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O veículo estava na oficina para uma revisão, mas quando o reparador foi conferir...


Audi A4 com 80.000km chegou à oficina para uma manutenção simples, mas saiu com diagnóstico de falha nos faróis, na bomba de combustível de alta pressão e nas buchas da suspensão dianteira

Por: Da Redação - 12 de julho de 2013

O imponente alemão foi a Akitem, oficina mecânica especializada em Audi, mas que também trabalha com outros importados alemães, a principio para realizar uma simples revisão e conferir uma reclamada perda de potência. Mas sabe quando nós reparadores decidimos dar ‘mais uma olhadinha’ e encontramos vários reparos que são necessários? Bom, nesta matéria veremos que nosso talento para descobrir falhas ‘imperceptíveis’ ao usuário (muitas vezes eles que não querem comentar para não gastar mais dinheiro) não se limita exclusividade aos veículos ditos populares.

“O veículo é de uma locadora. O cliente nos trouxe este para realizar uma revisão básica sobre troca de óleo do motor (utiliza-se o 10W40 ou 5W30, ambos sintéticos) e filtros, comentando que o veículo também apresentava perda de potência. Quando passamos o scanner para descobrir o motivo da perda de potência, descobrimos falha na bomba de combustível de alta pressão”, relatou Fábio.

Segundo o reparador, o defeito foi causado por um problema que não é de exclusividade dos importados: a má qualidade do combustível.  Isto causou oxidação excessiva e neste caso, a bomba de combustível de alta precisou ser substituída (Foto 1 e 1A).  “Nosso combustível é relativamente seco em comparação com o europeu, dessa forma, causa desgaste no rotor da bomba e ataca o material das vedações. Em casos mais graves os carros não andam, mas neste carro, pelo menos em linha reta, o desempenho era normal, porém em arrancadas e subidas, a potência estava prejudicada”, completa Fábio.

Foto 1 e 1A
BLINDADO É UM PROBLEMA...
A outra manutenção realizada no modelo referente às buchas da suspensão tem seu processo agravado por uma prática cada vez mais comum nas grandes cidades: a blindagem!

“Quando colocamos o veículo no elevador, detectamos que as buchas dos braços inferiores da suspensão dianteira estavam estouradas. Não trocamos só as buchas pelo fato do veículo ser blindado. Uma vez que a peça é construída em alumínio (Fotos 2 e 2A), associada ao acréscimo de peso do veículo, quando forçamos a bucha para ser removida, deixa marcas na peça e, como consequência, cria certa folga para a bucha nova, sendo arriscado soltar em uma trepidação do asfalto e comprometer a segurança do condutor”, explicou o reparador.

Foto 2 e 2A

Foto 3LONGE DOS POPULARES
O coxim deste motor possui uma característica que está bem longe do que estamos acostumados a ver nos veículos nacionais. Além de ser hidráulico, ainda possui sensores para detectar vazamento (Foto 3) e assim, avisar no computador de bordo a necessidade de manutenção. Agora você reparador, já pensou ter que usar scanner para resetar memória de falha registrada pelo coxim do motor de um Fiat Marea, por exemplo? Ainda bem que não passamos por este sufoco em nossas oficinas!

Fábio ainda aponta um complicador: “Para efetuarmos a troca devemos acessar por baixo do veículo, removendo primeiro o protetor de cárter e depois o agregado da suspensão. Nos modelos anteriores a manutenção podia ser feita normalmente por cima, apenas apoiando o motor do veículo”. Ei alemães, vamos facilitar o trabalho do reparador, pode ser?! Tecnologia de ponta associada à manutenção simples seria ainda mais interessante.

CARACTERÍSTICAS
Algumas características deste veículo são importantes de serem ressaltadas. “A suspensão traseira utiliza bandejas também, ao contrário da famosa suspensão independente que estamos acostumados a ver em outros carros. Além disso, possui câmber e cáster fixos, onde em caso destes apresentarem variações nos valores, devemos trocar os componentes móveis para solucionar o caso (Fotos 4 e 4A)”, comentou André Cesar de Sousa, também reparador da Akitem.

Foto 4 e 4AJá o reparador Fábio, informou que a dianteira também não possuem regulagem de câmber e cáster. “Neste sistema os ângulos móveis são somente de convergência. Cáster e câmber são fixos e caso ocorra qualquer irregularidade, é necessária a substituição de componentes como amortecedores e braços da suspensão para se retomar os ângulos corretos”, relatou Fábio.

“É bem comum encontrarmos defeitos neste item, justamente porque a suspensão de alumínio não se dá bem com nossas ruas esburacadas, é frágil e acredito que deveria ser adaptada ao nosso país para diminuir a incidência de falhas”, aconselhou.

Foto 5

Com o motor 2.0 TSFI de 210hp, apenas quatro cilindros, injeção direta e câmbio multitronic de sete marchas, o sedã surpreende o reparador: “Este é com certeza um dos motores quatro cilindros mais potentes, mais rápidos e de maior torque imediato que eu já ví”, acrescentou Fábio. (Foto 5)

Ele ainda ressaltou que na hora de fazar o comando, somente devemos fazê-lo com ferramenta especial, porém, esta é bem difícil de encontrar. “Geralmente só achamos através de importadoras direto da Alemanha”.

Este motor utiliza corrente de comando assim como vem sendo tendência em diversos motores, inclusive nos modelos mais usuais em nossas oficinas multimarcas. Porém, embora seja considerado por muitos um sistema livre de manutenção, requer alguns cuidados especiais para realmente ter sua vida útil prolongada.

É o que comentou Fabio: “Nas extremidades do esticador desta corrente, o material de contato é plástico, portanto sua durabilidade depende muito da frequência de manutenção do veículo, como por exemplo, da assiduidade da troca de óleo do motor. Se o proprietário for relaxado, a durabilidade e confiabilidade do sistema caem bastante”.

Fábio ainda reforçou: “Fora estas questões colocadas, a durabilidade deste componente é alta. Se houver registros das trocas de óleos pela especificação e período corretos, devemos avaliar a substituição do componente somente após os 100.000km, mas mesmo assim muitas vezes quando analisamos o item, este está em ótimas condições. Isso justifica a qualidade do material, pois do contrário não seria vantajoso”.

Foto 6

No sistema de freios, o modelo adota a utilização de disco dianteiro ventilado e disco traseiro sólido. Usa-se disco ventilado na traseira apenas em veículos da série S (série de veículos Audi mais esportivos e com visual agressivo). “Neste A4 usamos o fluido de freio DOT5.3”, indicou André. (Foto 6)

“Para realizar a troca das pastilhas é necessário à utilização de scanner específico, onde libera o conjunto de freio de estacionamento elétrico, realiza a readaptação do sistema ao novo conjunto e também reseta a memória de falha que apontava necessidade de troca”, comentou Fábio. Infelizmente esta tem sido uma realidade cada vez mais presente em nossas oficinas, ainda não em populares, mas em veículos de porte médio e SUVs. Isto também tem se tornado um complicador para aqueles que não possuem um software específico, onde muitas vezes, só o da montadora é capaz de fazer o procedimento.

DIAGNÓSTICO
O computador de bordo deste carro é bem completo com relação a apontamento de falhas. Segundo o reparador Fábio, só não aponta falhas mecânicas do câmbio, apenas de caráter eletrônico do mesmo.

Para realizar o diagnóstico do sistema deste veículo, o reparador Fábio comentou que utiliza o VAS5052 e nos deu uma breve dica de como utilizá-lo no veículo:

1) O veículo deve estar desligado;
2) Acione o botão “mode”; (Foto 7)
3) Aguarde a leitura do sistema; (Foto 7A)
4) Em amarelo constarão os defeitos presentes no veículo. (Foto 7B)

Foto 7, 7A e 7B

No caso, o veículo apontou no próprio painel avarias no sistema de xênon e no farol direcional, sem a necessidade de utilização do aparelho de diagnóstico.

ROTINA DA OFICINA
“Atendo A4 desta versão (Foto 8) somente deste ano para cá, anteriormente os proprietários costumam levar os veículos no período de garantia às concessionárias”, comentou Fábio. “Este cliente em específico costuma trazer os veículos de seis em seis meses para realizar revisões, a famosa manutenção preventiva”, acrescentou.

Foto 8

O reparador disse que 10% do total das manutenções atuais estão focadas nestes veículos, no mais, a frota atendida fica entre os modelos fabricados entre 2001 e 2006”.

“Gosto de consertar veículos desta marca, tenho prazer em trabalhar com eles. Não gosto de realizar manutenções em outras marcas, somente em Audi”, afirmou Fábio. “Um complicador é que o acesso para manutenção pela parte superior é bem difícil, porém por baixo é mais simples. Devido a minha experiência posso dizer que os carros alemães não são tão difíceis de reparar, basta conhecimento técnico para fazer o que é certo”, comentou o reparador.

“Os conectores têm uma forma certa de trocar. Aí o carro passa em outras oficinas não especializadas que acabam quebrando-os na remoção, ou seja, acabam provocando o defeito no veículo”, disse André.

CUIDADOS
Baseado nisso, o reparador André deu algumas dicas importantes para utilizarmos na rotina de manutenção:

1. Cuidado ao ligar e desligar bateria. Sempre se deve remover primeiro o cabo positivo;

2. Ao remover a caixa de direção deve-se primeiro travar o volante, para assim não causar danos ao airbag;

3. Na montagem da caixa de direção, manter alinhados os dois pontos dos terminais, pois qualquer montagem em ângulo fará o sensor de posição do volante encarar como falha no sistema;

4. O lubrificante do diferencial e da transmissão é diferente. Mesmo acoplados estão em um conjunto selado, um em relação ao outro.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS
“Diretamente da montadora não conseguimos informações. Adquirimos softwares importados, que venham com informações técnicas de manutenções. Costumamos fazer alguns cursos na área automotiva em escolas especializadas e, como plano B, consultamos alguns reparadores de concessionárias que nos ajudam e, muitas vezes, também os ajudamos”, comentou Fábio.

“Uma das dificuldades que encontramos é que estes programas normalmente vêm em inglês ou em alemão e necessitamos traduzir as informações que eles nos passam, só assim identificamos os apontamentos deste para realizarmos o reparo”, concluiu.

DISPONIBILIDADE DE PEÇAS
“Nós costumamos trabalhar com estoque de peças dos itens de substituição básica. Compramos basicamente 30% das peças em concessionárias, mas somente quando eles possuem à pronta entrega. Quando  não, costumamos importá-las. Só compro em autopeças pastilhas e correias, pois possuímos ótimos itens no mercado”, acrescentou André.

“Um item que temos grande dificuldade de encontrar, seja em qualquer mercado (exceto importação) é justamente a bomba de alta pressão que é alvo desta manutenção. Outro item que também é difícil de encontrar é o módulo do câmbio”, finalizou Fábio.