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Grande vilão do Clio é o diagnóstico


Mesmo com poucas modificações na última década, o Renault Clio sempre teve um público fiel e total atenção da montadora, especialista em agregar pequenas novidades ou pacotes de equipamentos para manter as vendas de carros superados, como o Scénic e o recém aposentado Mégane

Por: Marco Antonio Silverio Jr. - 14 de março de 2011

No geral, o compacto foi bem avaliado pelo Conselho Editorial, que levou em consideração as motorizações 1.0, com 8 e 16v, e 1.6 16v. Os principais elogios foram para o baixo consumo de combustível, a facilidade de manutenção e a boa disponibilidade de peças, tanto originais como no mercado paralelo.

Uma peça difícil de encontrar segundo o conselheiro Paulo de Aguiar é o filtro de ar redondo, dos primeiros modelos 1.0 16v. “Uma vez questionei um vendedor sobre o porquê da dificuldade e o alto custo. Ele me informou que isto acontece porque são fabricados poucos desses filtros para abastecer o mercado”.

Sistema de ignição
O sistema de ignição que costuma roubar pontos de muitos veículos avaliados, aqui não se mostrou diferente. O conselho recomendou grande atenção para os motores 1.6 16v com bobinas de ignição individuais. Em primeiro lugar, para evitar dores de cabeça, sempre que uma apresentar defeito, as outras três também devem ser substituídas, porque certamente terão curta vida útil, queimando uma a uma e trazendo transtornos à oficina e ao cliente.

André Bernardo da Design Mecânica de Campinas, informou que as bobinas estão ligadas em série, ou seja, o pulso negativo passa primeiro por uma bobina para depois chegar a outra, por isso só é possível captar o sinal com uma caneta de prova antes da primeira bobina. Caso haja uma falha de cilindro com desconfiança de falha da bobina, o jeito é invertê-la com a de outro cilindro para fazer o diagnóstico.

Nos outros modelos, que utilizam cabos de velas, Carlos Bernardo, também da Design, alertou para a possibilidade de quebra dos mesmos na hora da retirada. “Eles costumam quebrar próximo a vela. Se isso acontecer durante um diagnóstico ou orçamento, além do prejuízo da peça, ainda se desperdiça grande mão de obra para conseguir retira-lo do local”.

Injeção eletrônica
O sistema de injeção eletrônica mais problemático segundo André, certamente é o 5NR utilizado nos motores 1.0 16v, que costuma apresentar perda de aceleração e infiltração de água no conector do módulo. Outro problema típico é o ar condicionado não ligar.

Mas o grande vilão do Clio nesta avaliação foi a falta de recursos para diagnóstico com scanners, que normalmente atendem apenas o sistema de injeção eletrônica e carroceria, ainda assim com poucas possibilidades.

Muitos pontos também foram perdidos devido à baixa qualidade dos conectores usados nos sensores e atuadores do sistema, que se quebram com facilidade. Um exemplo são os bicos injetores dos motores 1.0 16v, que tem alto índice de quebra na desmontagem, exigindo atenção por parte do reparador, segundo Fábio Cabral da Box Mecauto.

O conselheiro Sérgio Torigoe relatou um problema que teve com um modelo 1.0 16v 2001, que perdia aceleração quando bombeava o pedal do freio. “Sem sucesso no diagnóstico, substituímos para teste, o corpo de borboleta, módulo da injeção e sensor do pedal de aceleração. No final das contas o problema estava no coletor de admissão com entrada de ar”.

Amauri Cebrian alerta para a localização e problemas apresentados pelo sensor de posição do pedal do acelerador. Ele está localizado abaixo do cilindro mestre, e é acionado por um cabo ligado ao pedal. Este sensor costuma confundir o reparador, que muitas vezes troca o TBI sem necessidade. O conselheiro recomenda o uso de um aparelho de testes especifico antes da substituição.

Transmissão
Muita atenção ao realizar reparos onde seja preciso retirar o semi-eixo do lado do motorista. Esta peça é ligada a caixa de transmissão por meio de uma trizeta, constituída de roletes envoltos por ‘castanhas’ fixadas por pequenas travas. Essas travas costumam se desgastar durante o trabalho e perder a funcionalidade.

Ao remover a trizeta sem atenção, é muito comum os roletes caírem dentro da caixa sem o reparador perceber, provocando sérios danos. Caso perceba este fato, é possível ainda fazer a retirada com um imã e certificar-se de que não ficou nenhum lá dentro. Danilo Tinelli aconselha a sempre fazer este serviço com muita atenção e puxar a trizeta apoiando as castanhas com as mãos para prevenir o acidente.

A embreagem demanda maior mão de obra para a troca, porém sem segredos. A mesma é acionada por cabo auto-ajustável com catraca. A alavanca de câmbio é famosa por apresentar grande folga, devido ao longo varão de acionamento que não permite maior precisão.

Undercar
Os coxins originais são do tipo hidráulico, mas os comercializados no mercado paralelo são rígidos, e por isso tem menor capacidade de filtrar os movimentos do motor para a carroceria, então de preferência para os coxins originais, que trarão maior conforto e vida útil.

Cobeio também alertou para problemas de barulho na suspensão causados pela falta de uma barra que liga o agregado à carroceria. “Muitas vezes os mecânicos desmontam essa barra para efetuar reparos e não a colocam de volta, por achar que não tem função, mas ela dá sustentação vertical ao agregado”, explica.

Sistema elétrico
Torigoe informou já ter feito a substituição de diversos discos de contato do airbag do motorista devido à quebra do componente, e também deu uma dica quanto ao relé do limpador do pára-brisa, que fica conectado

Alguns carros só trazem alegrias...
O conselheiro Cláudio Cobeio definiu como subjetiva a questão da durabilidade, e para esclarecer fez questão de coletar o depoimento do cliente Sergio Constantino, que possui desde 0 km um Clio 1.0, atualmente com 100 mil km.

“Fiz apenas a primeira revisão na concessionária conforme o manual. Todas as próximas revisões foram feitas preventivamente, como a troca das velas com 48 mil e 78 mil km, assim como a troca das pastilhas, feitas no mesmo período.

Neste tempo troquei a bateria uma vez e os amortecedores preventivamente aos 78 mil km. Nunca foi preciso trocar: rolamentos de roda, bobina, embreagem. As trocas de óleo sempre foram realizadas a cada 10 mil km com lubrificante Ipiranga Super 20w40, junto com os filtros de ar e de óleo. Moro num bairro com muitas lombadas, e não tomo cuidado com nenhuma delas, meu modo de dirigir é bruto. Um detalhe: os pneus traseiros ainda são originais”.

Na manutenção feita neste veículo aos 100 mil km, quando foi colhido o depoimento, Cobeio substituiu as buchas de bandeja, não por folga da borracha, mas da parte metálica em relação ao alojamento. As bieletas também apresentavam folga e com isso, o parafuso da mesma atingiu a coifa da homocinética, que também precisou ser trocada.

... outros nem tanto
a oficina do Conselheiro Sérgio Torigoe, foi feito o reparo de um motor 1.0 16v que atropelou  válvulas, e após o reparo do cabeçote começou a rajar, exigindo a desmontagem completa do mesmo. O cliente já havia informado que a luz do óleo às vezes acendia então Sergio instalou o manômetro e conferiu que de repente a pressão ia para zero.

Ao desmontar o motor, viu que as bronzinas já estavam danificadas por contato com o virabrequim, o que aumenta a folga deixando a pressão cair. Foram substituídos os quatro pistões, bomba de óleo, embreagem, correias e tensores, além da retifica completa. O custo para o cliente ficou em cerca de R$4 mil.

Sistema de ar condicionado do Clio.
Mario Meier Ishiguro
O Clio 2002 é equipado com um compressor fabricante SANDEN modelo: SD 6 V12, de cilindrada variável, 6 pistões axiais, woble plate, de até 120 cilindradas.

Este sistema é necessita cerca de 150ml de óleo SP 10 (PAG 46) e cerca de 650g de fluido refrigerante R134a.
Com este compressor de fluxo variável, não há a necessidade de termostato anticongelamento no evaporador, pois a capacidade volumétrica do compressor aumenta ou diminui, conforme a necessidade, reduzindo inclusive o consumo de combustível e oferecendo mais conforto ao dirigir (sem que o compressor fique ligando e desligando pelo sensor de temperatura da caixa evaporadora).

TBI ou módulo?
Segundo André Bernardo, o TBI aplicado na injeção 5NR do Clio 1.0 16 v, apresenta muito problema de falha em alta rotação e também perda de aceleração, quando o sistema entra em emergência.

O problema pode estar no próprio TBI, como no módulo da injeção, e o diagnóstico é difícil, por isso o ideal é testar um novo TBI, e daí sim partir para o módulo. O reparo desta peça fica em torno de R$250,00.
Este módulo também apresenta problemas de infiltração de água nos pinos do módulo.

Índice de Reparabilidade e Recomendação

Ficha Técnica