trás de cada tecnologia, e a referência do leigo é apenas uma: “não tem pedal de embreagem? então é automático”! Cabe aos reparadores acompanhar a evolução de cada tecnologia e conhecer as vantagens e pontos vulneráveis de cada sistema.

FREIOS, SUSPENSÃO E UNDERCAR

A suspensão dianteira é independente do tipo Mc Pherson e se destaca pelo uso intensivo de materiais de liga leve no agregado, braço oscilante e outros componentes. A suspensão traseira (foto 28) é independente, sistema multlink. José Martins aprova este esforço pela redução de peso, pois além de melhorar o consumo, otimiza a performance da suspensão e do carro como um todo, e complementa: “O uso de componentes móveis mais leves explica em boa parte o conforto e a estabilidade que este veículo oferece. As trocas de pastilhas, discos, molas e amortecedores é bem tranquila e conhecida pela maioria dos reparadores. Um ponto importante são as opções de regulagem na suspensão traseira para um perfeito alinhamento (geometria), ou seja, é possível obter cambagem, caster e convergência correta sem ter que improvisar”. 

Os freios são a disco nas 4 rodas, ventilados na dianteira e sólidos na traseira. O freio de serviço, que atua em conjunto com o assistente de partidas em declive, tem acionamento eletromecânico.

PROBLEMAS NO AR-CONDICIONADO

Durante a nossa passagem por Sorocaba, o sistema de ar-condicionado não estava atuando conforme previsto, e como especialista neste tipo de manutenção, José Martins logo encontrou o problema, que foi o vazamento do gás refrigerante por uma das válvulas de serviço (foto 29A).

E explica: “a carga de gás, conforme etiqueta muito bem posicionada pela montadora (foto 29B), deveria estar em 520g + 15g, mas estava com apenas 320g (foto 29C). Feito a recarga, o sistema voltou a gelar novamente. Este serviço é feito em nossa empresa pelo valor médio de R$ 160,00, mas para a Audi do Brasil será feito em cortesia”. 

E dentro do assunto ar-condicionado, José Martins elogia o bom posicionamento do compressor, próximo ao cárter, fácil de retirar nas manutenções, e a presença de um módulo de controle de aquecimento (foto 30) que regula eletronicamente a operação das duas ventoinhas.

PARTE ELÉTRICA

Scopino chama a atenção para a correta manutenção no sistema de iluminação e sinalização (foto 31). Nos faróis bixenon, a regulagem inicial é feita pelo scanner, não esquecendo que há um sensor de inclinação no eixo traseiro, que ajusta o facho em cada situação, e alerta: “A troca de lâmpadas em si é tranquila com ótimo acesso. Porém, recomendo bastante cuidado no manuseio pois estes componentes são caros, principalmente o módulo do farol”.

José Martins acrescenta importantes observações na parte elétrica: “gostei bastante do posicionamento e das caixas protetoras para a bateria e a central de fusíveis com a BCM (foto 32). A vedação parece muito boa contra água e umidade. A bateria, apesar da demanda exigida pelo sistema start stop, é relativamente pequena (69Ah). O segredo na verdade está na velocidade com que a recarga é feita, e isto é feito pelo alternador gerenciado eletronicamente, pois ele faz o trabalho de regeneração de energia o tempo todo, ou seja, além da carga normal, sente-se nitidamente que nas desacelerações o carro segura bem, como se fosse um freio motor, mas na verdade boa parte dessa desaceleração é provocada pelo alternador, que tem a potência da bobina de campo aumentada para transformar esta energia cinética em recarga rápida para a bateria”. 

PEÇAS DE REPOSIÇÃO

Scopino: “aqui na nossa região, as concessionárias Audi demoram de 5 a 7 dias para entregar as peças, isso quando tem estoque no Brasil. Os itens de alto giro são menos problemático e com pronta entrega. O preço é elevado, mas para os reparadores tenho uma boa dica, existe a possibilidade de cotar itens intercambiáveis com a VW, e você utiliza inclusive a numeração do chassi da Audi para esta consulta, pois o sistema reconhece o carro e vai identificar a peça exata, sem erros. Em alguns casos a diferença é significativa, sem contar que aumenta o leque de possibilidades de localização da peça”.

José Martins: “na região de Sorocaba estamos mal servidos, e peças Audi só por encomenda. Mas esta falta de peças na região está meio generalizada, às vezes precisamos dividir as revisões de alguns clientes em duas etapas até chegarem todos os itens. E por esta situação, normalmente recorrendo ao mercado de São Paulo. O nosso mix de compras fica em 20% no varejo (com alto risco de incidência de peças piratas); 40% nas Concessionárias (carros mais novos) e 40% no Distribuidor (itens de giro e carros seminovos e mais antigos).

Por estar localizado em uma área nobre de São Paulo, Marcelo vive outra realidade e avalia: ”sobre peças Audi, estamos muito bem servidos aqui na região, tanto na rede concessionária quanto nos Distribuidores. Eu consigo pronta entrega porque preciso disso pelo espaço físico reduzido. Se não tem na concessionária, partimos para distribuidor ou importador especializado, mas sempre com itens de primeira linha. Na Oficcina o mix de compras fica em 50% nas Concessionárias (qualidade e disponibilidade); 35% nos Distribuidores/Importadores especializados (pronta entrega) e 15% no varejo (emergências).

INFORMAÇÕES TÉCNICAS - DICA IMPORTANTE!

No Caderno Premium da edição Agosto/2015, na matéria sobre o Audi A3 Sedan, o Engº Lottar Werninghaus, consultor técnico da montadora, deixou uma dica importante que poucos reparadores conhecem, que é o portal global da Audi dedicado aos reparadores independentes. Anotem:  www.erwin.com .

Os 3 entrevistados também não conheciam o portal, e elogiaram esta postura da montadora, que favorece o clima de aproximação e cooperação com o aftermarket.

Seguem os comentários anotados antes desta informação sobre o portal:

Scopino: “O primeiro passo é se apoiar nos equipamentos de diagnóstico, e cada um tem suas particularidades. Na Scopino temos vários, e estamos aqui com um deles atualizado 2014 (foto 33), mas ainda não temos este carro cadastrado. Se precisarmos de alguma ação corretiva, teremos problemas. Por enquanto só leituras no modo genérico”.

José Martins: “informações técnicas recorremos ao Sindirepa-SP e suporte técnico dos fabricantes de equipamentos. A troca de informações com os integrantes dos grupos de trabalho também ajuda bastante”.

Marcelo: “para informações técnicas recorremos ao suporte técnico dos fornecedores de equipamentos de diagnóstico (temos 5 scanners) e também em literatura técnica especializada do setor”.

RECOMENDAÇÃO

Scopino: “recomendo sim! Tecnicamente é formidável, com muita segurança ativa e passiva, excelente dirigibilidade e controle total sobre o carro, mesmo em situações de emergência. É um carro familiar e econômico, mas sem perder a pegada esportiva. Tudo no mesmo carro”. 

José Martins: “recomendo sim, pois a gente sabe que o carro é confiável. Mas acima de tudo conhecemos os nossos clientes. Se o perfil é de quem não gosta de gastar com manutenção, aí não recomendo, e já aviso que este não seria o carro ideal, e já indico outro! Não adianta investir em um carro desses e depois querer economizar comprando peças baratas no mercado pirata”.

Marcelo: “recomendo sim. Aliás, eu presto consultoria para muitos clientes escolherem seus carros, e para isso traço o perfil do cliente e o tipo de rotina que terá com seu automóvel, e considerando diversas outras variáveis, apresento algumas opções, e vou com o cliente testar os carros, até o fechamento da compra. Para este serviço, o número de cientes mulheres vem aumentando significativamente”. 

CONCLUSÃO

A tecnologia de vanguarda da Audi confere múltipla personalidade aos seus veículos, e contam com a admiração dos reparadores apaixonados por carro e tecnologia. A boa notícia é que se por um lado a complexidade eletrônica aumenta com a inclusão de dezenas de recursos inovadores, práticos e úteis, a parte mecânica ganha praticidade e melhor reparabilidade com o processo de downsizing (redução de tamanho dos componentes).

A crescente aproximação das montadoras junto aos reparadores independentes dá um novo alento ao setor, e é preciso manter o entusiasmo e o desejo renovado de vencer mais um desafio, desta vez sobre sistemas de injeção direta de combustível e outras tecnologias, mas as mensagens são positivas. 

Scopino tranquiliza a todos e lembra que há muitos mitos infundados sobre a nova tecnologia de injeção direta, mas na prática, não há nada de extraordinário que o reparador não posso assimilar e dominar.

José Martins sugere que dominar os fundamentos da eletrônica hoje é fundamental, pois é o segredo para que as coisas se tornem mais claras e simples para se entender e resolver. Afinal, a eletrônica vem dominando o controle dos automóveis.

Marcelo avalia que as novas tecnologias acabam reaproximando os clientes dos reparadores, pois há tantas opções, versões e conceitos no mercado, que eles precisam de ajuda, não só para consertar o carro, mas também para entender melhor as opções disponíveis, e fazerem as escolhas certas, e nisso o reparador tem um peso relevante.