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Erro na instalação da correia dentada provoca quebra após 5 mil km. Saiba como evitar esse transtorno


Uma quebra prematura de platô com apenas 25 mil km gerou um problemão para o reparador e refletiu no bolso do cliente que confia mais na oficina independe do que na concessionaria

Por: Tenório Júnior - 15 de junho de 2015

Mégane 1.6 16v, ano 2011: erro de montagem provoca a quebra da correia dentada após 5.000 km rodadosO Renault Mégane chegou ao Brasil em 1998, importado da Argentina, nas versões hatch e sedan. O modelo veio para substituir o Renault 19. Em 2001 o Mégane ganhou um novo visual e Airbag duplo de série em todas as versões e o motor 1.6 8V foi substituído pelo K4M 1.6 16V com 110cv. Em março de 2006 a Renault passou a fabricar o modelo sedan no Brasil, nas versões Expression 1.6 16v e Dynamique 2.0 16v, essa última com opção de câmbio automático de 4 marchas ou manual de 6 – E o hatch, deixou de ser comercializado por aqui. Em novembro de 2010 o sedan foi descontinuado dando lugar ao Fluence.

DIFERENCIAL MARCANTE
A principal atração do sedan produzido no Brasil era o acionamento da partida através de um cartão eletrônico que possui um telecomando por rádio frequência – fisicamente, assemelha-se a um cartão de crédito. Esse dispositivo que elimina a tradicional chave de ignição, além de ligar e desligar o motor, aciona as travas das portas, porta malas e a portinhola de abastecimento de combustível.

As últimas versões do Mégane Sedan eram equipadas com os motores 1.6 16vHi-Flex e 2.0 16v movido a gasolina.

A Renault fechou o ano de 2014 comemorando o aumento de 50% dos veículos emplacados, além do significativo salto do Market Share de 4,8% para mais de 7,0%. Ou seja, a participação da marca francesa no mercado brasileiro está crescendo a olhos vistos. Isso significa que mais carros dessa marca, estão circulando pelas nossas ruas e, fatalmente, em algum momento eles chegarão às oficinas independentes.

Portanto, não por acaso, preparamos essa exclusiva avaliação do Renault Mégane, com profissionais que carregam em sua bagagem, grande experiência com essa linha. Para tanto, tivemos a colaboração dos reparadores:

Herbert José da Costa e Erivaldo Tenório Calheiros da oficina especializada em veículos franceses, sobretudo Renault - EricarAutomecânica.

Gustavo Vieira Pereira, 31 anos de idade e 17 de experiência. Trabalha na oficina Auto Técnica Alemão Ltda, juntamente com seu Irmão, Rodrigo Vieira, 33 e seu pai, Hélvio José Pereira, 63 anos de idade e 47 de experiência.

Reinaldo Rodrigues da Silva, 46 anos e 24 anos de experiência, é proprietário da Revcar e conta com a ajuda de seu filho, Victor Lélis, 21, que está aprendendo a profissão e seguindo os passos do pai, há 4 anos.

Erivaldo e Herbert, da EricarAutomecânica / Reinaldo Rodrigues da Silva

Administrada pelos técnicos e sócios, Herbert e Erivaldo, a Ericar atende em média de 80 carros por mês, sendo que aproximadamente 90% são da marca Renault.

Existe uma curiosidade na história dessa sociedade que, para mim, é motivo de grande orgulho e satisfação, vou contar brevemente: O Herbert, 36, iniciou sua carreira aos 16 anos de idade trabalhando como ajudante em uma pequena oficina; lá ele permaneceu por 12 anos; durante esse período fez diversos cursos e adquiriu grande prática, quando saiu foi para montar a sua própria oficina.

Já o Erivaldo, 31, teve seu primeiro contato com a mecânica aos 19 anos, quando fez um curso de mecânica Diesel. Sua primeira atuação na mecânica foi como estagiário, alguns anos depois, sabe onde? Na mesma oficina em que o Herbert trabalhava. Mas, nessa oficina ele não permaneceu por tanto tempo. Trabalhou em outras oficinas e logo entrou numa oficina independente especializada da Renault, onde fez cursos e se especializou na marca. Após aproximadamente 5 anos, surgiu a oportunidade de assumir a oficina, então, o Erivaldo que mantinha muito contato com o Herbert, o chamou para serem sócios. Surgiu a Ericar Automecânica, que é uma referência quando o assunto é Renault. Mas... Onde eu entro nessa história? Sabe a oficina que eles aprenderam e iniciaram na profissão? Era a minha oficina - JR Mecância Automotiva – Ver onde chegaram esses “meninos”, é motivo de grande orgulho para mim e, certamente um incentivo para quem está iniciando na profissão.

Bem, agora vamos às avaliações e constatações.

Nós encontramos na ERICAR, um Renault Mégane 1.6 16v, ano 2011 com a correia dentada quebrada. O detalhe é que o proprietário do carro diz ter substituído a correia em outra oficina, havia 6 meses, e o carro só rodou 5.000 km.

Segundo o Erivaldo, “a causa do rompimento da correia se deu por um erro na montagem, o reparador que efetuou a troca, fez a tensão da correia de forma incorreta. Ele tensionou na posição contrária”. Erivaldo afirma que esse problema ocorre com certa frequência devido à falta de conhecimento específico do sistema por parte dos reparadores e pelo uso de tensionador de marca paralela. Pois, no tensionador original vem uma seta indicando o sentido que deve ser girado para tensionar a correia, facilitando a montagem.

Tensionador original - Seta indicativa / Tensionador paralelo – não tem seta indicativa

Nesse caso, a quebra da correia dentada, ocasionou o empenamento das 16 válvulas gerando um custo muito alto para o proprietário, que diz ter perdido a confiança nos profissionais que executaram o serviço anteriormente.

Reinaldo conta que já chegou um Mégane na oficina dele, com a correia dentada quebrada e o veículo estava com 40 mil km originais. “A manutenção desse carro não é difícil, porém, é imprescindível o uso de ferramentas específicas para efetuar a troca da correia dentada, qualquer descuido na hora da montagem pode ser fatal”, afirma Reinaldo.

Esse tipo de ruptura, se dá, por excesso de tensão ou entrada de corpo estranho

Endossando os relatos dos colegas, Gustavo acrescenta: “a quebra da correia dentada é um defeito comum nesse tipo de motor”.

DICAS DOS REPARADORES / MOTOR
Ao trocar a correia dentada, troque também, de forma preventiva, a bomba d’água, porque ela faz parte integrante do sistema.

“Os comandos são exatamente iguais, mas na hora da montagem atente-se aos “frisos” que existem no meio de cada um deles. O comando de escape tem os “frisos” mais separados. E o comando de admissão tem os “frisos” bem juntos um do outro”, alerta Erivaldo.

Marcas nos pistões onde as válvulas bateram, na maioria das vezes, empenam as 16 válvulas

A tensão da correia deve ser feita girando o tensionador no sentido horário (conforme seta indicativa estampada no sensor). Se a tensão da correia for excessiva, a sua quebra prematura será inevitável! Outra consequência do excesso de tensão é o desgaste excessivo no mancal traseiro dos comandos de válvulas, devido à pressão excessiva exercida pela correia sincronizadora.

SISTEMA DE DIREÇÃO
O Mégane utiliza sistema de direção eletroassistida, que funciona da seguinte forma: Um sistema elétrico atua na coluna de direção, minimizando o esforço exigido do motorista. Nesse caso, a caixa de direção é mecânica e, de acordo com o Herbert, o Mégane, frequentemente apresenta folga na caixa de direção por volta dos 50.000 km. A substituição da caixa é uma operação relativamente simples, porém, após a troca é necessária a intervenção de um aparelho específico para a resincronização da direção. “Muitas oficinas nos procuram para efetuar esse ajuste, porque não possuem o aparelho”, ressalta Herbert.

SUSPENSÃO
Diante da experiência do dia a dia, o técnico Erivaldo, avalia a suspensão como intermediária, “não é nem tão frágil, nem tão resistente. Por ser macia, a durabilidade é menor”, diz ele.

Segundo relato dos profissionais que colaboraram conosco nessa matéria, os defeitos comuns na suspensão do Mégane, são o desgaste das buchas de bandeja, folga nos pivôs, braços axiais e terminais de direção. Defeitos fáceis de serem detectados e de fácil reparabilidade. A única recomendação feita pelos especialistas é, utilizar peças originais, pois as paralelas não chegam a durar 20.000 km.

Bandeja substituída por folga excessiva nas buchas e pivô

 

“O coxim superior direito é frágil, quebra direto, mas não apresenta grandes dificuldades para a sua substituição e é facilmente encontrado para compra”, diz Gustavo.

Reinaldo comenta que os proprietários acham os preços das peças originais, bem elevados, e muitas vezes optam por colocarem as peças paralelas de marcas já conhecidas no mercado, mesmo sabendo que poderão durar menos.

FREIOS
O Mégane é equipado com sistema de ABS (AntiBlockerSistem), ou seja, sistema anti bloqueio. Esse sistema evita o travamento das rodas durante freadas bruscas, independentemente do tipo de solo, permitindo a dirigibilidade nas situações de emergência.

Erivaldo afirma que o freio desse modelo é muito eficiente e, ainda não encontrou nenhum defeito de funcionamento do sistema, apenas desgaste natural das peças. No entanto, chama a atenção para um detalhe importante na substituição dos discos de freio - “existe um sensor magnético no próprio disco, se o reparador não conectar esse sensor, a luz do ABS fica acesa e o sistema deixa de funcionar”.

O reparador Gustavo, relata: “existe um defeito frequente que é uma folga nos pinos deslizantes das pinças de freio, ocasionando um barulho como se fosse na suspensão, mas na realidade é um desgaste nos pinos e às vezes nas pinças; o problema maior é que não acha os pinos para reposição, aí tem que trocar a pinça completa”.

Já o reparador Reinaldo, não encontrou problemas frequentes no sistema de freio, “os reparos são por desgaste natural das peças”, afirma ele.

REPARABILIDADE
De modo geral, os técnicos consultados classificam como boa, a reparabilidade do Mégane, porém, com a ressalva de que é imprescindível o uso de ferramentas específicas e conhecimento técnico para a execução dos reparos.

De modo geral, os técnicos consultados classificam como boa, a reparabilidade do Mégane

PEÇAS
Para a aquisição de peças, há um consenso entre todos os reparadores consultados. Primando pela qualidade e durabilidade, eles optam por utilizar a maioria das peças originais, porque as peças que existem no mercado de reposição, chamadas por eles de “paralelas”, possuem qualidade inferior às peças genuínas. No entanto, além do custo elevado, em comparação com outros carros da mesma categoria, eles encontram dificuldade para encontrar algumas peças, a pronta entrega. Esses entraves, somados à necessidade de entregar o carro e/ou por exigência do próprio cliente, obrigam esses experientes técnicos a, muitas vezes, aplicar as peças “paralelas”.

INFORMAÇÃO TÉCNICA
Os reparadores foram unânimes e ao afirmar que não possuem nenhum respaldo técnico por parte da montadora e seus concessionários. Quando precisam de informações técnicas, recorrem aos manuais desenvolvidos por empresas particulares e aos amigos que trabalham dentro das concessionárias.

“Nem mesmo nós que só trabalhamos com essa marca, temos acesso às informações técnicas por parte da Renault. Não fossem os amigos que temos dentro das concessionárias e a internet, estaríamos perdidos”, diz Erivaldo.

INDICA OU NÃO INDICA?
Você indica esse veículo para o cliente comprar? Aqui as opiniões se dividem:

Os técnicos, Herbert, Erivaldo e Gustavo, recomendam esse carro aos seus clientes. Já o Reinaldo, não recomenda. Segundo ele, ao ser questionado sobre o carro, ele aponta a dificuldade de encontrar peças originais, além do alto custo das peças originais e a dificuldade de informação técnica para efetuar os reparos devidos.